Capítulo 3

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Uma semana depois

Gabriel Barbosa

Desliguei o celular depois da quinta ligação perdida de Rafaella, não estava com cabeça para ter uma conversa séria, era resenha do time, e eu com certeza não iria discutir relação agora.

Na verdade, não havia mais nada, só uma Rafaella inconveniente, que não aceitava o fato de eu ter conseguido me libertar de tudo que me deixava conectado a ela, eu era dependente emocional e ela adorava usar isso ao seu favor.

Subi as escadas do camarote observando toda aquela movimentação, corpos se mexiam ao volume máximo de uma música que já estava no final.

- Ó quien llego! -Arrasca me puxou e eu me juntei a eles na mesa, cumprimentando todos.

Passei os olhos por todo local, procurando alguém em específico , claro que ela estaria aqui.

Encostada nas barras de ferro que rodeavam o lugar, seus braços folgados e jogados, enquanto conversava com sua prima, a mesma da festa.

Me aproximei sem pensar duas vezes, não deixaria acontecer a mesma coisa da última vez que nos vimos, dessa vez eu conseguiria ao menos o número dela.

- Viu, Giovanna? Avisei que ele logo chegaria. -Júlia comentou e saiu, deixando para trás uma Giovanna desconcertada.

- Você estava me esperando? -ela arregalou os olhos.

- Não é isso, Júlia não parava de falar em você e comentei que você talvez não viesse.

- Uma pena não estar me esperando, porque eu queria muito te ver! -chamei sua atenção e recebi um sorriso.

- Sério? -perguntou confusa, mas o sorriso ainda estava lá.

- Não nos falamos direito na primeira vez, queria te encontrar novamente. -cheguei mais perto e também encostei nas barras de ferro, ficando ao seu lado. - Quer sair daqui? Podemos descer e ir lá fora.

- Claro! -passamos pela mesa e ela pegou uma coca cola, coloquei as duas mãos em seus ombros, indo atrás dela enquanto descíamos as escadas.

O vento frio nos alcançou assim que saímos e som se tornou mínimo do lado de fora.

- Está frio, se quiser voltar!

- Para mim está ótimo, podemos nos sentar na calçada?

- Com certeza -nos acomodamos e ela trouxe o joelho para perto do colo, me observando em seguida, esperando que eu falasse alguma coisa. - Por que veio morar aqui?

- Eu passei para uma universidade daqui, e era a que eu queria, então tive que mudar!

- Está se adaptando bem?

- Eu vinha sempre nas férias e achava o máximo, mas vir morar é outra história, sou muita apegada com meus pais e com toda a vida que eu tinha, a experiência é incrível, mas bem difícil.

- Entendo você -ela prestava atenção em tudo, era legal. - Não sou daqui, tive que mudar quando comecei a jogar no Flamengo, nunca havia saído de perto da minha família, chorava quase todos os dias.

- Estou nessa fase, só faz uma semana e parecem meses, não posso falar com minha mãe que já quero chorar com saudades.

- É um processo, com o tempo você melhora.

- Espero que sim! -as mãos apoiadas na calçada, uma de cada lado do seu corpo, os joelhos já estavam baixados. Virou o rosto para o lado e mais uma vez estávamos nos encarando, os olhos brilhando, foi como ver o mar.

Toquei seu rosto e senti sua pele, a fragrância doce do seu perfume exalava, fiquei inebriado com seu cheiro, coloquei a mecha de cabelo que insistia em cair, para detrás da orelha e me aproximei, a beijando pela primeira vez. Os lábios tão doce quanto seu cheiro. Fechei a mão em um pouco de cabelo dela e puxei levemente, sua respiração ficou pesada, nossas línguas brigando por espaço, o calor subindo pelo meu corpo.

Era quase combustão.

- Passou à noite toda em cima de mim pra isso? -me perguntou quando paramos. - Me beija de verdade, Gabigol. -sorri com ela.

- É pra deixar você com saudades e me ligar pedindo mais, e outra, tá achando que sou fácil assim?

- Você é terrível -passou a mão na minha nuca. - De todo caso, tenho que ir, a semana foi agitada, parece que um caminhão passou em cima de mim.

- Levo você! -ofereci.

- Não precisa, vou voltar com a Júlia, fica pra próxima . -ela me deu um selinho antes de levantar e ajeitar seu short que embolou um pouco.

Foco no rosto, Gabriel e não na bunda.

- Você não me deu seu número! -tirei meu celular do bolso e desbloqueei entregando para ela.

- Obrigada por me escutar, às vezes eu falo demais e obrigada por me tirar de lá de dentro, já não aguentava mais aquela música alta. -me devolveu o celular e acenou me deixando para trás.

Linda demais.

ᴛᴀᴋᴇ ᴍʏ ʙʀᴇᴀᴛʜ ᴀᴡᴀʏ | ɢᴀʙɪɢᴏʟWhere stories live. Discover now