Minha Millie

Capítulo 17

Saindo do quarto de Emy esfrego a cabeça me sentindo completamente desorientado, me arrependi de dizer aquilo no instante que saiu da minha boca. Eu, de fato, não presto para relacionamentos, mas ver a voz dela mudar drasticamente de felicidade para tristeza, fez com que eu me sentisse um idiota.

Emilly está me deixando confuso, completa e totalmente. Eu soube, no momento em que a vi naquele aeroporto como uma maldita patricinha gostosa, eu soube que os problemas surgiriam como uma neblina espessa e que me arrastaria diretamente até ela.

Dei alguns passos chegando no meu quarto, entrei indo direto até o chuveiro e tomei um banho. Quando sai, vesti a primeira roupa que peguei e decidi dar uma volta, eu precisava, urgentemente esfriar a cabeça para conseguir pensar claramente.

Não posso e não quero magoá-la, não quero que ela nunca mais me dê seus sorrisos doces e gentis, não quero que ela me trate como se eu não importasse na sua vida, porque eu quero ser importante para ela.

Meus pensamentos e sentimentos são como um turbilhão, me sinto confuso e irritado. Eu gosto daquela garota. Céus. Eu realmente gosto dela, Emy não é como eu pensei que fosse, ela é gentil, frágil, humilde, doce e educada. Completamente diferente da garota fútil e sem emoções que ela finge ser.

Tudo, tudo o que eu queria era voltar àquela casa, entrar em seu quarto, agarrar sua cintura e beijar seus lábios macios. Queria a beijar tanto até que sua boca ficasse dormente e ela me implorasse para fudermos loucamente, sem nos importarmos com seus pais no andar debaixo, sem que eu me importasse se eles ouviriam ou não.

Eu levaria uns socos com prazer se fosse o caso, mas ao mesmo tempo que eu sei que a quero mais do que tudo, eu também sei que seria difícil demais. Logo ela estaria na faculdade e veria como as pessoas de lá me veem. Um riquinho babaca e pegador que só pensa em bucetas e peitos. E eu gostava da forma como ela me olhava agora, gostava que mesmo ela sabendo como eu vivo minha vida ainda me tratava de maneira gentil, mas isso mudaria quando ela chegasse lá, eu sei que mudaria.

E, por mais que alguns pensem que tenho coração de gelo, eu ficaria magoado, como uma criança de cinco anos que não ganhou o brinquedo que tanto queria, se ela me rejeitasse. Tentei me manter o mais afastado possível desses sentimentos, mas perdi tudo quando vi aqueles cabelos como chamas voando ao redor do seu rosto.

Me sinto um completo idiota por tê-la magoado, tenho vontade de ir até agora mesmo, me ajoelhar à sua frente e implorar seu perdão como um idiota apaixonado, no entanto, aceno para o barman e peço um uísque.

Depois da quinta ou sexta dose, estou tagarelando na cabeça de uma garota que se aproximou de mim. Tenho certeza de que sua intenção não era apenas se sentar e conversar com um cara solitário em um bar, porém eu me recusei veementemente a ceder a suas investidas, ao invés disso, estou falando sobre o quão idiota me sinto por tudo o que fiz hoje. A garota ruiva ao meu lado, parecia-se com Emilly de um jeito perturbador. Ela deve estar me ouvindo falar a cerca de uma hora e meia, mas não parece entediada, as vezes dá risada com as coisas que falo, as vezes me dá broncas pelas minhas atitudes.

Na oitava dose pergunto seu nome.

Chloe.

Conversamos por mais uma hora e três doses, ela me acompanha bebendo uma cerveja. Se esquiva quando lhe faço perguntas pessoais e sorri quando falo de Emilly. Pergunta como ela é, o que sinto por ela e se ela têm algum irmão ou irmã.

Me sinto a vontade para falar da minha vida com Chloe, ela é paciente e não liga de me dar broncas quando estou errado.

- Acho que você deveria ir para casa agora, B - Ela diz logo após mandar que o barman não me servisse nada mais além de água - Vá para casa, durma e descanse, amanhã converse com Millie e diga tudo isso que me disse. Se eu fosse ela, ficaria tentada a te perdoar se soubesse dos seus sentimentos. Se abra com ela, tenho certeza de que vão se resolver.

- Tudo bem - Cedo, estou mesmo cansado, e se que se não parar agora vou acordar com uma puta ressaca.

Levo a mão até o bolso de trás e pego minha carteira. Tiro algumas notas que presumo ser o suficiente para sanar o pequeno prejuízo que causei ao estoque deles. Pego um montinho de notas e ofereço a Chloe.

- Pegue

Seu rosto antes sereno se transforma em uma careta.

- Não preciso disso, B. Conversei com você por vontade própria e me pagar por isso me faz pensar duas coisas. Ou a faculdade de psicologia tem mais efeito do que eu esperava, ou minha roupa me faz parecer uma puta - Ela olha para o próprio corpo analisando criticamente o vestido verde esmeralda que colava em seu corpo abraçando todas as curvas do seu corpo. - Espero mesmo que seja a primeira opção, porque paguei caro nessa belezinha aqui e gostaria de poder usar mais algumas vezes sem parecer que quero transar com todos.

- Só estou pagando pela cerveja, Chloe

- Bom, gatinho, isso pagaria fácil vários barris de cerveja. Não acho que eu consiga beber tanto - Diz em um tom divertido.

- Certo... Pode me ajudar a arrumar um táxi? - Pergunto, sentindo que a bebida começou fazer efeito.

- Claro - Ela dá de ombros me guiando até o lado de fora.

Em poucos minutos um taxista para ao seu lado e mesmo bêbado posso ver os olhares dele em seu corpo.

- Pode levar meu amigo para casa? - Pergunta sorrindo e se inclina para falar com o motorista

Os olhos do babaca pulam diretamente para o decote dela. Chloe não parece se incomodar.

- Ele acabou bebendo demais e quero que ele chegue em casa bem.

O motorista assente, só agora se virando para me olhar, seus olhos se reviram quando ele me encara.

- Não quero um bêbado vomitando no meu carro - Resmunga voltando a encará-la.

Chloe puxa o dinheiro ainda presente na minha mão e joga no banco do carro.

- Acredito que isso pague uma excelente lavagem a seco e o percurso - Chloe abre a porta traseira e me empurra lá dentro. - Escrevi meu número na sua mão, me liga se precisar de mais conselhos ou se quiser que eu te ajude a convencer sua namorada a te dar outra chance.

♥️♥️♥️