Efeitos...

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Eu a chamo

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Eu a chamo.

— Nick?

— Oi, amor... — Ela volta para perto de mim, se abaixa, senta na beira da cama e acaricia meu rosto.

— Fica comigo... Não me abandona, eu não quero morrer sozinho... — Levo minha mão por cima da dela que está em meu rosto.

— Não vou te abandonar e você não vai morrer, para de dizer isso. Vou preparar um lanche rápido, acho que você está febril, é melhor comer para poder tomar o antitérmico caso necessário. Tenta descansar, eu já venho.

— Não vai, fica aqui comigo... — Tento segurá-la quando novamente ela se prepara para levantar.

— Você precisa comer amor, hoje é folga da dona Mirian, minha mãe só vem a noite...

—  Por favor... — Digo sentindo calafrios pelo meu corpo. — Acho que estou morrendo, não quero ficar sozinho... — Lágrimas escorrem pelo meu rosto e Nicole me abraça já chorando.

— Não fala isso, você não vai morrer, está sentindo dor? O que está sentindo?

— Parece que meu corpo está tremendo e formigando, minha boca está seca, e agora comecei a sentir calafrios...

— É efeito da medicação, sabemos que ela pode causar tudo isso, fica calmo, eu estou aqui. — Ela levanta um pouco, sem tirar a mão de mim, pega o celular e digita algo.

— Deita aqui comigo?

— Pronto, deito sim, minha mãe está vindo trazer algo para comermos, depois ela vai buscar a Maitê e ir ao shopping com ela. — Então ela deita de frente para mim e me abraça, minhas lágrimas continuam rolando e ela as seca. — Por favor, não chora...

— Desculpa. — É tudo que digo e ela me dá um beijo, ficamos deitados, e eu paro de chorar, mas me sinto cada vez pior, então fecho meus olhos para tentar dormir, porém não consigo, até que um tempo depois, minha sogra chega.

— Oi filha. Como foi lá? Ele está dormindo? Trouxe sopa, sorvete e chocolate que ele gosta.— Ela sussurra para Nicole, que passa a mão no meu rosto, mas eu permaneço imóvel às ouvindo.

— Acho que está, vou deixar ele descansar mais um pouco, daqui a pouco o acordo para comer, foi bem difícil mãe, o ambiente por si só já trás um grande desconforto, como disse na mensagem, ele está sentindo forte os efeitos do remédio no organismo, a reação veio muito rápido, achei que demoraria mais. — Novamente ela acaricia meu rosto.

— Mas são os efeitos previstos pelo médico, não são?

— Sim, mas acho que senti-los tão rápido, desestabilizou mais ainda ele, estou bem preocupada.

— Mas vocês vinham se preparando, conversaram bastante com o médico, com o psicólogo, isso tudo era esperado, você precisa manter a calma filha, isso vai passar...

— Eu sei mãe, mas penso que Noah se achava mais forte, acredito que ele esperava que fosse demorar a ter alguma reação ou até que nem fosse ter. Estou com medo que ele desista de lutar para ficar bom, está a todo momento dizendo que vai morrer ou que está morrendo... — Percebo a voz dela embargada.

— Calma filha, vamos torcer para que seja apenas impacto ao início do tratamento não ser como ele esperava, e enquanto isso você continua o apoiando, e cuidando dele como está fazendo.

— Eu não posso perde-lo, isso é tão injusto, já perdemos tanto, já sofremos tanto, e agora isso... Eu daria minha vida para que ele não sofresse... - Ela diz chorando e eu desisto de fingir que estou dormindo.

— Eu não quero morrer, não vou desistir, eu prometo. Me desculpa por tudo isso... — Tento levantar, mas uma forte tontura me faz parar e respirar fundo.

— Achei que estava dormindo meu amor, fico muito feliz em ouvir isso, e não se desculpe, não é culpa sua. Vem... Deixa eu te ajudar, vamos comer um pouquinho. — Ela diz enquanto levanta, então se aproxima e me ajuda a ficar sentado e encostado na cabeceira da cama. — Está com febre amor. Precisa comer para tomar um remédio.

— Eu te amo! — A abraço e ela me dá um beijo dizendo que também me ama.

Nicole pega a sopa que minha sogra trouxe e eu consigo tomar um pouco, em seguida ela verifica minha temperatura e me dá um antitérmico, ainda não chegou a 38º, mas está bem perto. Novamente me deito, pedindo que ela fique ao meu lado, mas antes que ela deite, eu acabo vomitando. Com muito esforço eu consigo levantar e com a ajuda e apoio de Nicole tomo um banho, ela liga para o médico, falando da febre e que eu vomitei o remédio, e ele manda ela me observar e caso a temperatura aumente, ir para o hospital. Por fim, nos deitamos, e após algum tempo com ela me acariciando, eu adormeço.

Acordo e percebo que estou sozinho no quarto, sinto náuseas e meu corpo tremendo, resolvo levantar e a sensação de fraqueza e tontura, me fazem parar. Respiro fundo e vou levantando devagar, com muita dificuldade chego ao banheiro e ao sentir a náusea vindo mais forte, me apoio na pia e acabo vomitando ali mesmo, percebo que novamente tem sangue no vômito, me olho no espelho e sem forças para voltar ao quarto, me sento no chão, tentando respirar fundo, mas não resolve e eu acabo deitando, começo a chorar e fico deitado por um momento, logo escuto minha esposa entrando.

—  Amor eu... — ela se abaixa ao me ver no chão. — Noah, fala comigo... — Ela diz pega em meu rosto e eu apenas a olho enquanto choro. —  Noah? Fala alguma coisa, pelo amor de Deus...

— Não consegui voltar para a cama e nem ficar em pé... Estou morrendo... — Falo arrastado, estou me sentindo tão fraco que mal tenho forças até para falar.

— Calma amor. — Ela se levanta e sai do banheiro, mas logo volta com um travesseiro e o ajeita embaixo da minha cabeça, ela novamente levanta, pega a toalha de rosto e se aproximar da pia. Ela molha a toalha e se abaixa limpando meu rosto. — Vou chamar uma ambulância querido, você vomitou sangue, está com febre alta, não vou conseguir te levantar sozinha, mas fica calmo, estou com você.

Novamente ela vai ao quarto, mas volta rápido com o celular na mão, escuto ela ligando para o hospital e em seguida para o meu médico. Ela permanece ao meu lado, até que escutamos a campainha.

— Nick...

— Calma, deve ser a ambulância, vou abrir e já venho. — Ela me interrompe, me dá um beijo e sai.

Quando volta, dois paramédicos entram com ela e enquanto começam a verificar meus sinais vitais, um deles pergunta.

— O senhor consegue nos entender? —Ele pergunta a mim, mas já faz outras perguntas direcionadas a Nicole. — Ele desmaiou? Bateu a cabeça na queda?

— Não sei, já o encontrei no chão, ele falou comigo, disse que não conseguiu voltar para a cama e nem ficar em pé, vi que a febre parece alta e que ele vomitou na pia, tem sangue...

— Certo, o senhor consegue me dizer o que aconteceu? — O paramédico a interrompe e pergunta me olhando.

— Eu me senti fraco e deitei no chão para não cair. — Falo devagar, pois parece que até para mover a língua estou sem forças.

— Certo, nós vamos te erguer então, a maca está ali no quarto.

Eles me erguem e colocam na maca, vejo Nicole pegar a bolsa dela e colocar o celular dentro. Durante o trajeto ela acaricia meu rosto, os paramédicos colocam um acesso e um soro em mim. Chegando no hospital, ao me tirarem da ambulância meu médico já se aproxima da maca.

— Oi Noah, fica tranquilo, vamos te atender, alguns pacientes sentem os efeitos da quimioterapia com mais intensidade mesmo, isso é completamente normal.

Eles entram comigo e Nicole acompanha, sou direcionado para um quarto e após me transferirem da maca para a cama hospitalar, o médico se aproxima e começa a me examinar, Nicole permanece do outro lado da cama, segurando minha mão, até que o médico a olha e diz...

Depois da ChuvaWhere stories live. Discover now