Capítulo 22

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Millie

"Ruivinha, ruivinha"
"Léo me disse que está de namorado novo, é sério?"
"Ele sabe sua situação? Ou vai enganar esse também?"
"Bryan, não é?"
"Seu namoradinho sabe no pau de quem você goza gostoso, Emilly?"

Droga!

Pedi mais de mil vezes para Léo não contar nada pro irmão, mas o que eu poderia querer, afinal, Leonardo sempre foi nosso maior fã.

Tenho medo do que Tyler pode fazer, não que ele seja apaixonado por mim ou coisa do tipo é mais como uma obsessão talvez até um pouco doentia, eu admito.

Ele pensa que me salvou na pior época da minha vida. Me apresentou o melhor que nosso dinheiro podia pagar. Trepamos como dois coelhos por meses, até que eu recomecei meu tratamento e percebi que com ele só tinha uma fuga da realidade, um placebo para uma coisa complexa demais.

Na época eu tinha um namorado, não era nada muito sério, mas ele não tinha ciência dos meus... problemas. Ty ficou puto porque terminei com ele e se achou no direito de contar não só sobre meus problemas, mas também como filmou e mandou um vídeo nosso transando.

Eu era uma escrota naquela época, dói me lembrar como magoei minha família e meus amigos. Não tem um só dia que não me arrependa de fazer minha mãe chorar. É por isso que eles estão sempre agindo como se tivesse uma bomba morando com eles, porque realmente tem e eu posso detonar a qualquer minuto e o estrago na minha família seria imenso.

Com o tempo Ty e eu nos acertamos, ele não era uma pessoa ruim, só impulsivo, assim como estava sendo agora.

Releio as mensagens. Não tenho cabeça para o responder agora, preciso me concentrar na minha mudança.

A melhor oscilação que seja me causa ansiedade e por sua vez ativa meus gatilhos.

Comer demais e sentir a culpa pesando e te consumindo pouco a pouco.

Não comer nada e olhar no espelho e ver a farsa que é.

O enjôo sobre até minha boca só de pensar.

Ninguém me conhece de verdade, a eu com remédios ou sem eles não é nada comparado a verdadeira podridão.

Tyler conheceu o pior do meu pior e mesmo assim ficou.

– Filha, está tudo bem? – Mamãe pergunta na soleira da porta. – Você já...

– Já tomei meus remédios, mãe, não se preocupe – Respondo em um suspiro cansado. Bloqueio a tela do celular e me sento na penteadeira.

– Eu ia perguntar se já estava pronta mocinha – Ela dá um sorriso ladino e vem até mim pegando a escova de minha mãos e alisando meus cabelos.

Quase consigo ver as rugas de preocupação ao redor de seus lábios e olhos. Minha mãe está preocupada, mas não vai se abrir a menos que eu o faça primeiro.

– Eu... Ahn... – Começo a murmurar coisas sem sentido tentando encontrar um assunto que a faça esquecer os problemas por hora, mas sem levar a coisas profundas demais que possam me incomodar.

Estou feliz e pretendo continuar assim. Dane-se que estou tapando o sol com a peneira.

Estico a mão e pego meu caderno de desenhos.

– Não é nada demais, mas desde que voltamos de viagem tenho feito alguns rabiscos – Revelo folheando para que ela possa ver.

Desde possíveis tatuagens à peças de roupa que surgem do nada em meus pensamentos.

Minha mãe olha os desenhos com admiração pura e genuína. Tenho orgulho de dizer que minha família é a maior apoiadora dos meus sonhos.

– Millie... – Ela começa, incerta de como se expressar. É sempre assim quando o assunto sou eu – Você está feliz, não é? Está bem, está no controle, se cuidando, está certa de que é isso mesmo que quer para sua vida, apaixonada. Não é? Você... Está tudo certo, não é meu doce?

A forma afoita como as palavras escapam de seus lábios me faz rir.

Céus, como eu amo essa mulher.

– Mamãe – Chamo vendo-a tomar uma respiração mais funda, ela ama quando a chamo assim. – Está tudo perfeito. Consegui transferir meu tratamento para lá, achei o apartamento perfeito e B encontrou quem o decore por mim, a faculdade está mais do que certa e eu... Eu estou muito bem, mãe.

Ergo os olhos através do espelho vendo-a secar algumas lágrimas.

– Isso me deixa tão feliz, meu doce. Tudo o que me importa é que esteja bem.

Me levanto e a abraço sentindo seus beijos em meu cabelo. E esse é o melhor lugar para se estar.

***

Bryan

Três dias porra!

Só mais três dias e então vou ter minha raposinha colada em mim.

– Nunca o vi assim antes – Ouço Liv sussurrando para Cath.

– Isso é estranho pra caralho – Kent expressa a opinião que consegue formar com seus dois neurônios.

– Eu posso ouvir vocês, porra! – Grunho irritado.

Estamos no apartamento de Emy, tudo está pronto exatamente como ela pediu e até mais, só que estou ansioso, não sei. É como se eu estivesse contando os segundos para voltar a respirar.

Além disso ela mandou a maior parte das coisas a alguns dias e talvez eu goste de dormir abraçado com um de seus vestidos, mas só talvez.

– Cara, se você estiver precisando de ajuda pisca três vezes – Kent provoca.

Os trigêmeos saíram a mãe, quem dera tivessem puxado o tio Sam, seriam muito mais civilizados.

Tia Lena é a típica pessoa que perde o amigo, mas não a piada.

– Oi, cheguei – Rose diz atrás de nós entrando no apartamento de Emy. – O que estão fazendo aqui? Achei que já estava tudo pronto.

– O seu irmãozinho aqui, não consegue se controlar – Liv informa com puro deboche.

Ridícula.

– Ah gente, não me digam que também não estão ansiosos para conhecer ela – Rose anda pelo apê como se fosse sua casa, abrindo a geladeira e fuçando. – Quer dizer, ela conquistou o Sr. Eu não namoro.

– Chega de me encherem a paciência, dêem o fora daqui – Resmungo irritado.

– É, vamos embora gente – Liv cantarola e sei que suas próximas palavras irão me irritar – Bryan tem muitos vestidos para cheirar.

Antes que eu possa sequer reclamar os quatro correm porta afora.

Quando eles falam assim faz parecer que sou um lunático.

Não é como se eu fosse obsessivo, eu só gosto de sentir o cheiro da minha garota enquanto eu não posso estar colado em seu pescoço 24h por dia.

♥️♥️♥️

Minha MillieWhere stories live. Discover now