O primeiro encontro de alguém especial sem saber que era especial

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Estamos no início de abril. Sinto-me fraca, insuficiente, estou naqueles dias em que sinto falta do meu ex parceiro, mas sei que ele não me faz bem, sei que não tenho de sentir falta de alguém que preferiu dormir com outra alma, quando a minha chamava pelo nome dele. Então eu nunca pensei que uma mudança radical comigo me fosse fazer tão feliz naquele dia. Eram dez da manhã e eu estava sentada na cadeira da minha cabeleireira. Eu tinha que mudar, então com os meus cabelos compridos castanhos, lá pedi para cortar pelos ombros e pintar todo loiro. E lá estava eu, sem me reconhecer, loira de cabelo curto, naquele momento o meu coração esqueceu-se que tinha sido partido, só me estava a concentrar no facto de ter um look totalmente novo. Foram os livros que eu li que me fizeram encontrar a minha paz. Foram os momentos de verão, as idas aos bares e rir-me com as minhas amigas sobre a vida, que me fizeram bem. Foi o festejar dos meus dezoito anos que me fez viver a vida. E foi nessa época que tudo o que vinha para a minha vida era bom. Jogava no casino e ganhava, ia aos bares e pagavam-me as bebidas, eram as noites de verão que andava a pé com as minhas amigas, de vestido curto e descalças porque os nossos pés já estavam doridos. E foi nessa época boa, que o conheci. Para ser sincera, nós já nos conhecíamos a vida toda, eu sabia quem ele era já nos meus tempos de escola, só não sabia no que ele se iria tornar. É engraçado, nunca fomos grandes amigos, aliás, até ao dia em que eu lhe olhei nos olhos, eu não saberia responder à pergunta "De que cor são os seus olhos?"
- "Eu não sei", seria a minha resposta.
São verdes, profundos, eu hoje sei disso. Há palavras que não precisam de ser ditas pela boca, os olhos detalham tudo. São verdes, especiais, diferentes dos meus castanhos.
Já que o descrevo, os cabelos são castanhos, castanhos-claros com caracóis, caracóis alagados porque ele passava sempre os dedos entre eles e a escova também, com o tempo comecei a preferir vê-lo de cabelo preso.
Mas foi num dia de verão que eu fui passear com a minha prima, na volta ela quis ir tomar café a casa dele, não rejeitei, afinal de contas ele fazia quase parte da família.
ELE, era o melhor amigo da minha prima, o melhor amigo do meu primo, o filho da minha ama, o filho de um casal amigo de anos dos meus pais. Porque haveria eu de rejeitar?
Foi interessante, acho que em oito anos, pela primeira vez trocámos mais palavras do que um simples "olá, tudo bem? Manda beijos lá em casa".
Vi-o naquele dia e passou, até porque logo de seguida eu fui para Portugal fazer ferias, é sempre bom passar ferias no nosso país e fazer um intervalo da vida na Suíça.

Foi no processo em que me enlouquecestes que eu me cureiWhere stories live. Discover now