Aves de Rapina

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⚠️AVISO:⚠️ RACISMO, ABUSO E GATILHOS EMOCIONAIS.

Esse capítulo tem referência à música "Never" de Mag .lo ft. o_super

Está solitário....e quieto...não me imaginava em um lugar assim um dia, mas cá estou, voltando para casa depois de um dia difícil de trabalho, não sabia que horas eram, mas pelo breu assumia estar de madrugada e estava tão frio...sim...muito frio, o casaco vagabundo que usava mal fazia seu trabalho. Queria chegar em casa o mais rápido possível, já desafiava as leis de sobrevivência atravessando o Brooklyn a pé durante a madrugada, mas algo a mais martelava minha mente, eu precisava estar em casa...

Nunca (nunca), ahh. Nunca...

Uma luz dourada tremelicava vindo do beco a minha frente, não havia percebido ao longe, de certa forma aquilo me atraía como uma mariposa era atraída pela morte...

Nunca conheci alguém como você

No beco haviam algumas pessoas tentando se aquecer nas chamas que queimavam sobre um velho latão cheio de lixo, não importava o quanto me esforçava não conseguia encontrar seus rostos, é como se não os tivessem, realmente não conseguia ver suas verdadeiras faces...

Nunca (nunca), ahh. Nunca...

Suas mãos alcançavam o fogo, logo quebrando a barreira gélida de suas mãos, porém almejaram mais, além do necessário e emergiram suas mãos nas chamas que rapidamente espalhavam-se por seus casacos até seus corpos e rostos imperceptíveis, deveria ser uma dor alucinante, um desespero, mas por algum motivo eles continuaram como estátuas sem vida...e eu também enquanto os via carbonizar...

Nunca conheci alguém como você

Não perguntei, não ofereci ajuda, não chamei ajuda apenas deixei os demônios com seus demônios, não há mais nada a fazer. Reconhecia que era um longo caminho até em casa, mas estava demorando mais do que o esperado, eu lembrava onde morava? Quando me questionei sobre isso, pela primeira vez naquela noite tive alguma emoção. Auto dúvida.

Nunca....

As casas pareciam ser idênticas, e por algum motivo os números de suas portas eram irreconhecíveis, mas uma delas se diferia das demais, era a única com as luzes acesas. Como se fosse um fio de vida corri em sua direção, no entanto ao tentar forçar a porta notei que algo faltava. Chave...

(Nunca)

Procurei em todos os bolsos do casaco, pareciam haver mil bolsos, mas nenhuma chave. Eu esqueci minhas chaves? Não perdi tempo refletindo o passado então toquei a campainha, afinal eu tinha certeza de que ela me esperava em seu leito caloroso

Ahh...

Uma, duas, três, quatro, cinco vezes eu tocara aquela campainha, mas não havia som, não havia resposta, ela não atendia, mas não queria desistir, não aguentava mais estar no escuro e no frio. Então chamei por ela, mas só o que deixou meus lábios fora um suspiro sôfrego.

-Socorro...

Não era isso que pensava em dizer, porém fez com que a porta se abrisse vagarosamente em um ruído longo, lá dentro estava tão escuro quanto do lado de fora...

Nunca

Por fora a casa parecia tão iluminada e convidativa, entretanto seu interior parecia uma versão restrita da rua mórbida, então eu entrei e encostei a porta atrás de mim. A primeira coisa que fiz foi procurar um interruptor, quando o encontrei e o acionei toda a casa se iluminou, isso me deixou feliz...

Isso está obsessivo...

Deixei meu casaco em um canto e fui para cozinha, coloquei água para ferver em uma chaleira e fui procura-la. Procurei na sala, no banheiro, nos quartos, no sótão, na lavanderia e nos fundos, não lhe encontrei. Assim que voltei para a entrada reconheci sua silhueta parada em frente a porta aberta para a rua agora também iluminada, sem demorar e permitindo que a saudade me consumisse agarrei seu corpo em um abraço apertado e emocionado. Ela estava tão fria.

-Você precisa acordar...


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Anestesia - One Piece x OC [AU Moderna]Where stories live. Discover now