Capítulo 8: O Conselho Mundial

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Jordan

Umas batidas na porta eram o sinal do aviso. Quando abriram rapidamente evitaram me olhar nos olhos. O último dos copeiros que passou por aquela porta e me encarou levou uma bala no meio da boca. Foi um transtorno enorme para limpar o sangue do carpete. — Senhor Jordan. Visitas. — Um deles se pronunciou.

Retirei os pés da mesa, e virei a cadeira para o interior da sala. Infelizmente teria de perder o pôr-do-sol.

Eles chegaram. Com uma presença física que sobrepuja qualquer sensação mágica. Eram magos, óbvio, mas diferente de qualquer novato graduado da faculdade. O poder deles não precisava ser sentido.

Os copeiros fecharam as portas, e as seis sombras se escondiam no escuro da sala.

— Você disse que nos aguardava antes de tomar a ação de acionar as bombas. — O mais alto reclamou. Ele saiu das sombras, e foi para a lateral direita, onde tocou no meu bar sem permissão. Serviu a si um copo de whisky.

Ele tinha cabelos loiros espetados, e um olho azul imersivo. Parecia um homem sério, que nunca havia sorrido na vida.

— Ele me insultou. — Respondi. — Tive de fazer algo.

— As bombas fizeram estrago. — Uma moça de cabelos pretos longos veio sentar-se em minha mesa. A franja dela tapava um dos olhos. — O rapaz é poderoso, mas não foi capaz de proteger a cidade de todos os mísseis.

— Alguns corpos vão precisar cair, caso a gente queira impedi-lo. — Abri a gaveta próxima ao meu abdômen, para poder puxar um charuto. O acendi. — Alemanha e Itália já mostraram seus descontentamentos. Acredito que China, Gales, Inglaterra e Rússia também têm algo a dizer?

China. Tipificada pela sua estética, balançou a cabeça enquanto ia até o bar pegar um copo de whisky para si. Ela sorriu para mim, mas fez movimentos negativos com o rosto. — Eu não me importo com o que esteja sendo feito. O real motivo do interesse dessa guerra de vocês é que o Brasil não é mais uma colônia de exploração. — Estendeu para mim o copo servido. — Depois que eles pagarem pelos crimes. Vocês pagaram pelos seus.

Uma ameaça. China nunca foi aliada minha. E digo isso tanto do país, quanto da maga. Os outros se assentaram nas poltronas, e ficaram quietos por um instante. Os magos mais poderosos de cada um dos países apresentados chegaram a nós. Outros menores não quiseram se envolver por hora.

Gales. Com seu cabelo vermelho e dread despenteado jogou para Inglaterra um disco de holograma. Ela deu o artefato para mim. Assim que apertei o botão próximo ao polegar para acioná-lo, um texto se formou na frente dos meus olhos.

— Slaafs reis? — Questionei em voz alta. — Eu pensei que isso fosse mitologia da faculdade.

— A gente estuda isso desde o fundamental. — Gales alertou. — Para Europa o medo dessas criaturas é tão real quanto a fome.

— Devíamos ter pego os olhos do imperador logo. Mas essa merda de boa vizinhança política ficou embarreirando o processo. — Alemanha cuspiu as palavras.

— E ia ficar com quem? Vocês? — China debochou. — A última vez que vocês se consideraram superiores deu uma merda do caralho.

— Vadia...

— Ei! — Aumentei o tom. — Se acalmem... — Puxei um trago do charuto. — Heliel é da família Grozny... É sobre ele o assunto de agora.

— Foi ele que matou o Caleb? — Inglaterra questionou.

— Não, foi o Ivan.

— Aquele maldito espertinho...

— Pelo que vi ele tem agora os olhos do Imperador. Então pode criar e remodelar toda e qualquer forma de magia. Basicamente um grimório em branco nas mãos de uma criança criativa. — Alemanha me ofertou um copo de Whisky.

Eu peguei, e agradeci em tom baixo.

— Ele agora é praticamente um Deus. Mas ainda é capaz de sangrar — Inglaterra tomou a palavra. — Não é ele que é nosso empecilho agora. São os reis. Cada Slaaf era considerado um Deus em tempos mesopotâmicos. Criados a partir dos anseios humanos. São muito mais poderosos do que imaginamos.

— Ainda sim. Somos capazes de enfrentá-los... — China afirmou.

— A questão é... Sem destruir o Brasil? — Perguntei.

— Não. — Gales respondeu. — Aquele país precisa afundar junto com eles.

Uma pressão mágica surgiu do lado externo do salão. Algo que chamou nossa atenção. Era um tipo de magia que ninguém ali havia sentido. "Uma ameaça?" Olhei para fora da janela. O sol não estava mais no horizonte, apenas a escuridão da noite. Um alarme estridente começou a tocar por toda Casa Branca.

Heliel, estava nos gramados. Sangrava pelos braços, e pela testa. Não parecia ter feridas que ele não pudesse curar. "Não. Ele veio embebido de raiva."

— JORDAN! — Gritou por meu nome.

Ele me achou na janela.

— Um presentinho para você. — Uma fenda se abriu nos céus. Era um portal, que trazia consigo alguns dos mísseis que ele conseguiu evitar. — Arrombado.

A barreira de proteção da Casa Branca não conseguiria aguentar o meu poder. Assim que os mísseis se chocaram com o concreto, a destruição começou. As explosões alardearam. Alemanha criou um portal para que fôssemos embora. — Não se importa com o presidente? — Ele me questionou.

— Eu sou o presidente. Vamos.

A Casa Branca foi destruída, na frente do anjo Heliel.

DEUSES DE SANGUE - VOLUME 2Onde histórias criam vida. Descubra agora