Capítulo 2 - Miller

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  O lado de fora está um caos, guardas correm por todos os lados, carregando pistolas e ou espadas.

  Ao longe, um soldado está encurralado na parede, sua espada está jogada no chão, um homem de cabelos pretos com uma bandana dourada na cabeça aponta uma adaga para seu pescoço e grita alguma pergunta que o guarda não responde.

  Corro em direção a eles, quando chego perto o suficiente, consigo ouvir o que o rebelde pergunta:

- Onde está o rei ?!

- Não sei - Responde o guarda esticando o pescoço ao máximo para a adaga não o cortar

  Discretamente coloquei minha espada no chão e pulei em cima do rapaz, jogando-o no chão, o imobilizei e soquei seu rosto. Depois de alguns golpes, minha mão lateja, mas o melado vermelho escorre do nariz do rebelde. Ao meu lado, o soldado já está pronto para outra rodada.

  Me ponho de pé, de imediato o guarda agarra o homem, vira ele de barriga para baixo e o algema

- Leve-o para as masmorras - Ordeno

- Na-na-ni-na-não - Diz uma voz feminina - Hoje não

  Me viro na direção da voz, uma moça de cabelos castanhos médios anda em minha direção, ela gira entre seus dedos uma espada de cabo fino. Diferente de seu amigo, a bandana dela não está na cabeça, está amarrada em seu pulso. A garota começou a correr em minha direção, peguei uma espada do chão e me posicionei para a luta.

  Nossas lâminas tilintam ao se chocarem. Ela luta muito bem, segura sua espada com apenas uma mão, assim como eu, e defende todos os meus golpes. Eu estava me sentindo em um duelo, o que basicamente é verdade.

- Você luta muito bem - Comentei enquanto batemos as espadas prateadas

- Queria poder dizer o mesmo - Ela parecia entediada, mas a chama da vontade de lutar era visível em seus olhos castanhos claros

  Faz tempo que os rebeldes invadem o castelo, só que ninguém sabe o por quê. Eles entram e saem sem levar nada - pelo menos nunca nos demos por falta de nada -, eles só perguntam pelo rei, apagam alguns guardas e de repente vão embora. Nunca conseguimos capturar nenhum deles, todos que entram conseguem sair.

  Como os rebeldes nunca fizeram nada de mais, meu tio nunca se preocupou em perder tempo tentando descobrir o que eles querem ou procurá-los. Mas eu os temo. Temo que eles decidam mexer com minha família. Preciso fazer alguma coisa, se eu não fizer, quem vai fazer?

- Você daria uma ótima soldada - Meus olhos correm por sua estrutura esbelta- E ficaria linda em uma farda - Um sorriso de canto brota em meu rosto, ela revira os olhos

- Claro , porque metade do seu exército é de mulheres - Diz - Você está me cantando, vossa idiotice real ? - Ela abre um sorriso debochado

- Longe de mim fazer isso

- Ok, ok. Vamos parar com esse joguinho, tenho mais o que fazer - Ela revira os olhos

  Antes que eu possa falar qualquer coisa, ela me acerta na palma da mão, automaticamente solto a espada e chacoalho a mão como se a dor fosse voar longe.

- Doeu, né ? Essa dor não deve chegar nem perto da dor que meu amigo deve estar sentindo - Ela aponta com o queixo para o rapaz que o guarda ainda segura, depois se volta para mim e aponta a espada no meu pescoço, ergo as mãos, demonstrando rendição

- Solta ele - ordena ela

- Solte-o - Ordenei ao soldado que me olhava perguntando o que fazer , ele obedeceu embora parecesse confuso

- Corre , e avisa todos para saírem - Ela diz para o companheiro

  O garoto disparou pelo corredor, a rebelde espera o amigo sumir para abaixar a espada e começar a correr atrás dele. O guarda ameaça persegui-la, mas agarrei seu braço o impedindo.

- Deixe-os - As sobrancelhas do soldado se uniram , ele me encarou , a pergunta estampada em sua testa "ficou doido ?"- Vá ver se alguém se feriu

  O guarda assentiu e foi pro lado ao contrário dos rebeldes.

★★★★★★

  Fui direto para a enfermaria do palácio, não encontrei nenhum rebelde no caminho. A enfermaria estava vazia, todos devem estar saindo dos esconderijos agora.

  Me olhei no espelho que ficava ao lado da porta , no meu pescoço um caminho vermelho entra para dentro da minha camiseta, passo o dedo no início do traço, um sorriso brota no meu rosto ao perceber que ela me furou com a espada.

  Por que raios eu tô sorrindo? Ela me cortou, me cortou e ainda me chamou de "vossa idiotice real".

  Lavo minha mão machucada e espirro algo que encontrei no carrinho de medicamentos - pelo que li na bula , serve para não infeccionar - e enrolo um esparadrapo no corte.

  Guardas e criados já voltaram a transitar, provavelmente vendo o estrago que os rebeldes fizeram - ou não fizeram -. Até agora ninguém veio para a enfermaria, então ninguém se feriu.

- Miller! - Me viro para a porta a tempo de ver minha mãe passar correndo

- Tô aqui, mãe - Digo indo atrás dela, ela se vira para mim , seus ombros relaxam hora que me vê em tacta.

  Ela vem em minha direção, eu a abraço. Mamãe é mais baixa que eu, mas é devido aos meus famosos 1,80 da família Revuelta

- Você está bem, querido ? - Perguntou ela segurando minhas bochechas e me examinando

- Sim - Respondo - E com a senhora ? E com a Keyse?

- Estamos bem - Assegura ela

- Ótimo - pego a mão de minha mãe e coloco no interior do meu braço - Minha mãe me acompanharia em um chá?

- Claro, querido.

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