Capítulo Três

46 10 1
                                    

— Khione? — Chamo a ruiva assim que adentro o local. Observo o ambiente e a vejo abrindo lentamente os olhos na cama. — Oh, não sabia que estava dormindo, normalmente não costuma dormir tão cedo. Desculpe por incomodar, volto outra hora.

— Está tudo bem. Pode ficar, o que queria? — Diz ainda sonolenta.

— Ver como está. Aliás só te vejo quando venho aqui, já que você se recusa a ir a superfície.

— Viu Mykal sair? — Fala, não dando ontinuidade ao assunto que comecei.

— Não, só você estava aqui quando entrei.

— Eu vou voltar. — Afirma em sequência.

— Quando? Diz isso desde a primeira semana. E agora já se passaram meses.

— Tem razão. — Assente se recostando na cabeceira. — Mas pelo que conheço de você e de seu rosto, tem mais alguma coisa a me contar, estou certa?

—  Está. — Sento ao seu lado e minha expressão muda completamente.

— Estou preocupada com Kastian. Desde que, bem, você sabe.

— Desde que Lyssa morreu. — Completa por mim.

— Sim, desde esse fatídico episódio sua saúde está cada vez pior. Ela está sendo mantida de pé por cápsulas que usa. Não sei o que fazer e ela também não. Preciso da sua ajuda.

— E em que eu poderia ajudar?

— Primeiramente a descobrir o que está acontecendo com ela. Logo depois, ir comigo até a Terra, tenho a ligeira impressão de que em breve veremos novamente por aqui um ser do qual não nos agradamos, então prefiro conferir o que ela planeja antes que efetue.

— Como sabe que Psyche está na Terra? Ela poderia estar em qualquer lugar dos seis reinos, o último refúgio para onde iria seria lá. Ela odeia humanos.

— Quando Psyche estava fugindo depois de perder a batalha, eu acoplei um tipo rastreador em seu tornozelo sem que ela percebesse. O monitor que controla o chip mostra que ela está na Terra, e que tem andando por muitos lugares do planeta.

— Você me surpreende cada dia mais com sua inteligência Estella. Deveria ter me contado isso a muito tempo.

— De fato deveria, se ao menos visse seu rosto no castelo.

— Um excelente argumento.

— O que diz? Irá me ajudar ou pretende passar o resto de seus dias trancada e acorrentada a esse cubículo?

Khione

Minha sede de vingança se opõe a minha melancolia, quero encontrar aquele demônio, quero fazê-lo sofrer, e para isso é necessário que eu saia deste lugar.

— Muito bem, quando pretende ir a Terra?

— Logo depois de descobrirmos o que está deixando Kastian fraca e doente.

— Tem alguma pista? Algum palpite? Qualquer dedução que não nos deixe em completo escuro?

— Creio que tenha algo relacionado com a morte de Lyssa, é o mais óbvio. E também deduzo pelo que a rainha élfica me relatou que sua infância e algo que aconteceu nela sejam resultantes disso.

— Então por onde pretende começar?

— Antes de Elphia ser no ambiente onde estávamos acostumados a vê-la, o castelo ficava separado das demais casas do reino, em uma parte remota da floresta. Justamente pelo fato da princesa ter nascido doente e não poder ter contato com os demais elfos. As ruínas devem estar preservadas até hoje na floresta. A entrada naquela parte foi proibida por Eos, mãe de Kastian quando ela melhorou, e acredito que minha amada companheira tenha se esquecido dele quando se tornou rainha, ou apenas não tinha interesse em visitá-lo. Mas agora, podemos achar alguma informação sobre o que fizeram com ela e ver se isso tem relação com seu estado atual.

Seis mundos: Vinganças e retaliações (Parte 2)Where stories live. Discover now