Pontos Fantasmas. (Capítulo 11)

308 31 8
                                    

Boa leitura, pessoal, espero que gostem. Qualquer dúvida sobre a história, me perguntem nos comentários, que aliás, COMENTEM O QUE ESTÃO ACHANDO. Obrigada pela atenção.

Dia da cerimônia.

Camila foi acordada mais cedo pelo barulho de batidas na porta, era a estilista que a ajudaria nos reajustes do vestido. Sua aparência não era uma das melhores, seu cabelo estava bagunçado, seus olhos inchados de tanto chorar e ainda tinha olheiras, por conta da noite mal dormida. Se sentia um trapo em pessoa.

Um pouco depois, Clara apareceu no salão em que Camila estava se arrumando, iria seguir a tradição italiana (a noiva compra o vestido junto com a mãe do noivo e todos esses seguimentos de estética). Diferente do normal, Clara tinha uma expressão diferente no rosto, não parecia que estava tão empolgada quanto antes. Parecia triste.

—Está tudo bem? — Camila perguntou, reconhecendo que a mulher estava diferente.

— Sim, querida. Só estou um pouco triste. — Clara respondeu.

Camila estava provando um vestido branco, com detalhe e de corações simples, entretanto, muito lindo. A estilista estava usando alfinetes como apoio, para poder se assegurar de reparar os últimos detalhes.

— Aconteceu algo? — perguntou a mais velha.

Clara a encarou desconsolada, respirou fundo e tirou uma carta do bolso do sobretudo.

— Ela deixou uma para mim e outra para você. — Contou, entregando o envelope nas mãos de Camila. — Era para ser entregue mais tarde, depois do casamento, mas acredito que você deveria repensar se realmente deseja se casar com meu filho. Querida, eu estou ficando velha... não boba, conheço Lauren como a palma da minha mão. Eu vi a diferença entre o jeito que se olhavam, até quando se cumprimentavam formalmente exalavam paixão. Marcos também notou a diferença, mas preferiu não comentar nada. Só quero dizer, que deveria ser feliz, independentemente de como, ou com quem seja.

Camila engoliu em seco, sentindo sua garganta travar. Estava segurando o choro, quando abriu o envelope em suas mãos.

"Querida, Camila. Estaria sendo tola se dissesse que não senti nada, de alguma forma, se torna inevitável não se apaixonar por você, lamento não te dizer isso pessoalmente. O tempo não é generoso, ele segue a lei com suas normas, ações geram consequências e a minha, talvez, foi ter te encontrado. Quem sabe algum dia eu te veja de novo. Estou indo embora e te deixo um poema, que talvez não condiga muito, mas que fará sentido.

Será mesmo que o tempo é certo?
É, o nosso tempo, aquele que tem sido ausente, mas o responsável da existência do "nós"
Você, eu, nós...
É ele, o responsável. O tempo.
Como pode, você ser seu meu sol e eu não ter direito a minhas férias de verão?
O tempo é nosso responsável, e a distância, nossa inimiga.
Não há vontade que dê jeito, é no tempo dele, na culpa dela; a distância.

Adeus, senhorita. Sentirei sua falta para sempre."

Com os olhos cheios d'água, Camila direcionou o olhar para Clara, que observava calada a outra mulher.

— Ela acabou de ir para estação, acho que ainda dar tempo de se despedir. — Clara disse, com pena. — Posso levá-la no carro, querida. O trem demora para partir.

Camila concordou e as duas saíram do salão às pressas, tomando cuidado para não arrastar o vestido no chão. Para sua sorte, aquele modelo era provisório, a estilista gostava de fazer assim: um para provar e outro para usar. O que era perfeito para situação, a mulher era desastrada demais para não sujar. E mesmo com toda sua vontade de chegar logo, as duas não chegaram a tempo, o trem havia partido.

O Céu Na Terra Onde histórias criam vida. Descubra agora