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— O que quer almoçar?

— O que você comer, eu como.

Acabamos de entrar numa das suítes mais luxuosas do Hotel Fasano.

O Motorista dele ainda traz minha mala de viagem e minha mala de mão. Começo a me aproximar dos sofás individuais do quarto, eu já estive nesse hotel em outras circunstâncias, foi em uma festa de casamento de uma conhecida da época de escola.

Ficamos hospedadas duas noites aqui eu e a Lud numa suíte igual a essa, na época me lembro que a Adela casou porque iria se mudar para Europa para estudar lá e formar família com o noivo em Portugal, me lembro que estava de férias da faculdade e vim ao Brasil para o casamento dela.

Começo a tirar os sapatos de cor beje, escolhi um vestido beje de alcinhas bem-comportado, acho que a última vez que vesti esse vestido foi há uns três anos quando fui a uma festa na casa dos pais da Lud, foi logo quando eu voltei a morar no apartamento que meu pai me cedeu.

Me lembro que foi como retornar de todas as formas para uma vida que eu tive por anos e abri mão, não durou muito porque um ano depois descobrimos a doença do meu pai, mas foi muito bom estar com todas as pessoas que fizeram parte da minha vida antes das minhas decisões ruins.

Acho que estou aliviada por não ter nenhum fotógrafo na porta do hotel, mas estou ainda mais aliviada por ter descido do carro já dentro do estacionamento, longe dos olhos de qualquer pessoa.

Não me maquiei muito, passei uma cobertura suave de pó e blush, uma camada leve de batom mate e máscara para cílios, eu não me sentia tão motivada e acho que Alexander Alcântara sabe disso.

Agora só porque ele me chamou de boca de cavala eu vou continuar a apelidar ele de boca de fumo podre.

— Algo mais senhor? — questiona seu motorista.

É ruivo, tem olhos azuis claros, não muito alto, porém aspira segurança, mas tenho dó de ver esse coitado de terno todo empacotado, hoje o dia está mais abafado.

— Não, se eu precisar te chamo Olsen.

— Muito obrigada por trazer minhas malas, Olsen. — digo e sorrio para ele.

O homem vai ficando vermelho até as orelhas e dá um sorriso sem jeito, logo noto que o outro tenta coagi-lo e ele dá meia volta e sai do quarto fechando a porta atrás de si.

— Eu já notei que você só sorri quando quer, não irei mais te chamar de sorriso de cavala.

Isso seria engraçado... seria se não fosse você falando.

— Pelo ou menos eu sei sorrir.

— Quer falar sobre seu momento no carro?

— Não.

Puxo a saia do vestido para o lado e me encosto no sofá tentando esconder qualquer emoção que seja. Ok, odeio perder o controle, mas odeio mais a sensação de que estou indefesa.

Ainda mais com um homem desse tamanho por perto.

— Você não quer o casamento tanto quanto eu, mas fiz um juramento e uma promessa ao seu pai também.

Ouvir isso não me conforta, mas admito que ele é corajoso porque parece muito sincero.

O vejo se sentar no sofá ao lado do meu todo mal-encarado, ele usa uma calça social de cor preta e uma camisa social de cor azul clara, as mangas cumpridas estão dobradas, o relógio caro no pulso e noto os vestígios de um colar no pescoço.

Ah, acho brega homem com colar no pescoço, não sei porque.

— Eu não sou apto a bater em mulher, mas se não notou, havia uma viatura da polícia no sinaleiro e você estava sem cinto.

Fico dura no meu sofá engolindo a onda de constrangimento que é ter o dono da razão me encarando nesse exato momento.

— Precisava ser bruto? — é o meu argumento.

— Rachel, eu não fui bruto! — retruca secamente. — Só iria te puxar.

— Pois não foi isso que pareceu — replico ainda mantendo minha pose.

— Não irei me desculpar por ter tentado te puxar para o banco — argumenta ele e me lança um olhar severo. — Podemos falar de coisas mais importantes?

— Claro.

Acho que estou aliviada demais por ele não questionar porque reagi tão mal, eu não devo satisfação da minha vida para ele e falar sobre aquele ser humano nojento ainda é algo complicado para mim.

— Primeiro gostaria de te atualizar sobre a Sacramento, eu vou enviar todos os relatórios para você para que acompanhe, se tiver dúvidas peça ao Soares que esclareça tudo com você, ok? — e me lança outro olhar sério.

Ele é sério e sistemático, mas isso é tão correto que me faz sentir esse ar de confiança vindo dele de repente.

— Tudo bem.

— Em segundo lugar embarcaremos para San Diego amanhã, esteja pronta as 07:30 da manhã. Chegaremos por volta das 16:00 horário local de lá. — avisa. — Seus pertences já foram enviados tudo será colocado em um quarto só seu.

Sufoco minha surpresa em ouvir isso, não dividiremos o quarto, contudo, bem, é uma conveniência. Um acordo e não um casamento de verdade.

— Precisarei ir até a Sacramento agora resolver algumas coisas, peça o que desejar e fique à vontade para consumir o que quiser, só não saia sem me avisar antes, ok?

Dei meu número ao advogado dele alertando-o sobre a troca, bem, antes não sei se tinha, mas só de saber que ele vai sair agora e que poderei ficar sozinha já é de grande ajuda.

— Está bem.

— Nos falamos mais tarde.

— Ok.



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Prometida Ao BilionárioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora