Capítulo III: O vento frio da noite.

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Ar frio e desértico parece congelar cada glóbulo de meu sangue, a certa altura descemos dos camelos e decidimos cortar a distância a pé, e entrar na arena pelo mesmo lugar onde saímos. A apreensão pela segurança de Yvennia é constante em mim, mas me concentro em abrir a porta de ferro fundido, com o menor ruído possível.

Demos sorte, os desgraçados devem ter ido direto para a nossa sala, e se déssemos mais sorte ainda, estariam lá até agora, apenas nos aguardando.

Como cordeirinhos em pele de lobo, prontos para o abate.

— Ghost, me cobre. — Murmuro e ouço um grunhido seguido do engatilhar de uma arma, como resposta.

Estou quase dando um passo para dentro do corredor, uma completa escuridão é tudo que me recebe, quando ouço um barulho do lado de dentro.

Um arrepio varre minha espinha, raiva borbulha em meu sangue, cerro minha mandíbula e coloco Yvennia atrás de mim. Ouço passos do lado de dentro e pelo assovio baixo, quase como se estivesse distraído, assim como um silvo metálico, sei que é um dos desgraçados, provavelmente afiando uma faca enquanto aguarda.

Encaro Yve, que parece completamente calma quando abre a bolsa do bebê que trouxe até aqui, para me fazer encarar com um sorriso, a mulher escondendo a arma atrás de suas costas e usando as fraldas de pano de Märk, para enfaixar as mãos.

Vai ser uma experiência vê-la lutando corpo a corpo.

Chega de enrolação, tem uma comissão de boas-vindas esperando.

Me viro novamente para ver o que está acontecendo, deixo minha mão esquerda perto da base de minhas costas, para caso precise pegar minha arma, mas mantenho a faca de Ghost empunhada enquanto entro no corredor devagar, um cuidado extremo para não pisar em algo barulhento.

Faço um sinal para que Yve me acompanhe, envolto pelas sombras no corredor, com cheiro pungente de mofo, uma postura encolhida para que minha cabeça não bata no teto, me aproximo do homem distraído e ele não tem tempo de ver o que o atingiu, quando agarro sua cabeça e o puxo para onde estou, longe da luz.

Ele tenta gritar, mas antes que tenha como, tampo sua boca e com um movimento rápido, o degolo num corte profundo que faz o sangue espirrar e uma poça se formar no chão, enquanto ele se debate. Logo seu corpo se aquieta, o deixo deitado onde não vai vê-lo e limpo a lâmina em minha camisa.

Sinto uma mão tocar meu quadril, quando olho para baixo é Yve me falando para me afastar, o faço e assisto a mulher olhar para a curva do corredor, ela nem mesmo hesita antes de levantar a mão em que porta sua arma e atirar. São dois tiros e provavelmente dois atingidos, já que após o primeiro disparo, um homem gritou de surpresa, e após o segundo, Yve ela está ganhando território pelo corredor.

Gritos ecoam pelo lugar, obviamente sabem que estamos aqui e só nos resta acabar com essa palhaçada de uma vez.

Sigo Yvennia pelo corredor, e é simplesmente a coisa mais excitante que já vi, a forma com que seus olhos estão tão escurecidos que mais parecem um buraco negro, prestes a engolir tudo a sua volta. Mas parando com a poesia, não é tão bonito quando a sola de minha bota, atinge a cabeça de um cara que derrubei, esmagando seu crânio, enquanto os grunhidos causados pela queda mal haviam cessado.

Não são muitos, dez exatamente, pelo que o cara que Yve estourou os miolos lhe disse — esperava que fosse escapar com vida, caso falasse — e pelas minhas contas, só faltam dois.

Os outros, ou foram alvejados pelas balas de Yve, tiveram os pescoços quebrados por Ghost, ou foram degolados por mim. Consegui alguns cortes, um no abdômen que está um pouco profundo e queima pra caralho, **dois tiros de raspão na coxa e cabeça, e uma facada fudida de tão feia em meu braço, quando um imbecil tentou acertar minha mulher.

𝙳𝙴𝚂𝙴𝚁𝚃 𝚁𝙾𝚂𝙴.Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ