Valeu a pena

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- Injusto! - Rosamaria mal teve tempo de reconhecer a voz de Júlia vinda do celular de Naiane antes da levantadora jogar os braços por cima dos seus ombros por trás, deixando boa parte do seu peso puxar Rosamaria para baixo. - Eu queria estar aí também!

- Não se preocupa, vida, eu vou cuidar bem da minha sogrinha, - Naiane prometeu e, mesmo de costas, Rosamaria sabia que ela estava sorrindo. Ela podia praticamente ouvir pela voz de sua amiga.

Rosamaria revirou os olhos e se mexeu para que os braços de Naiane escorregassem dos seus ombros, lançando um olhar um pouco irritado para a mulher antes dela se inclinar para amarrar o cdarço do seu tênis. - Me chama de sogra mais uma vez, Naiane. - Com o pé apoiado no banco de madeira na sua frente, ela avisou, apesar de que todo mundo sabia que sua ameaça era vazia.

- Eita que ela tá nervosa, - Júlia brincou do outro lado da chamada de vídeo, rindo alegremente.

- Já passa, - Naiane disse, gesticulando com a mão livre enquanto sabiamente desviava do tapa que Rosamaria tentou dar no seu joelho. - Ela adora descontar a raiva nos ataques.

Júlia apenas riu das duas, achando graça ao mesmo tempo que ela sentia uma pontada de saudade no peito. Ela estava longe, na Itália, e ela com certeza sentia falta de sua namorada e suas amigas, mesmo quando elas passavam a maior parte do tempo tentando se agredir de alguma forma. - E cadê a Cá pra acalmar a fera? - Ela perguntou.

- Ah, deve estar lá conversando com o pessoal do antigo time dela, - a oposta falou diretamente com ela agora, apesar de ainda não estar olhando para o celular. Seus cadarços já estavam amarrados, mas agora ela estava ocupada prendendo seu cabelo em um rabo de cavalo apertado.

- Vish, - Naiane zombou, arrastando a palavra, - agora engrossou o caldo.

- Sai daqui, Naiane. - Rosa bufou e empurrou a morena pelo ombro. - Vai achar o caminhão que tu caiu, eu hein.

Naiane não se incomodou com o tratamento bruto e, inclusive, soltou uma risada alta enquanto se segurava em um armário para se manter de pé. Ela decidiu não responder, no entanto, porque ela sabia que só iria servir para irritar Rosamaria ainda mais. Além disso, ela sabia que não ia ter mais tanto tempo para conversar com Júlia porque o jogo iria começar em breve, e ela queria aproveitar ao máximo para matar um pouco da saudade de sua namorada. Seu time havia viajado para Belo Horizonte para realizar um jogo contra o Minas, o que parecia deixar a saudade ainda maior dentro do seu peito.

Pensando nisso, a levantadora acabou suspirando e disse: - Sério, eu tô morrendo de saudade.

- Eu também, vida, - ela ouviu a resposta de Júlia, dita em um tom igualmente triste de repente.

Rosamaria, que havia acabado de lançar um olhar para sua amiga apoiada com as costas em um armário e a mão livre descansando distraidamente na sua barriga, decidiu intervir antes que as duas começassem a fazer suas declarações de amor eternas que sempre a faziam revirar os olhos. - Se tu me pedir uma vez só, eu embrulho a Naiane e te mando de presente.

Enquanto a risada de Júlia enchia o vestiário inteiro mesmo quando ela estava em outro continente, Naiane a olhou com certa indignação. - Engraçado que sempre sobra pra mim, mas quem tá com um roxo na perna depois de levar uma bolada não é você, - ela reclamou com a mais nova.

- Rosa, para de tentar matar minha namorada! - Júlia exclamou entre suas risadas.

- A tua namorada que me provoca, - a oposta se defendeu depressa, aparecendo na câmera pela primeira vez. Ela viu que a central estava dentro de um carro, mas a roupa de treino acusava que ela provavelmente estava indo para o clube treinar. - E a tua namorada também vai encerrar a chamada porque a gente precisa entrar pra aquecer.

Drops of JupiterWhere stories live. Discover now