Seis mundos: Vinganças e retaliações (Parte 2)

Capítulo Dez

- Isso significa que ela está viva? O elo funcionou?

- Aparentemente sim. Porém a reação não foi imediata, isso me preocupa. Com todos os espectros que estão lá fora, algum pode ter se apossado do corpo sem vida de Kastian. Temos que ter muito cuidado. Se ela acordar mais cedo do que deveria, saberemos que não é nossa rainha que está entre nós.

- Dez anos em um berço natureza, dez anos sem você. - Estella sussurra melancolicamente.

- Khione, posso falar com você um instante? - Demir me chama levando-me Lara um canto. - Acho que deveríamos nos separar. Duas equipes, uma destinada a cuidar de Kastian e vigia-la caso ela não seja ela mesmo. E a outra encarregada de tentar descobrir o que Psyche está tramando com a necromancia e também descobrir mais coisas referentes aos deuses da magia e abrir a anomalia novamente como Arwen disse.

- Como você sabe sobre? Eu não contei a todos ainda...

- Deveria saber que seu tio é o híbrido mais fofoqueiro dos seis reinos, ele me disse assim que chegaram.

- Concordo, talvez abrir a anomalia novamente nos ajude com as questões de Psyche.

- Certo, direi aos demais que iremos ir até Devin investigar.

Saio do quarto onde irão manter Kastian e vou para meus aposentos, onde novamente Psyche aparece, porém dessa vez creio ser a original.

- Conseguiu vizualizar um pouco do que posso fazer? Não é nem o começo. - Diz, mas algo chama mais minha atenção do que suas palavras, seu rosto. Uma expressão de confusão passa por seu rosto por alguns segundos, como se ela estivesse perdida, como se algo estivesse errado. Os espectros estão a controlando mais do que ela está controlando a eles, seu fim é iminente. Céus, se não fomos capazes de derrotar completamente um único demônio, como seremos capazes de derrotar tantos adormecidos a tanto tempo e com sede de vida.

- Você tem cinco segundos pra sair da minha frente antes que se arrependa de ter vindo aqui. - Digo já sentindo meu corpo arder em chamas.

- Nós viemos bem antes de você criança, não temos medo do seu fogo. - Tento roubar o fôlego de Psyche para ver se isso surte algum resultado em afastar dos demônios dentro dela mas eles riem. - Já estamos mortos, está nos fazendo um favor a deixando mais fraca, assim poderemos controlar esse corpo medíocre em direção a nossa vitória. Bom, foi um prazer revê-la pessoalmente Khione, gostaria que se juntasse a nós, pensei que nos entenderia.

- Entender o que? Que vocês foram despertados pela ganância do demônio ao qual estão possuindo?

- Acho que não sabe quem realmente somos. - Riem estranhamente tristes. - Ainda tem muito a aprender. - Falam por fim desaparecendo.

- Pronta para ir? Já comuniquei aos outros. - Ele me olha e provavelmente estou mais pálida que o normal. - O que aconteceu?

- Psyche novamente, dessa vez em carne e ossos. Entretanto não Psyche de fato, e sim os demônios que a estão possuindo. Falando algo sobre como acharam que eu os entenderia. Definitivamente estão a dominando por quase completo.

- Ela se destruiu sozinha, não se sinta pena. - Meu rosto deixa transparecer algum indício de compaixãom

- Não sinto, ela está tendo o que merece. - Digo, contudo seus olhos perdidos e confusos repassam em minha mente. Não parecia a Psyche que conheço naqueles olhos.

- Vamos, Devin nos aguarda. - Nos teletransporto e estamos em meio a terra natal de Mykal.

- Pelo que Arwen disse no pergaminho, a anomalia foi fechada em alguma parte daqui.

- Creio que tenha sido na fronteira com o Inferno. - Diz caminhando até a fronteira.

- Por que acha isso?

- A energia desse local sempre foi diferente do resto. Olhe, a vegetação daqui não é lá essas coisas, mas nem ao menos os animais passam por ali. Nem uma relva seca permanece.

- Faz sentido.

- Como pretende reabrir a barreira fechada?

- Não pensei ao certo sobre isso. Talvez eu só precise toca-la não é mesmo? Sou uma deusa da magia, talvez só isso seja o suficiente.

- Eu duvido muito.

- Eu também, nada é tão fácil para nós.

- Esse é o ponto, a partir daqui é com você. - Ele fala se afastando um pouco do local morto. Respiro fundo, fecho os olhos e avanço. Meu corpo formiga e a sensação é parecida com a que tive na primeira vez que fui teletransportada, meu corpo se choca contra a magia selada e não sei o que fazer para reabri-la, Arwen poderia ter deixado um manual de instruções. Arwen! Ele era um dos primeiros, e como conheço meu avô, provavelmente ele foi o próprio a fechar a barreira, deve haver algum enigma aqui, alguma pista de como desfazer o feitiço que sela a passagem. Tateio a barreira e com o toque pequenas chamas formam palavras, certamente coisa de Arwen. "Se a barreira foi ativada significa que você que está vendo isso é um deles, então ou falhamos em exterminar toda essa raça, ou finalmente tomamos noção e começamos a coexistir em paz. Seja qual for não há mais motivos para que ela continue fechada, já que vocês estão entre nós. Somente os deuses podem desativar esse feitiço. Canalize todas as suas magias ao centro, e abrirá a anomalia novamente, espero que saiba o que está fazendo." Respiro fundo mais uma vez, a última que que usei todas as magias de uma única vez me tornei algo incontrolável até para mim mesma, então pode ser que não seja tão agradável o que está prestes a acontecer.

- Demir vá para longe, não sei o que pode acontecer.

- De forma alguma, vou ficar aqui com você. - Sinto a energia do poder crescer em meu corpo, eu vou me descontrolar a qualquer segundo.

- Vá para casa Demir, agora! - Finalmente ele obedece e se vai. Irrompo em uma luz branca que silencia todos meus sentidos. Sinto como se meus ossos fossem virar pó, minha razão sai de minha matéria e consigo vizualiza-la de fora. Meus átomos se juntam ao feitiço da anomalia e eu a atravesso. O vazio, apenas escuridão envolta por um único e minúsculo ponto de luz que é a entrada para os seis mundos. Em meio a penumbra vejo pequenas esferas quebradas, creio que os primeiros deuses da magia tenham saído daqui. Depois de alguns minutos que facilmente poderiam ter sido horas, atravesso o ponto de luz e estou de volta a Devin. A barreira foi quebrada.