Fábio

6 0 0
                                    

Os dois já tinham se visto umas duas ou três vezes. Não eram, exatamente, amigos chegados. Mesmo assim, Fábio, ao perceber que alguma coisa estava errada, segurou Zuri pelo braço e perguntou: "Tudo bem com você?". Ela virou-se e, vendo quem era, respondeu: "Sim! Está tudo bem sim!" Ao passo que o rapaz redarguiu: "Então, por que você está chorando?" Instintivamente, disse que não era nada. Coisa boba. Que logo, logo passava.
Fábio, rapaz pardo, alto e com olhos verde-esmeralda que volta e meia assumiam um tom amarelado, o que lhe conferia um certo ar enigmático no olhar, era sempre muito sorridente e gentil. Tão gentil que não se furtou em fazer um convite à Zuri: "Aceita subir e tomar um café comigo". E ela, com um discreto sorriso: "Está fazendo muito calor agora. Pode ser outra coisa?" E ele, sem titubear: "Pode ser o que você quiser!" Subiram.
O apartamento ficava no piso superior ao de Marçal. Ao chegarem, Zuri sentou-se. "Que tal uma vodka?" Indagou Fábio. Ela aceitou, ele a serviu e, em seguida, servindo-se, sentou-se também. "Agora me conta tudo o que aconteceu. Eu estou aqui para você!" Quando ouviu isso, Zuri sentiu que poderia se abrir e contou a Fábio o revés pelo qual passou no ônibus e a reação fria do amigo. Ao passo que ele, completamente indignado, não se conteve: "Mas isso é um absurdo total! Tudo! Tanto o que aconteceu no ônibus, quanto a atitude do Marçal! Como ele pôde fazer uma coisa dessas?"
Por um instante, a resposta de Fábio provocou uma mistura de sentimentos em sua convidada. Ela sentiu-se feliz por alguém entendê-la e demonstrar solidariedade, mas ao mesmo tempo ficou surpresa, pois os dois mal se conheciam e poucas vezes tinham se cumprimentado na portaria do prédio. Mesmo assim, a conversa prosseguiu: "Poxa vida, cara! Eu contei pra ele que um homem ignora que eu sou uma pessoa e tenta esfregar o pau em mim, como se eu fosse uma boneca inflável e o que é que ele faz?” E Fábio: “Diz que só te chamou lá para te comer!” “Exatamente!” Emendou Zuri. “Viu porque eu estou tão puta?” E encontrando apoio em seu anfitrião: “E você está coberta de razão! Eu sei que você sabe disso, mas eu preciso dizer assim mesmo. Você não é uma boneca inflável!” Rindo um riso levemente malicioso, completa: “Nenhuma boneca inflável seria tão sensual… se é que você me permite, neste momento da conversa, dizer isso. Não quero te ofender. Como eu disse, não te vejo como um objeto e sim uma mulher atraente pra caralho!” E ela, soltando uma gargalhada: “Permito sim! Não é porque o Marçal foi um idiota que eu não vou querer nunca mais que um cara bonito e gostoso me elogie!” Imediatamente Fábio afirmou: “Então quer dizer que você me acha bonito e gostoso.” “Bom! Bonito sim…” redarguiu Zuri “... agora gostoso eu não posso dizer! Nunca experimentei!” completou com a voz manhosa. O rapaz, se aproximando e olhando em seus olhos, cochichou ao pé do ouvido: “Isso é algo que nós podemos resolver!” E se beijaram no mesmo instante.
Imediatamente, Fábio pegou Zuri em seu colo, ao passo que ela, surpresa, indagou: “O que você está fazendo?” E ele, com um tom de voz macio e sedutor: “Lá na cama vai ser muito mais gostoso que nesse sofá desconfortável e eu faço questão de te carregar até lá”. E foram até a alcova do prazer.

Zuri Onde as histórias ganham vida. Descobre agora