Capitulo 15 - Levado pelo vento.

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Uma fraca brisa se esforça para transpassar por entre os prédios, mesmo ao entardecer a luz já se torna escassa, mesmo a abóboda celeste não podia proteger os habitantes de história do véu negro que vinha do céu morto, com a escuridão eminente a salvação vem em forma de fracas luzes dos postes, que lentamente se tornam guias na penumbra.

Mas a luz é fraca, ingênua e pífia, pois os becos ainda escondiam as formas esguias da malícia, Nochto não costumava sair de seu quarto mesmo em Incarn, como poderia estar preparado para a boca pútrida da malícia nem mesmo os treinos intensivos de Behemmot, o preparou para lidar com as sombras no coração humano. Não, ele foi ingênuo, deveria estar preparado, o que só reforçava que ainda era uma criança, o peso de sua ingenuidade se materializa na dor em seu corpo e estalando a língua ele se levanta por entre as vielas.

— Merda. — Ele se apoia na parede com dificuldade.

— Ei, pega leve. — Kaleb tenta amparar o garoto a sua frente.

— Não me toque! — Nochto grita, afastando seu salvador. — Quem é você?

— Sinto que você não prestou atenção. — Kaleb coça seus cabelos, uma fraca brisa bagunça seus cachos. — Bem, mais uma vez, eu me chamo Kaleb, prazer em conhecer você.

O garoto sorri para Nochto que tenta processar o que acabou de acontecer, um garoto que surgiu repentinamente derrotou dois adultos com facilidade, e o que era aquilo que ele usou? Era como se o vento atendesse seus comandos.

— Ei, você tá legal? — Kaleb tenta se aproximar. — Eles pegaram pesado com você ali atrás.

— Por que me salvou? — Nochto mantém a guarda alta.

Kaleb fica olhando por alguns segundos a face do garoto maltrapilho a sua frente em silêncio, ele dá uns passos para trás olhando para os lados, o vento parece dançar ao redor do garoto. Ele se aproxima de Nochto sorrindo.

— Te salvei porque podia te salvar, somente isso.

— O que? — Isso era novo para Nochto, todos que ele já conheceu até agora com exceção de Behemmot e sua família, eram hostis para com ele, até alguns criados da mansão costumavam entreolhar Nochto ao passar pelos corredores. Nochto apoia sua mão sobre seu tapa olho, Ele só não sabe, ele o ajudou provavelmente por não saber sobre os olhos dele se Kaleb soubesse que Nochto tinha heterocromia provavelmente deixaria ele ser capturado, não vamos abaixar a guarda. — O que foi aquilo que você fez? — Nochto se apoia na parede.

— Àquilo? — Kaleb se vira para os dois homens desmaiados ao chão. Um estava enterrado por entre os caixotes e o outro com a cabeça tão profunda no solo que era quase parte dele. O garoto coça seus cachos. — Aquilo bem, aquilo é Enigma, bem ou quase isso eu ainda tô melhorando e difícil lembrar dos hinos.

— Enigma... — Um poder novo, para Nochto era uma oportunidade já que Arcana não estava funcionando com ele, talvez ele pudesse usar o Enigma. — Onde aprendeu?

— Com minha irmã. — Kaleb sorri.

— Irmã?

— Sim, ela... — Antes que Kaleb pudesse terminar sua frase, som metálico se aproxima da viela.

Da fraca luz amarelada, da passagem que levava a estrada uma mulher se apresenta, ela vestia uma armadura leve de Alcant, uma liga leve e flexível que possui uma coloração límpida e brilhante, os adornos dourados reluziam com uma aura esbranquiçada, o sobretudo cobria o peitoral nas cores de branco puro se estendendo até as grevas de metal que ao se chocar contra o solo criava um som metálico, as duas espadas curtas estavam firmemente presas na parte traseira de sua cintura, e o grande símbolo de sol dourado em suas costas reluzia ao puro Enigma, a pele da mulher era pálida e delicada, seus lábios carnudos, mas de coloração simples, as manoplas em suas mão seguravam as sacolas de compras, e seus cabelos de cor amendoada eram longos e cheios presos a uma longa trança que repousava em seu ombro.

Demônios na TempestadeWhere stories live. Discover now