O Harry Potter que tornou o lado rosa da Barbie, em preto

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É a típica relação toxica que afinal, não é toxica. Foi no começo da minha relação que as pessoas ao meu redor ficaram tão cegas quanto eu. "Mas ele faz-te feliz", provavelmente já ouviste esta frase enquanto as lagrimas percorriam o teu rosto perante os teus amigos, e é esse "mas" o problema de tudo isto. Esta é a história de uma rapariga que quando soube que era bipolar e que tinha problemas, foi abandonada pelo seu parceiro. Nos primeiros meses ela culpou-se, culpou-se por ele andar a trocar gostos com outra rapariga. Ela não percebia, ela matutava no assunto e na típica pergunta de novela, "mas o que é que ela tem que eu não tenho?", eram pesadelos atrás de pesadelos, e sem se aperceber, sentindo uma culpa cada vez maior, sentindo-se cada vez mais insuficiente, começou a ter rotinas nada normais. Ela era estável antes de ser comparada, ela era segura, porque era especial. Ela era uma miúda cheia de amor para dar, de piadas para fazer todo o mundo rir e cheia de momentos para viver. Sofreu por se culpar constantemente por coisas que não estavam ao seu alcance, acordar e não ter a paz de não esperar uma mensagem, de ir as redes socias e tentar descobrir tudo sobre o dia a dia dele e ver o quão feliz ele estar sem ela. Acho que nenhuma pessoa merece ouvir "tu és boa, mas naquilo ela era melhor". Até que começa a agressão, sim violência doméstica não é só uma chapada. Acabar com a saúde mental de alguém também da prisão, sabiam? Foi em setembro que duas pessoas se conheceram, uma rapariga que naquele momento da vida tinha luz interior dela ligada, ela tinha tido um passado pesado. Em 2018, ela sofreu uma violação, de um amigo. Agora perguntam vocês: "Um amigo?"
Sim. Um amigo que nunca ela pensaria tocar-lhe. Tocou, e não foi na alma, nem com palavras, foram as mãos, as mãos dele tocaram no corpo dela indesejavelmente. Mas ele é homem, ele é o maior. Quando contei isso a uma amiga, a resposta foi: "eu tenho de me deixar de dar com ele, é que tirando isso ele é boa pessoa". Sim é, boa pessoa e um violador. Um violador de categoria, tinha muitos amigos, por isso ter levado aquela rapariga especial para a cama sem ela o desejar, foi um trofeu. Essa rapariga passou pelo maior pesadelo que qualquer filme mostra, o que o filme não mostra é o machismo que há nestes casos. Nem falo do machismo dos policias ou de políticos, começa já na aldeia aonde a rapariga morava, não havia o apoio, havia o julgamento. "Puta".

- Puta, a descrição atual de uma rapariga que foi violada, que teve relações sexuais sem o desejar, que perdeu a virgindade indesejavelmente.
Já que estamos na palavra "Puta", puta é hoje uma mulher que segue os sonhos e por momentos não precisa de um homem ao lado. Puta é uma mulher que usa um vestido curto e um batom vermelho. Sejam "putas", porque *putas" sabem festejar e cozinhar, sabem sonhar e trabalhar, estas "putas" são o sonho para os cavalheiros que ainda existem hoje, e o pesadelo destes machistas que nos tentam destruir. Foi após essa violação que essa rapariga teve de crescer, crescer de uma maneira diferente do "crescer" normal de uma miúda de 14 anos que anda na escola. O ano foi muito pesado, infelizmente, na vida da rapariga, já não bastava o trauma da violação que lhe atormentava a cabeça, aconteceu a tragédia de a rapariga perder a melhor amiga. Faleceu. Foram meses de luto, de roupa preta, já eram muitas coisas na cabeça desta rapariga. Entretanto, chega 2020. Estamos em abril. A rapariga namorava, ainda não tinha sido oficializado e essa relação acabou aí. Ela foi traída. Muita coisa na vida dela mudou e aí começa a história que eu quero contar...

Foi no processo em que me enlouquecestes que eu me cureiWhere stories live. Discover now