Distorção Mnemônica

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Meu nome é John, um renomado neurocientista dedicado a explorar as profundezas da mente humana. Minha jornada começou com uma curiosidade insaciável, uma sede de compreender o que reside nas entranhas do cérebro humano. Para isso, fui pioneiro na criação de uma máquina inovadora, o Neurosonho, um dispositivo sinistro que prometia desvendar os abismos mais obscuros da psique. Não era algo tão grandioso como as explorações do espaço, com suas naves avançadas e ondas eletromagnéticas de comunicação, meu projeto era mais direto, eu buscava enviar mensagens...diretamente ao cérebro! Como um telegrama de pensamentos.

Inicialmente, meu propósito era utilizar o Neurosonho como uma fuga da realidade, uma forma de permitir às pessoas encontrar refúgio longe dos conflitos que atormentavam o mundo. No entanto, algo sinistro aconteceu.

Nossos voluntários adentravam a máquina, animados com a perspectiva de um mundo imaginário onde o sofrimento da realidade pudesse ser deixado para trás. Mas, logo ficou claro que algo estava errado. Os voluntários emergiam das simulações com olhares vazios e expressões de horror. Alegavam que o Neurosonho desenterrava memórias dolorosas e traumas profundos, projetando-os em imagens aterrorizantes de eventos e pessoas do passado. Com o tempo, a fronteira entre realidade e ilusão parecia estreitar-se para eles.

O pior pesadelo se desenrolou quando as cobaias começaram a desaparecer misteriosamente do laboratorio. Nossas gravações tornaram-se inúteis nos momentos críticos, estando todas corrompidas, justamente quando precisávamos entender o que estava acontecendo. O laboratório transformou-se em um palco sombrio, com as vozes dos voluntarios restantes atormentados ecoando pelas paredes e alimentando a atmosfera aterrorizante que me atormentava todas as noites no dormitorio.

Consciente de que algo terrível estava acontecendo, decidi abortar os testes com os voluntários e entrar no Neurosonho por conta própria. Programei o computador para registrar meus pensamentos e experiências, mergulhando na máquina em busca da fonte desse pesadelo que eu mesmo havia criado.

O que experimentei foi um pesadelo vivo, um mundo distorcido de sombras e escuridão. Uma cidade sombria emergiu diante de mim, lembrando as memórias perturbadas dos voluntários. À medida que adentrava o ambiente, percebi que o caminho atrás de mim se distorcia, criando novas realidades, cheias de temas envolvendo guerras e aliens. Sons de risadas infantis e risos ecoavam, misturados aos sons de dor e agonia.

Avancei, minha casa de infância erguendo-se diante de mim, familiar e assustadora ao mesmo tempo. Ao explorar a casa, percebi que a linha entre realidade e ilusão havia desaparecido. Meus próprios traumas e memórias assombravam cada canto da casa. Logo, encontrei um ser estranho, uma réplica perfeita de mim mesmo na infância, com meus olhos inocentes fixos em mim.

Minha mente vacilou quando o fantasma da criança se aproximou. Eu queria fugir, mas estava paralisado, incapaz de desviar o olhar. O encontro me fez cair e perder a consciência.

Quando acordei, estava de volta ao laboratório. Os equipamentos do Neurosonho operavam em pleno funcionamento, mas o registro que deveria conter minhas experiências estava ilegível. Alguma falha havia ocorrido, tornando impossível descobrir o que aconteceu dentro da máquina.

Tirei meu capacete e os equipamentos, desliguei a máquina e decidi sair do laboratório. Entretanto, ao caminhar pelos corredores, percebi algo estranho.

O ambiente atrás de mim estava se distorcendo.

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Disco rígido cheio, a simulação será pausada até a limpeza ser executada.

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⏰ Last updated: Oct 17, 2023 ⏰

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