15° Capítulo

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Cheguei na clínica e já fui batendo meu ponto, voltei de férias de um e nem curti nadinha, agora é só porradeiro, vou focar no mei job e na faculdade.
Pamela: A mais querida voltou hein caralho!!!
Povo fez festa para mim com direito a café da manhã, aff amo essa gente toda de coração, mas vou pedir as contas logo menos, dá mais não, atrasa muito o salário trabalhar por cooperativa.

Comecei a trabalhar e estava focada no que fazia para à hora passar o mais rápido possível, não vejo a hora de sair daqui, e o babado são às 24h que vou bancar depois daqui.
Deu minha hora e partiu, quando eu ficar rica meu amor, ninguém vai me segurar nessa porra, haverá sinais e como!!!

Emergência um caos, enfermaria lotada, tinha um comboio em custódia já e eu não gosto dessas alas não, é cada beô que olha... Verifico a febre de um dos preso e bateu 39.5, ele precisa retirar uma bala no ombro e no momento estamos sem cirurgião, vai penar, coitado! Fiz o que podia fazer por ele medicando-o e saí de lá. As pessoas podendo facilitar, mas não, preferem caçar problema...

Era pra lá da madrugada, estava de papinho furado com outras enfermeiras quando resolvi ir no banheiro e logo voltei na enfermaria pude ver de longe um pm abrindo a algema do paciente Douglas de Santana, o menino estava dormindo, achei estranho pois nunca abrem assim sem nem nos avisar, fiquei de butuca assistindo e meu coração acelerou fortão, alguma coisa foi tramada ou eu estou maluca... Quando ele ia se virando eu me escondi e assim que o polícia saiu eu o acordei.
Pamela: Ei, ei! -Digo cutucando e ele nada de acordar- Menino, acorda!!!
Ele reagiu, uma enfermeira apareceu e me ajudou.
— Pamela, o que houve?
Pamela: Só me ajuda a tirar ele daqui logo.
— Me ajuda doutora, me tira daqui, eles vão me matar... Te dou quanto tu quiser pô, depois, só brotar na minha no JT.
Pamela: Eu não quero nada não, só te tirar daqui.
— Eu não posso rodar nega, me tira daqui desse hospital com todo respeito.
Pamela: Eu não posso fazer isso, o máximo que pude eu fiz.
Levamos ele com ele ainda meio inconsciente, muita febre o deixou assim. Mudei ele de andar e o joguei lá para a maternidade com ajuda da cadeira de rodas.
Pamela: Mana, preciso de você... Ajuda esse menino, arruma uma transferência para esse rapaz urgente, eu já te mando o prontuário dele.
— Pamela do céu... O que houve, mulher?
Pamela: Não sei ainda, mas eu vou descobrir.

Voltei para o meu plantão com os nervos a flor da pele, com medo do que podia acontecer.
— Cade o paciente que estava na maca 05?
Pamela: O policial o levou. -minto na cara dura.
— Ué, sem prescrever, nem avisar? —indaga desconfiada.
Pamela: Achei estranho, fui cochilar e quando voltei já não estava mais.
Não tem câmera mesmo, que se foda!!!

Enquanto ela me questionava só vimos um comboio de três homens entrando encapuzado nos rendendo, pistolão na cara, metendo um terrorzinho básico procurando um tal de Dg.
Pamela: Olha só menino, nós estamos trabalhando, aqui está cheio de polícia... -Digo rápido, um pouco nervosa; quem tem cool tem medo!
— Se o maluco não aparecer, vai morrer geral pô, só isso.
Pamela: Então um infelizmente a gente vai cufar. -desdenho.
Procuraram bastante e nada, foram embora e só então apareceu alguma segurança.

Dentro de um hospital tem mais gente safada do que na pista, se tu olhar para o lado todos são suspeitos de algo, é uma coisa horrorosa; a gente vem fazer plantão e não sabe se volta.

Metade do dia já tinha passado e eu estava deitadinha com as pernas para o alto, de papinho furado e rindo dessa última abordagem de vagabundo e lembrei do tal do Dg, mandei msg para a menina e saber o que foi resolvido.

WhatsApp Messenger// Luziana enfermeira safada 💟

"Fala loira"
"Só me arruma pica tu hein pqp"
"Tive que dar a fuga do mavambo"
Eu: Garotaaaaa. Tu é maluca???
"Queimei o prontuário junto com a de 200 que ele deixou aqui quando foi na ambulância"
Eu: Caraaaa, tu n bate muito bem não.
Eu: Que piroca!
"Bora, vem, vou ali na ruazinha f1"
Eu: Ah, to deitada aqui mirmã
"Emergência lotada e vocês de perna pro ar?
Eu: Mereço né?! Depois de hj...
"Anda Pam, tenho um babado pra te contar"

Levantei e fui me ajeitando, guardei meu estetoscópio e fui ao encontro dela fora do hospital.
Luziana: Ih bicha, nem te conto... -comenta caminhando, fumando aquela porra fedida.
Pamela: Conta sim.
Luziana: O bofe perguntou se tu fumava né, e eu disse que não e que tu não suportava essas coisas, daí ele disse que depois te dava a tua parte na recompensa.
Pamela: Cruz credo, tá maluco!
Luziana: E ele foi com a bala no corpo menina, ah não ia ficar com ele lá não, botei pra ir como se fosse marido da mãezinha de trigêmeos e como ela está num acompanhamento babado, a ambulância do cegonha teve que leva-la.
Pamela: Vocês são muito truqueiras.
Luziana: Culpa da senhora.
Pamela: Ele ia morrer amiga, iam matar ele.
Luziana: Cuidado nega, o sistema é perverso demais quando o assunto é traficantes.
Pamela: Problema deles, no meu plantão não morre ninguém!

Eu sempre bato nessa tecla, e vou bater 1k vezes.

Reinei mais um pouco e me enxotaram para a enfermaria, fiz a medicação de uns paciente e logo deu minha hora, bati meu ponto, catei minha coisas e estava me ajeitando quando a enfermeira chefe entrou no vestiário.
— Eu sei que você ajudou aquele detento.
Pamela: Eu? Sim, o ajudei. -confesso- Dei a medicação devida, antes do pm o leva-lo.
— Sonsa! O rapaz fugiu e só não vão anunciar isso porque o prontuário desapareceu e vai alarmar muito para o hospital e vocês iriam se foder, você e o plantão todo; perder seu coren por merda...
Pamela: E eu tenho culpa agora? Culpado é quem abriu a algema, infelizmente não tenho as chaves; sou quase uma enfermeira e não policial, inclusive tenho pavor dessa raça. -Falo mesmo.
— Pamela, não entra no caminho desses pm... Não se mete nas merda que fazem.
Pamela: Não quero entrar no caminho de ninguém, apenas fiz o meu serviço e com licença que meu plantão acabou, graças a Deus.
Saí de lá deixando ela sozinha, não vem não puta, me erra!
Foda-se! São ceifadores de vidas e não estão nem aí, não é possível que o dever desses cara é só matar, matar e matar?

Peguei meu celular dentro do ônibus e tinha msg do Alisson, dizendo que pegou a Agatha e que estavam em casa me mandou até uma fotinha deles, graças a Deus!!

Assim que cheguei em casa só fiz tomar um bom banho e deitar na minha cama, só quero descansar, tô pra mais de 30h acordada. Vida difícil e mesmo assim vão dizer que foi fácil.

Por volta das 11h da manhã acordei com meu celular tocando infinitamente, era Kacau.

Início de ligação
Pamela: Fala puta.
Kacau: Bom dia, doutora! Ta viva?
Pamela: Morri mas passo bem.
Kacau: Sua cachorra está preocupada,  chorando aqui.
Pamela: Num brinca, sério?
Kacau: Juro, vê o vídeo que te mandei.
Pamela: Já vou aí buscar ela, obrigada filha.
Fim de ligação

Me levantei trocando as roupas de cama e pondo a máquina para bater, em seguida fui tomar um banho e fiquei chorosa, tadinha da minha doguinha, é muito triste a ausência... Bicho sente tudo também inclusive falta, ela me completa d+++ e eu sou tão pouco para minha bichinha, quase não dou atenção devida, ela não curte a casinha dela direito por conta da minha rotina maluca... Chorei tanto nesse banho sentindo uma culpa e misturou com a saudade do meu irmão, embalou na falta da minha mãe. . . O dia nem começou e já acabou para mim.

LINHA DE FRENTE - DO MORRO 🩺💥🤍💉Onde as histórias ganham vida. Descobre agora