Capítulo treze

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Amber

       Como eu não percebi antes?
       Ivan tem os olhos do Dante, a mesma altura, mas achei que um homem tão incrível não seria irmão do Dante. Eu sequer pensei que ele era parecido com o Dante. E achei que era um homem diferente. Agora acho que Dante é melhor pessoa que o Ivan. Por que nunca perguntei o sobrenome dele? Por que ignorei tamanha semelhança?
      Não sei decidir se estou magoada, com raiva, acho que sinto tudo. Fui traída, enganada, usada, ele não é como eu pensava e toda aquela história de estar apaixonado e querer morar comigo na Europa é mentira. Como ele foi capaz de trair a sua noiva comigo? Como foi capaz de enganar nós duas?
      Dante apanha a minha bolsa e segura a minha mão. — Ivan, quero que conheça a minha namorada. Amber Jeffrey. — Dante diz com orgulho.
      Ivan ainda parece ter visto um fantasma. Ele é um desgraçado, não tem escrúpulos. E eu achava que Dante era um homem horrível. Mais uma vez, Dante é melhor que ele. Pelo menos, diferente do Ivan, admitiu que só queria sexo comigo.
       — Prazer, Amber. Eu sou o Ivan. — Se aproxima. Ele tem coragem!
      — Bem, agora vou levar a minha namorada para o nosso quarto. — Dante segura a minha mão. — Para nos instalarmos.
      Senhora Louise sorri. — Está bem, querido.
      Dante me leva com ele pelos degraus, viro para ver Ivan que agora recebe um beijo da namorada, mas está desconfortável. Ele nem se dá ao trabalho de olhar para mim. Tenho vontade de descer e conta para todos quem ele realmente é.
      Entramos num quarto grande com uma king  size com lençóis verdes, na frente há paredes de vidro com vista para o jardim e sofás que começam e terminam com a parede de vidro, formando um L. O teto também tem aquele toque rústico de madeira, e há uma grande janela na parede normal.
      As nossas malas já estão aqui, os empregados trouxeram enquanto me apresentava à família Valentine. Agora já não estou tão animada quanto antes, ver o Ivan não me fez bem.
       Dante fecha a porta. — Esse é o nosso quarto. Tinha que ser o mesmo para não levantar suspeitas. — Ele ri. — Você viu a cara do meu pai e do meu irmão? Impagável!
       Fico de costas para ele e abraço a mim mesma, segurando as lágrimas porque prometi a mim mesma que não choraria por homens novamente. Eu não quero sentir nada, eu tenho que estar com raiva dele depois disso. Homens assim não merecem lágrimas de mulheres. Ivan não merece.
      — Amber?
      Não respondo, afasto as lágrimas, mas quando Dante fica na minha frente elas caem. Mas é só isso. Não vou chorar como um bebé.
      — Amber, você está bem? — agora ele está preocupado.
      — Eu estou bem. — Seco as lágrimas. — Não é nada. Não se meta nisso, pode ser?
      — É por minha causa?
      Olho para ele. — Não. Você não fez nada errado.
      — Precisa de alguma coisa?
      — Eles vão nos avisar quando for para descer?
      — Temos alguns minutos.
      — Podemos só ficar aqui mais um pouco? Preciso respirar um pouco.
      — Então vamos ao pé da janela. — Ele me leva ao pé da janela e abre-as, trazendo o vento para dentro do quarto.
      — Obrigada.
      Os ventos levam os meus cabelos, e Dante tenta pará-los. — Eu é que agradeço. Mesmo que depois disso tenha que fazer qualquer coisa que você quiser.
      — Você disse que o seu irmão é perfeito. — Mudo de assunto.
      — Ele é. Faz tudo certo.
      — Eu acho que você é melhor que ele.
      — De verdade? — estreita os olhos para mim, desconfiado.
      — Sim. E também és mais bonito.
      Ele sorri. — Bem, isso eu já sabia.
      Dou um passo para me afastar dele e observo a vista do quarto. Não quero pensar no desgraçado que está lá embaixo com a noiva, ele vai pagar caro. Talvez Dante tenha razão sobre o destino, eu tinha que vir com ele nessa viagem para saber que seu irmão não presta.
      — Alguma coisa te incomoda?
      — É algo sem importância. — Viro para olhar para ele. — A casa é muito bonita, amei.
      — Sabia que iria gostar.
      Caminho até a mesa de cabeceira onde as fotos estão. Uma foto dos irmãos Valentine e uma foto dos seus pais. Ivan e Dante são parecidos, tenho até vergonha de não ter notado. Um metro e noventa e quantas e olhos verdes, cabelos escuros e corpos parecidos, se bem que Ivan é um pouco mais magro.
       — Qual de vocês é o mais velho? — pergunto. Eu sei a idade do Ivan, mas não sei do Dante.
       — Ivan é mais velho, tem trinta. Eu tenho a mesma idade que você.
       — No entanto, eu sou mais madura. — provoco. — Não importa. As mulheres são mais maduras que os homens. Sempre foi assim.
       — Como quiser.
       — Melhor descer. Não quero que pensem coisas erradas.
       Ele ri. — Somos namorados, é normal. Mas vamos descer, já deve ser a hora do jantar.
      Descemos para o jantar de mãos dadas. Dante mostra onde é a sala de jantar. Ivan e Zoey já estão na mesa cheia e o cheiro delicioso abre o apetite mesmo que tenha que olhar para Ivan e sua querida noiva sentados um ao lado do outro. Ele foge do meu olhar, mas sua noiva está radiante. Coitada, não tem culpa de nada e com certeza merece um homem melhor.
      — Olha os noivos. — Dante diz, assim que sentamos.
      — Vocês fazem um casal muito bonito. Onde vai ser a lua de mel? — encaro o traidor. — Vai ser na Europa?
      — Sim, vamos para Paris primeiro. Depois para Bahamas. — Zoey responde.
      — Que incrível. — sou sarcástica.
      Dante beija o meu rosto para disfarçar e sussurrar no meu ouvido. — Não exagera.
     Agora Ivan olha para nós. — Estamos na mesa. Vejo que você não muda, não é, Dante?
     Dante sorri. — A culpa é da Amber. Ela é irresistível. — Beija a minha mão. — Mas vamos deixar isso para outro momento.
      Zoey sorri. — Vocês também são um casal muito bonito.
      — É o que eu digo sempre à Amber. — Dante olha para mim.
      Os pais dos Valentine vêm à mesa também. Eu tento guardar a minha raiva de Ivan para mais tarde, não é o momento ainda mais na frente de todo mundo. Apenas nós dois sabemos da verdade e não é justo. Não pode ser pintado como o bom da fita, o irmão certinho e perfeito depois do que fez.
       — Eu estou feliz que vocês vieram. — Senhora Louise olha para Dante e para mim.
       — Não perderia a chance de conhecer a noiva do meu irmão. — Meu falso namorado responde.
      Ivan olha para mim. — E quanto tempo vocês estão juntos?
      — É recente. — Respondo para o idiota.
      — Bem, primeiro éramos amigos. Já nos conhecemos há um ano, mas estamos juntos há dois meses. — Dante responde o que combinámos.
       — Que lindo! — Zoey sorri.
      — Obrigada. — Sorrio também. Espero que ninguém perceba que é um sorriso falso. Nesse momento só quero arrancar os testículos do Ivan com as minhas próprias mãos.
       O jantar é bacalhau, está tudo delicioso até a tarte de coco que devorei duas fatias. A única coisa desagradável é ter que olhar para o rosto do Ivan. Faço um grande esforço para não revirar os olhos sempre que ele chama a Zoey de amor ou limpa a boca dela com um guardanapo. Esse é mesmo o homem que disse que me amava?
       Maldito desgraçado!
       — O jantar estava delicioso. — Zoey diz. Ela segura a taça e exibe seu anel de diamante que deve custar todos os meus órgãos.
      — A tatuagem é nova, filho? — Louise olha para o pescoço do Dante.
      Ele sorri. — Sim. Ainda não cicratizou completamente. Amber fez para mim.
      — Você é tatuadora? — senhor Raymond pergunta.
      — Sim, sou.
      — Você não tem tatuagens?
      Mostro a minha mão a ele, o coração e o sinal de infinito nos dedos anelar e do meio. — Tenha essas e mais algumas.
      — O que significam essas? — a noiva perfeita pergunta.
      — Amor infinito. É para a minha mãe. Porque o amor de uma mãe é infinito. — Explico.
      — De um pai também. — Senhor Raymond responde.
      — Meu pai nos abandonou quando eu era pequena. Não acho que seja.
     — Eu sinto muito. — Louise diz.
     — Não faz mal. Meu padastro é como um pai para mim.
      Ivan bebe um pouco de água. Ele já tinha perguntado também o significado de cada tatuagem que tenho. E também sabe sobre a história do meu pai, quando disse que queria me conhecer melhor.
      Maldito traidor.
      — Eu vou mostrar a casa para Zoey. — Ele diz. — Se nos permitem. — Levantam.
      — Quer ir também? — Dante pergunta para mim.
      Não quero ficar perto do Ivan.
      — Na verdade, eu estou mais interessada em ouvir da senhora Louise histórias do Dante bebé.
       Parece que os olhos dela se iluminam. — Eu tenho muitas delas.
      Ivan leva a noiva para fora da nossa vista, não sem antes dar uma olhada em mim. Senhora Louise conta histórias fofas do Dante, deixando-o um pouco envergonhado. Ela não é como eu pensava, acho que gostou de mim, mas não posso dizer o mesmo do seu marido.
     Conversamos bastante até que os pais do Dante decidem ir para a cama. Dante e eu vamos para o nosso quarto também, e ele começa a fechar as paredes de vidro com um controle remoto que faz uma espécie de cortina descer e cobrir a vista.
      Abro as minhas malas para organizar as minhas coisas no closet e deixar tudo a disposição. Dante faz o mesmo só para estar comigo ou porque acha que irá me irritar. Nas próximas horas a única coisa que irá me irritar é o seu irmão cafajeste.
      — Você trouxe tantos cremes.
      — Tenho que cuidar da minha pele. — Coloco os de skincare na pia do banheiro e já lavo o rosto e preparo a minha pele para dormir. Depois lavo os dentes e vou para a cama com o meu pijama preto de cetim.
       Dante termina de organizar as suas coisas também, lava os dentes e vem para o quarto preparar o sofá para dormir. Como ele se comportou bem o dia todo acho que merece um troféu.
      — Por que não vem dormir na cama?
      Seu sorriso cobre todo o rosto. — Não precisa pedir duas vezes.
      Ele vem deitar ao meu lado, vestindo apenas uma cueca boxer, e olha para mim com o rosto apoiado no seu braço. Desvio o olhar para o meu telefone quando recebo uma mensagem do canalha do seu irmão.

     Ivan: Precisamos conversar. Me encontra na biblioteca. É no segundo corredor, a segunda porta à esquerda. Por favor, apareça.

     Não respondo, apenas apago a mensagem e deixo o telefone por cima da mesa de cabeceira. Deito e cubro o meu corpo até ao pescoço, dando as costas para Dante. Desligo a luz e o quarto fica completamente escuro.
      — Você está melhor? — ele sussurra.
      — Sim, bem melhor agora.
      — Que bom. Está sem sono também?
      Viro para ele, mesmo que não o veja nitidamente na escuridão. — Eu com certeza vou conseguir dormir se você parar de falar.
       — Tem a certeza? Minha voz parece o coro de anjos.
       Rio. — Cala a boca! Melhor dormirmos.
       — Está bem. Boa noite.
       — Boa noite.
       Estou prestes a dormir quando Dante levanta da cama e vai até o sofá. Ele começa a respirar de forma estranha, depois começa a andar de um lado para o outro, volta para o sofá e fica por lá em silêncio durante algum tempo. Quero levantar para saber o que se passa com ele, mas o sono é mais forte que eu.

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