Foi no processo em que me enlouquecestes que eu me curei

Não aceito menos do que aquilo que mereço

Do nada eu viro uma maluquinha.
Literalmente, começo a não aceitar a história, o fim, a covardia e toda a mentira.
Não aceito como mulher ter sido traída por alguém que soube o que sofri no passado, não aceito o facto de acabarem comigo numa mensagem a dizerem-me que o melhor para mim é isto. Não aceito falarem de mim como se tivesse sido uma foda que não valesse a pena, só me chamarem quando não têm mais ninguém, muito menos que me comparem a outras mulheres para que eu me sinta mal.
Não aceito que me bloqueiem, desbloqueiem, que não me assumam por vergonha, não estarem prontos para estar comigo, mas me darem a chave do apartamento e falar de um futuro em grande. Ninguém merece isso, muito menos andar mal até hoje e ele nunca ter sentido dor nenhuma do nosso fim, até porque eu não signifiquei nada.
Mas a minha fase de não aceitar, virou ansiedade e problemas. Psicologicamente, eu comecei-me a comparar a ex-parceira e a todas com quem ele fala ou falou. Comecei a ter ataques de pânico quando o via na estrada. Houve uma altura que eu ia a conduzir e tive de parar o carro, infelizmente não consegui levar o carro até casa. Coisas que o Harry nunca soube, até porque para ele tudo é indiferente, o que as pessoas falam dele, como ele é para a sociedade e para as raparigas com fama sempre foi mais importante. Quanta mais fama tiveres, mais o Harry te vai querer, pois ele está habituado a ser o mais forte, até que o nome dele começou a ser conhecido, o que ele não sabe é que não ficou conhecido pela positiva.
Nisto, estamos em janeiro, ele soube o quão mal eu andava e fez o que sempre soube fazer melhor até ao dia de hoje, fugir.
Ele não sabe lidar com o facto de eu não andar bem psicologicamente à conta desta m*rda toda, então bloqueia-me em todos os cantos.
Nos casos normais, uma pessoa faz algo assim tão mau e não dorme, faz de tudo para resolver e ser perdoado, o Harry é diferente, quanta mais m*rda melhor para ele sentir de consciência tranquila. Este é ele. Para ele, isto não tem mal nenhum para ele dizer à minha tatuadora e aos amigos dele que só fui uma foda e que percebi tudo mal, é natural.
Para ele, ter falado e estado com outras raparigas enquanto me dizia que amava, era natural.
Procurar-me só quando precisava, era natural, até porque o importante para o Harry era ele, a imagem dele, ele lá se importava com o estado da minha saúde mental.

Eu poucas vezes via o Harry na estrada, mas desde o nosso fim vejo quase todos os dias, não sei o porquê.
Também não sei porque é que eu ainda espero por um coração melhor da parte dele, de uma conversa apropriada, um pedido de desculpas decente, se ele me prova todos os dias que o melhor que ele sabe fazer comigo é fazer-me mal e culpar-me. Sim, porque ele diz que não tem que levar com a dor que eu tenho, que ele tem mais com o que se preocupar, e sempre que eu lhe ligava a chorar ele dizia-me: "Estás-me a fazer desligar a chamada estou farto disto ou falamos normal ou acaba aqui a conversa sobre nós".
Sempre me senti mal, por ele, por mim e pela situação. Eu cheguei ao ponto que estava de cama em casa com alta do médico.
Eu andei em hospitais e cheguei a ouvir de um médico: "Estaria disposta a ir para uma clínica psiquiátrica?"
Enquanto isso, o Harry passava por mim como se nada fosse, culpava-me de não seguir em frente e claro, andava com as raparigas dele. O pior de tudo é que eu sei de tudo, e a maioria das coisas que ele fez, foram contadas por ele, de caras.
Comecei a achar que lhe dava gozo ver-me magoada e a chorar no carro dele.
Foi aí que começou, eu senti-me louca, eu comecei a controlar tudo, mandei-lhe mensagens à-toa, até emails por estar bloqueada por todo o lado. Ele tinha um vício que me deixava bastante mal, quando nós discutíamos e eu começava a ter um ataque de ansiedade, ele desviava a conversa e dizia para parar, para parar de estar assim.
Não é fácil parar um ataque de ansiedade que vem sem nós pedirmos, eu não pedi para não conseguir respirar e chorar baba e ranho.
E depois das chamadas, ele dizia sempre antes de desligar "Não quero saber se é justo, eu vou te bloquear em todo o lado, segue em frente" e bloqueava, durante um tempo. Quando se lembrava voltava, ele sempre brincou comigo e essa brincadeira levou-me a enlouquecer.
Mas eu precisei, precisei de todas as chamadas, de todas as mentiras, de todas as vezes que fui rebaixada, para chegar aqui.