Capítulo 6 - Aço gelado

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Nas terras afastadas do sudoeste de Estória, passando as montanhas do lobo de ferro, fica o deserto de gelo. Uma gigantesca paisagem formada pela tundra, um local que permanece frio o ano inteiro com nevascas insistentes.

Esse foi um dos locais que a chuva não conseguiu se manter em forma líquida caindo sobre o solo como uma nevasca de flocos negros. A tempestade de gelo se mantém incessante com fortes ventos que rasgam a pele das pessoas que ousam adentrar esse ambiente inóspito.

Os flocos que caem do céu repousam sobre o solo congelado formando um manto negro dando nome ao local "Hel o purgatório da neve negra".

Os demônios que surgem nesse local em sua grande maioria, usam o poder da Bruma para controlar as tempestades de gelo, e a neve alta que chega até 50 centímetros do solo, dificulta o combate.

Porém, mesmo tal local abandonado pela deusa possui tesouros inimagináveis.
Rasgando o solo e tomando forma de cristais pálidos que irradiam a pura arcana fria, os cristais de Crionita se formam condensando as duas energias arcana e bruma que se encontra em abundância no local. Coletar esses materiais se torna um desafio, sendo que ferramentas comuns de mineração congelam com um simples toque à superfície do minério, sendo necessário que dois arcanistas encantem as ferramentas com um manto de fogo para conseguir lascar o material.

A dificuldade não termina aí; logo após, o verdadeiro desafio se manifesta no transporte. Caso algum acidente ocorra no meio do trajeto ou o mineral venha a se chocar violentamente com qualquer superfície, ele liberará uma onda de choque que congela tudo ao seu redor.

Estes cristais belos e mortais foram refinados, assumindo a forma do fio das lâminas de Nine, que agora rasgam a carne de Moira. Ela recua, incapaz de derreter essa maldita arma fria.

— Agora imagino como você lidará com esse material Ifirt. — Nine caçoa de sua inimiga enquanto a presenteia com uma saraivada de lâminas.

Moira tenta esquivar-se das facas; contudo, são muitas e em alta velocidade, tornando extremamente difícil evitar ser atingida por uma ou duas das armas de Nine.

O mascarado solta uma gargalhada esganiçada e retorcida enquanto fazia sua inimiga dançar sua valsa mortal ao som do tilintar das adagas de gelo.

Moira se irrita com os jogos de Nine e urra contra ele. Chamas se formam em sua boca serpenteando e se juntando para no fim, se romper em um poderoso rugido flamejante como um bafo de dragão que consome tudo à sua frente.

As chamas queimam todo o terreno transformando a terra barrosa em placas de carvão e lava borbulhante, acertando em cheio o mascarado que não esperava tal golpe. Tudo foi queimado e mesmo assim, Moira se mantinha em seu ataque sem se importar com o sangue que escorria de seus olhos e narina. A técnica tinha um custo, e ela estava começando a pagá-lo; uma dor lacerante perfura sua mente, levando-a a interromper abruptamente seu golpe e conter as chamas que escapavam de sua boca.

Na sua frente a paisagem estava completamente destruída, o ferro se retorcia e a madeira estalava com as chamas que não se apagavam, ela podia suspirar aliviada, era difícil Nine sobreviver a esse golpe.

— Espero que isso tenha acabado com ele de uma vez. — Ela pensa consigo mesma. Moira estava exausta, e o sangramento de suas feridas não cessava. A dor tornava difícil manter a forma dracrônica, e tudo se dissipou tão rapidamente quanto ela se transformou. Sua cabeça latejava, e ela mal conseguia pensar direito.

— Realmente eu não deveria ter usado a farda. — Ela olha para suas mãos que tremiam lentamente. — Quantos anos será que eu perdi?

Ela limpa o sangue do rosto e vira-se para entrar em casa. Preocupava-se com seu filho; o garoto estava todo esse tempo escondido, e ela não podia nem imaginar o que fazer caso Nochto tivesse se machucado.

Demônios na TempestadeWhere stories live. Discover now