Capítulo vinte

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Dante

       Chegar em Bay Lake foi rápido, ficamos num dos hotéis da Disney, assim que viemos de táxi, mas vamos ficar só por um dia. Minha mãe achou uma boa ideia levar a Amber para passear um pouco, e eu sei que no fundo quero que ela saiba que não sou apenas um idiota na maior parte do tempo.
      O dia de ontem foi calmo, meu pai estava menos frio, acho que agora ele gosta da Amber o que é um problema porque ela não é minha namorada de verdade. Tenho a certeza que a minha mãe também gostou dela e hoje eles não pareciam se importar quando viram ela usar maquiagem bem pesada. É como a minha mãe sempre diz, o que importa é o que está dentro da pessoa.
      Vamos para Disney springs de barco. É o parque que Amber escolheu visitar e que achou mais interessante. Nem sei como a convenci a vir aqui, achei que iria recusar. Se eu fizer bem as minhas contas, isso é um encontro e não tenho um encontro desde que perdi a Emily.
      Caralho!
      Eu só fico com mulheres para foder, sou mesmo a pior espécie que existe. Não admira porquê Karol nunca quis saber de mim depois que se demitiu do Night Club. Ou porquê Amber não me queria por perto.
      Não costumo ter encontros porque não quero relacionamento, todos sabem isso, mas parece que por algum motivo Amber conseguiu um encontro sem nem mesmo pedir. Deve ser apenas para manter a fachada. Meus pais precisam acreditar que estou louco por ela.
      Amber está empolgada desde que saímos de casa. Não consigo parar de olhar para ela, usando um short preto, suéter vermelho e botas de cano alto pretas. Seu batom preto que é sua marca registrada está presente e sombra preta sombria também, com o piercing no nariz e alargadores nas orelhas do jeito que eu gosto. Sua bolsa da Yves Saint Laurent carrega o seu telefone para tirar fotos e também batom e outras coisas femininas em miniaturas e cartões.
      Estamos longe da minha família, não preciso segurar a sua mão, mas confesso que quero muito. Sua mão é tão macia e seu toque tão suave, tão bom, que as minhas mãos coçam para senti-lo. O problema é que Amber não deve querer que eu faça isso.
      Entramos numa loja para comprar produtos da Disney. Amber compra as orelhas da Minnie e coloca na cabeça. Não quero comprar nada, apenas observo ela se divertir enquanto escolhe as coisas. Eu não sabia que ela gostava dessas coisas, deve ser a magia da Disney que está dentro dela nesse momento.
      — O que você achou? — pergunta sobre as orelhas da Minnie Mouse.
      — Ficou muito bem. — Endireito o seu cabelo.
      — Vou comprar para você também.
      — Nem pense nisso. — Digo. — Eu não vou usar.
      — Tem a certeza? Se eu disser que você ganha um beijo por usar isso? — sorri. — Se não quiser...
      — Eu vou ganhar um beijo eventualmente. Sempre que alguém estiver por perto. — Sorrio para ela.
      — Bem, seria nessa viagem, hoje. Mas tudo bem.
      — Está bem. Eu uso. — Porra, não devia ter dito rápido demais. Vou parecer um desesperado.
      Ela compra as orelhas do Mickey para mim e coloca na minha cabeça, esticando os pés, mesmo que suas botas já a façam ganhar mais alguns centímetros. Amber é um pouco alta, mas perto de mim, ela não chega perto, nem se tivesse um e oitenta.
      — Cada figura que você me fizer passar, eu vou cobrar. — Ameaço.
      — Você está adorável. Olha só para você. Não parece o Dante bad boy que fodi todas. — Ri.
      — Mais respeito, por favor. — Vamos pagar as compras.
      Amber compra também algumas coisas para os seus amigos, depois vamos comprar roupas numa loja japonesa e em várias outras lojas. Eu vejo uma lingerie linda demais enquanto Amber está no provador. Ela é preta, de renda, a calcinha tem um pequeno laço vermelho e o sutiã é vermelho no interior. Vejo também um body de renda, com abertura na barriga e completamente transparente. Imagino que não deve cobrir nada.
       Foda-se, vou levar.
      Aproveito que Amber não está aqui e compro rapidamente e peço para embrulhar. Vou adorar dar esse presente para ela, mas claro que seria para ela usar para mim, não para outros homens. Amei os dois, então comprei os dois.
      Quando Amber vem pagar as suas compras nem repara na sacola e me leva para tirar fotos dela fora da loja. Praticamente tiramos fotos em cada canto. Graças a ela descobri que sou bom fotógrafo.
      Carrego as sacolas todas e tiro fotos dela. — Essas roupas não combinam com a Disney. — provoco rindo.
      Amber mostra o dedo do meio para mim e tiro a foto mesmo assim. — Foda-se o que você pensa.
      — Você não se importa com o que eu penso? — pergunto.
      — Nem um pouquinho, troglodita.
      — E você lembrou que não me suporta.
      — Talvez um pouquinho assim. — ela mostra com os dedos.
       — Acho que é muito mais do que isso.
       — Não se ache. Você só é um pouco diferente do que eu pensava. Só isso. — Vem até mim para receber o telefone.
       — Acho que temos que ter fotos juntos. — Digo e Amber olha para mim pronta para negar. — Porque a minha mãe vai querer ver as fotos e vai achar estranho se eu não estiver nas fotos com você.
      Suspira, um pouco irritada. — Está bem. — Fica perto de mim, bem juntinhos e tiramos várias selfies antes de irmos para o próximo local de atração.
      Vamos jogar boliche. Deixei que ela decidisse o que quer fazer, e mesmo que não tenha nenhum talento, insiste nisso. Amber começa e não tem forças suficientes nos braços para jogar a bola nos pinos. Já eu faço um strike porque sempre fui muito bom em física.
       — Exibicionista! — ela cruza os braços após perder várias vezes, mesmo depois de eu ensinar como se faz.
       — Sou bom nisso, sou invencível no tênis, no golfe, em futebol, basquetebol...
       — Deixa adivinhar, você era o capitão sempre e o valentão?
       — Não. Era o amigo do capitão. — Digo, lembrando do Luke. — Mas isso não importa. Eu também tinha boas notas.
       — Eu vou confirmar essa história com a sua mãe. — Me empurra levemente. — Não minta para mim.
       — Alguma vez já menti para você? — dou um passo para ficar mais perto dela.
       Amber desvia o olhar como se lembrasse de alguém. — Não que eu saiba.
      — Sempre fui sincero com você. Talvez até demais. — rio quando ela soca o meu braço. — O que foi?
      — Nada. Vamos comer alguma coisa? O tempo passou rápido demais e estou com muita fome. Deve ser das compras. — Cruza os braços, enquanto eu carrego todas as sacolas.
     — Vamos, deve ter vários restaurantes aqui.
     Caminhamos lado a lado até encontrarmos vários restaurantes. Amber grita quando estamos perto de um que acho ser japonês. É um grito de felicidade, deve gostar bastante de comida japonesa, sinto que é algo que eu devo guardar para o futuro.
      — Esse restaurante é de quem eu penso que é? — pergunta.
      — Eu não sei. — Respondo, obtuso.
      — Vamos comer no restaurante do chef Masaharu Morimoto. Ele é incrível. — Aponta para o restaurante como se eu não podesse ver.
      — Como você quiser. Não sei quem ele é.
      Amber põe a mão no peito e fica boquiaberta, chocada eu diria, com o meu comentário. Também não é para tanto, não devo ser o único que não sabe quem esse chef é. Aposto que nem a minha mãe deve saber.
       — Você não conhece o chef Morimoto? Em que mundo você vive?
       — Num que não é aborrecido. — Provoco.
       — Ele é só um dos chefs mais famosos e mais incríveis do mundo. Se você disser que não conhece Gordon Ramsey, o chef com mais de quinze estrelas Michelin vou começar a pensar que você vive numa caverna.
      Preparo os meus lábios para dizer com muito gosto:
      — Também não sei quem é esse.
      Amber está ainda mais chocada. — Diga que pelo menos conhece a Martha Stewart.
      — Não conheço e isso não importa. — Seguro a sua mão para entrarmos no bendito restaurante. — Também estou com fome.
      — Quem você conhece então? Taylor Swift?
      Rio em resposta.
      Ocupamos uma mesa e pedimos um tamboril porque Amber insiste e eu também quero muito provar. Até gosto de comida japonesa, mas não lembro de ter comido receita de um chef famoso.
      — Eu não acredito que estou aqui. Minha mãe não vai acreditar. Você acha que o Chef Morimoto deve estar aqui? Porque se ele estiver, vou esquecer que você existe. — Ela tira uma foto. — Vou postar.
      — Esse chef é jovem ou...
      Amber se acaba em gargalhadas sem nem me deixar terminar. Eu realmente não faço ideia de quem são esses chefes, nunca me interessei em saber dessas coisas. Será que deveria saber?
      — Você tem internet, por que não pesquisa?
      — Não sei se vale a pena.
      — Você vai amar a comida. Eu nunca estive num restaurante dele, mas sei que a comida deve ser tão boa quanto aparenta na TV.
      Finalmente nossos pedidos chegam e preparo os talheres para provar. Assim que coloco para provar, parece que tenho uma festa na minha boca. Amber não estava brincando. É assim que a comida dos grandes chefs sabem?
      — Porra, isso é delicioso. — Digo.
      Ela sorri. — Pois é.
      — Como é mesmo o nome dele?
      — Morimoto. Masaharu Morimoto. — Diz com a boca cheia.
      — Está tão bom. Gostei dele.
      Comemos o tamboril mais delicioso que já provei na minha vida, depois pedimos a sobremesa e conversamos sobre chefs. Amber conta sobre essas coisas que ela gosta, e sinceramente só estou interessado porque ela gosta, não por outro motivo.
     
                                          ****

      Amber decide que vamos andar no Aerophile, um balão gigante que nos leva para explorar os céus da cidade em vários ângulos. Ela sorri tanto enquanto olha para baixo que não consigo tirar os meus olhos dela. Como consegue ser tão perfeita? Por que estar perto dela mexe comigo?
      Seus olhos azuis brilham e parece que a luz só quer iluminar seu rosto. Sinto ainda mais o cheiro do seu perfume e tenho vontade de abraçá-la, mas não conseguiria ser subtil com todas essas sacolas nas minhas mãos.
      — Eu não acredito que os momentos mais românticos que tive são com você. — sussurra.
      — Isso é bom ou ruim? — pergunto sério, e meu coração bate com medo aguardando a resposta.
      — Eu não sei. Você não é meu namorado de verdade.
      — E você quer um namorado?
      — Sim. Eu quero estar com alguém que queira um futuro comigo. Sei que deve achar clichê demais, mas...
      — Eu entendo.
      Ela sorri. — Por que você não me apresentou esse Dante antes? Teríamos sido grandes amigos.
      — Porque você se limitou na história que Karol contou a você.
      — Você também não ajudou.
      — Se calhar devíamos nos conhecer antes.
      — Talvez.
      Vejo a cidade linda e o céu alaranjado daqui de cima. Agora que penso nisso, não vejo pessoa melhor que Amber para estar comigo aqui. Isso explica porquê não tenho encontros, nenhuma mulher foi suficientemente boa para me fazer chegar a esse ponto. Talvez Karol teria sido, mas nunca irei descobrir.
      Os cabelos negros de Amber são levados pelo vento enquanto sorri do jeito mais doce. Quando ela me flaga a olhar para ela, franze a testa, desconfiada.
      Porra, por que ela mexe assim comigo?
       — Com essa vista tão linda, você olha para mim? — tenta colocar o cabelo para trás.
       Sorrio. — Não se ache! — soco levemente o seu ombro.  — Eu ainda estou com as orelhas do Mickey. Não mereço nada por isso?
      — Espera. — Ela pega no telefone e tira uma foto minha, depois filma a vista e o balão. — Esse é o melhor dia da minha vida. Bem, eu já fui no concerto dos Paramore e dos twenty one Pilots então deve ser o terceiro melhor dia da minha vida.
      — Bom saber que consegui te fazer sorrir desse jeito.
      Ela coloca o telefone na bolsa e põe as mãos ao redor do meu pescoço. — Vou dar o beijo que você merece. Saiba que é só um beijo. Você tem sido melhor do que eu esperava.
     — Estou pronto.
     Ela me dá um selinho demorado e se afasta, mas eu mantenho seu corpo ao meu e beijo novamente, dessa vez com mais língua, com mais gosto e mostro como estou louco para sentir sua boca. Amber não me afasta, ela também me beija a cento e vinte metros de altura sobre o céu de Orlando.
      Quando nossas bocas estão juntas, a única certeza que tenho é que já estou viciado no seu beijo e que quero ter isso sempre. Quero poder sentir seu gosto, seu cheiro, seu toque e poder olhar seus olhos enquanto eu respirar. Nunca senti tantas coisas só num beijo, e eu adoro sexo, mas beijar Amber é tão intenso e gostoso, que me pergunto como seria estar dentro dela.
      Quando nos afastamos mordo levemente seu lábio inferior e sorrio para ela. Devo estar borrado com seu batom preto. Ficamos abraçados e em silêncio, desfrutando da viagem de balão e não me importo em ter um relacionamento nesse momento. Ter Amber assim nos meus braços é fodidamente bom.

Colapso [COMPLETO NA AMAZON]Où les histoires vivent. Découvrez maintenant