O Desconhecido

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Meu nome é Alex, e escrevo estas palavras em um diário que encontrei há algum tempo. Se alguém, em algum momento, encontrar estas palavras, saiba que estou documentando os eventos terríveis que ocorrem em busca de algum sentido ou explicação, e para alertar sobre os horrores que acontecem lá fora, além deste abrigo subterrâneo.

Caminho por um mundo que já não se assemelha àquele que um dia conheci. Décadas se passaram desde que a civilização foi engolida pelo caos, quando as leis deixaram de ter significado. O que resta agora é uma luta brutal pela sobrevivência. As cidades estão reduzidas a escombros, a esperança se esvaiu e a violência é o único idioma que conhecemos. Não há lugar para os fracos, apenas para aqueles com coragem, armas no gatilho e olhos ágeis.

Hoje, encontrei um abrigo subterrâneo, um vestígio de um passado distante que mal consigo lembrar. Entrei nele sem saber o que encontraria, e o que encontrei era uma cena que se tornou comum nestes tempos sombrios. Alguém estava caído no chão, seus olhos fixos no teto. Ao seu lado, repousava uma pistola, a provável causa de sua morte, dado o buraco sangrento em sua cabeça. E ali estava, como se saísse de um livro de historia, uma máquina de comunicação estranha e misteriosa, parecia um tipo de telegrama, mas isso era impossível, afinal, essas maquinas são extremamente antigas! Se for, isso é raro, muito mesmo, mal temos telefones, imagine uma máquina de comunicação desta! Mas eu não sabia o que fazer com aquilo, então continuei explorando o bunker.

Em outra sala, deparei-me com uma série de anotações rasgadas, algumas quase ilegíveis, escritas por alguém que já não estava mais ali. As palavras eram uma mistura de medo e paranoia, mencionando ameaças invisíveis, bombas gigantescas, gás que pode matar e alienígenas hostis visitando seus sonhos.

Após ler tudo, guardei os papeis em minha bolsa e fui explorar o resto do abrigo, achei uma sala com alguns suprimentos estocados e após garantir que eles ainda estavam bons, inseri eles na minha bolsa e continuei a explorar, em outra sala, deparei-me com dois buracos, um do tamanho de uma criança, o outro de um adulto. Uma cruz solitária estava fincada ao lado, mas o nome nas lápides estava ilegível, mesmo assim, desejei paz a quem quer que tenham sido. A curiosidade então me dominou, e decidi mexer no estranho telegrama que encontei posteriormente, e isso foi um erro.

Uma explosão ensurdecedora ocorreu do lado de fora e na maquina ao mesmo tempo, lançando-me ao chão. Minha visão turvou, e perdi a consciência por um período indeterminado. Quando recuperei os sentidos, o abrigo estava em silêncio, as anotações de quem quer que as tenha escrito haviam desaparecido, assim como o corpo do sujeito morto, as covas e sua maquina, eu estava completamente sozinho. A sensação de isolamento era avassaladora e meu medo crescia incontrolavelmente.

Decidi arriscar a saída do abrigo, com a esperança de encontrar respostas ou qualquer vestígio de vida. No entanto, deparei-me com um pesadelo absoluto. As ruas estavam desertas, os céus estavam claros como sangue e os edifícios, meras carcaças vazias. Ao adentrar uma das casas, deparei-me com corpos brutalmente mutilados, marcados por feridas inexplicáveis. Nada do que testemunhava fazia sentido, nenhuma criatura selvagem justificaria tamanha carnificina. Como alguém que cresceu aqui, posso afirmar com certeza que algo terrível aconteceu.

Enquanto eu explorava a cena horrível, ouvi outro estrondo terrível nos céus, junto a uma sombra. Olhei para cima, apavorado, e vi algo que desafiava toda a minha crença. Uma série de espaçonaves, diferentes de tudo que eu já vi, pairava sobre mim. Meu coração disparou, e meu instinto gritou para que eu retornasse ao abrigo, enquanto o fazia, notei que seres com formas não humanas entravam nas casas próximas, como se soubessem que eu estava por lá, como se estivessem me procurando, eles eram medonhos, nada parecidos com qualquer coisa que já vi antes.

Agora me encontro aqui, enclausurado neste abrigo, enquanto essas naves alienígenas sobrevoam o que já foi meu planeta. Estou escrevendo estas palavras na esperança de que alguém, de alguma forma, possa compreender o que aconteceu e não se arriscar saindo deste bunker. Não sei se estou preso em um universo alternativo, se esses alienígenas foram a causa da devastação ou se tudo isso é uma manifestação da minha própria insanidade.

Tudo que sei é que este abrigo é o meu único refúgio, talvez eu esteja seguro aqui, o problema é que este diário está quase sem páginas em branco, e minha situação se torna mais desesperadora a cada minuto que passa. Se eu não puder sair daqui, duvido muito que manterei minha mente sã. Então se eu não sobreviver a isso, e alguém um dia encontrar estas palavras, saiba que lutarei para encontrar respostas, para desvendar os mistérios desse mundo alternativo. E se eu conseguir sair daqui, se encontrar um meio de retornar ao meu mundo de origem, prometo que lutarei para sobreviver e para que outros compreendam os horrores que os aguardam lá fora.

Meu nome é Alex e nós não estamos sozinhos.

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