SIXIÈME CHAPITRE

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06

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06

         O dia tão esperado da exposição Papillon havia chegado e Afonso estava ansioso, esperando uma única pessoa chegar: Louis Antoine.

Ele sabia disfarçar bem suas emoções com gestos serenos e sua gentileza com todos que iam chegando e parabenizando-o pelo belo trabalho. Jean fizera uma bela recepção e coordenado de maneira elegante a posição dos quadros. Tudo estava impecável.

— Afonso, meu querido! E então, está tudo conforme seu gosto?

— Sim, está. Você já sabe que gosto de minimalismo e cores claras. Não iria querer cores quentes lutando com minhas telas.

Jean riu desconcertado. Afonso era um cavalheiro, mas também sabia se impor quando necessário. Tinha personalidade forte, apesar da sua sensibilidade para tratar as pessoas.

— E você sabe que eu não faria nada para desagradá-lo, meu artista predileto!

Afonso apenas sorriu para o marchand, dando um gole na sua taça de vinho Sauvignon. Seus pensamentos estavam longe dali, olhando para a entrada da galeria.

"Será que ele não virá?" — pensou.

Assim que terminou de finalizar seu pensamento, Antoine entrava acompanhado de uma jovem loira a braço dado com o francês. Desconfiava que deveria ser a amiga que ele mencionou, mas, mesmo assim, aquela cena agitou-o em seu íntimo. Devolveu ao garçom a taça vazia, observando Antoine de longe.

Ficou no mesmo lugar, apesar de sentir necessidade de correr até o rapaz e abraçá-lo. Viu quando eles olhavam ao redor, curiosos. Sorriu ao notar Antoine procurá-lo com o olhar aflito. Colocou os braços para trás, admirando aquela cena divertida.

Assim que seus olhos se encontraram, ficou difícil para ambos disfarçarem a alegria. O jovem francês correu até ele, parando logo em seguida, indeciso se poderia abraçá-lo ou não.

— Olá, Afonso?

— Olá, Louis. — desviou o olhar, sorrindo na direção da moça que veio até eles. — Não vais me apresentar sua companhia?

— Ah, sim! — riu, totalmente envergonhado — Esta é minha amiga Marie. —  virou-se para a amiga — Marie, este o português do Louvre, Afonso.

Os olhos do francês brilhavam, sem conseguir disfarçar a felicidade de estar ali, perto do luso, e seus cabelos, que não seguiam um padrão de corte específico, davam uma impressão de naturalidade e liberdade. Os fios eram cacheados, formando pequenos redemoinhos e curvas que adicionavam textura e personalidade ao visual, fazendo-o ainda mais sedutor.

— Prazer, Marie. Afonso falou muito de você. — sorriu — Espero que goste da exposição.

Ela agradeceu com simpatia, se afastando dos dois discretamente. Sabia bem que seu amigo gostaria que apreciasse e aproveitasse a exposição. Louis Antoine relaxou o corpo e agradeceu em silêncio pela ação da amiga, deixando-os a sós.

— Está tudo tão bonito... — disse, enquanto corria os olhos ao redor.

— Bonito está você, Louis. — respondeu o outro, sussurrando ao seu ouvido, deixando o francês envergonhado mais uma vez.

Afonso tocou de leve com as pontas dos dedos a mão de Louis, fazendo-o arrepiar.

— Afonso...

— Sim?

Antoine baixou os olhos, sentindo aquela vontade de unir seus lábios aos do rapaz a sua frente. O coração acelerando descompassadamente, fazendo com que quase perdesse o fôlego.

— Senti sua falta.

— Eu também senti a sua... — murmurou.

Afonso pegou sua mão, guindo-o até o centro da exposição, onde havia um quadro em destaque e várias pessoas em volta o admirando. O francês sentiu a textura de sua mão, lembrando da primeira vez que ele fez aquele gesto. Aquilo o acalmou.

Foram andando por entre as pessoas, quando Afonso parou repentinamente, fazendo Antoine erguer a cabeça e admirar a tela. E ao ver a pintura, todo o sangue do seu corpo desapareceu e por pouco não perdeu o equilíbrio. Era ele retratado como um anjo de asas de borboleta, seminu. Seu olhar era de pura candura, olhando para o pôr do sol, tendo o Arc de Triomphe de fundo. Os lábios entreabertos davam a impressão de relaxamento e de uma paz íntima. A musculatura das panturrilhas e braços, a clavícula e o dorso nu eram tão fiéis e perfeitos, que se assemelhavam a uma foto.

Louis Antoine virou o olhar para Afonso, sem dizer nada. Subia em direção dos olhos marejados toda a emoção que estava sentindo naquele momento.

— Afonso...

— Espero não ter ofendido você.

— Não... Você não me ofendeu... Eu estou...

Afonso segurou seu rosto delicado, passando os polegares delicadamente nos olhos molhados do francês.

Já não se importavam mais com as várias pessoas que os olhavam curiosas. Algumas cochichando ser o modelo francês retratado na tela, outras, encantadas com aquele momento arrebatador, e, outras, ainda, aproveitando para registrar no celular, sem perder nenhum detalhe e postar nas redes sociais.

— Não saberia como dizer que me apaixonei perdidamente por você, desde a primeira vez que se aproximou de mim, meu anjo papillon...

Antoine enlaçou os braços no pescoço do jovem artista, recebendo em troca um beijo vertiginoso, cheio de amor e paixão entre os dois amantes.

Ao longe, duas pessoas com emoções distintas viam aquela mesma cena. Marie, que sorria, emocionada pela felicidade do amigo, e Jean, que via a última esperança de reconquistar Afonso desmoronar para sempre.

(858 palavras)

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NOTA:

Arc de Triomphe: Arco do Triunfo.

Sauvignon: O nome deriva de sauvage*, que significa selvagem.

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