1: Por que?

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Crowley estava sozinho em um bar, tinha com ele uma garrafa de vinho pela metade e uma taça quase vazia. Seus olhos estavam cheios de lágrimas enquanto ouvia a música do bar, era uma música que de certa forma era feliz, mas Crowley só conseguia pensar em Aziraphale enquanto a ouvia.

Já fazia 2 dias desde que Aziraphale voltou para o céu com Metatron, porém Crowley ainda não conseguia compreender ou aceitar isso.

Por que? Por que ele deixaria a livraria? O que houve com os tons de cinza em que nos encontrávamos...? Isso não faz sentindo algum! Será que eu perdi alguma coisa? Será que eu deveria fazer algo?
Essas eram algumas das perguntas que passavam repetidamente pela cabeça do pobre demônio.

Algumas horas se passaram, Crowley ja estava bêbado demais para sequer andar direito. Ele pediu para a Bentley leva-lo para a livraria, ele queria passar um tempo lá antes de ir para o beco onde normalmente estaciona para dormir.

A livaria estava fechada, uma placa de "volto logo" estava pendurada na porta, isso quer dizer que Muriel saíra para fazer algo. Crowley entrou na livraria utilizando a chave que Aziraphale deu a ele, ele perambulou pelos corredores escuros e silenciosos, corredores que antes eram repletos de vida e amor, mas que hoje, eram apenas corredores vazios e frios, os livros que antes ficavam levemente desorganizados, livros que contavam as mais belas histórias, hoje eram apenas papeis com palavras escritas, e todos os livros estavam em ordem alfabética, algo que Aziraphale nunca fazia. Crowley notou a falta de alguns dos livros, Muriel havia vendido eles provavelmente...

Crowley se sentou no sofá, olhando para a mesa e a cadeira onde Aziraphale costumava se sentar quando os dois se reuniam para beber e conversar, o lugar agora tinha apenas objetos anjelicais, objetos que pertenciam a Muriel. Crowley olhou ao redor, e ele nunca se sentiu tão sozinho quanto neste momento, sozinho na livaria vazia, a livraira onde ele e aquele que ele amava mais do que tudo costumavam a se encontrar, a pequena plantinha que Crowley deu a Aziraphale estava começando a muxar, Muriel aparentemente não sabia como cuidar dela.

Crowley subiu as escadas para o que deveria ser o quarto de Aziraphale. O lugar claramente não era utilizado a um tempo, as coisas de Aziraphale como seus óculos de leitura e um livro ainda estavam ali. Mas mesmo assim, Crowley não conseguia mais sentir a presença do anjo no local, fazendo-o derramar uma lagrima e se sentar na cama para se acalmar um pouco.

Não posso ficar aqui, tenho que sair antes que Muriel volte...
Ele pensou antes de se levantar e caminhar até o armário de Aziraphale, pegar um de seus casacos antiquados e então voltar para o andar de baixo, ele caminhou silenciosamente de volta para o carro, ao entrar, Bentley tocou a música "Love of my life" da banda Queen, Crowley tentou desligar mas Bentley não permitiu então ele apenas aceitou e iniciou seu caminho para qualquer outro lugar.

Crowley queria ir embora da Terra, mas não sem o anjo, ele não ficaria sozinho nas estrelas, isso não era uma opção.

Ele estacionou o carro, abaixou o banco e abraçou o casaco de Aziraphale, um abraço firme e triste, ele fechou seus olhos e lagrimas começaram a escorrer por suas bochechas.
Ah como ele sentia falta de Aziraphale, seu querido anjo, o Sol de sua vida, seu porto seguro, ele havia perdido isso, e a dor, a saudade, estavam corroendo ele de dentro pra fora. Ele se perguntava: "anjo, onde foi que eu errei com você?"

Crowley se culpava pela escolha de Aziraphale, e no fundo ele sentia raiva por isso, e sentia ainda mais por ter realmente deixado ele ir. E a pior parte, aquilo que fazia seu coração se partir um pouco mais toda vez que ele se lembrava, o beijo, era pra ter sido a melhor coisa da vida dele, era pra ter sido feliz, não era pra ter sido daquele jeito! Não era assim que ele imaginava, e isso partia o coração dele, e então seu choro ficava mais alto, pois logo após se lembrar do beijo, vinha a parte ainda pior... "Eu te perdoo" ... Oh essa frase, essa frase cortava seu coração cada vez mais fundo, e ele desejava ter com ele uma garrafa de água benta para acabar com essa dor.

Logo, as lagrimas pararam, Crowley caíra no sono.

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Aziraphale estava sentado em uma sala branca, clara até demais para ele. Ele queria ter contado a verdade para Crowley, queria ter explicado porquê ele precisava vir para o céu, mas agora já era tarde demais para pensar nisso.

Aziraphale sabia que Crowley tentaria ajuda-lo a menos que ele deixasse claro que queria ir para o céu, o que era mentira, Aziraphale só foi para o céu pois não havia outra opção... "Ou você vêm para o céu comigo, ou mandarei um anjo para matar seu amigo demônio" essa frase o assombrava, ela o empedia de lutar ou de tentar fugir dele, e ele sabia disso.

A porta se abriu, e dela apareceu Metatron junto a um anjo, Jophiel, Aziraphale não tinha ideia do porquê da visita, apenas sabia que não seria amigável.

"Lembra do que eu te disse quando te trouxe para esta sala a dois dias atrás Aziraphale?" Perguntou Metatron.

Aziraphale se lembrava muito bem, ele se lembrava de perguntar o que Metatron queria com ele e receber a resposta de que Aziraphale ainda era útil para o céu porém precisava de reparos. Aziraphale não tinha ideia do que seriam os tais reparos, mas tinha medo de descobrir.
"Sim, claro que me lembro..." Respondeu hesitante.

"Que bom! Que tal começarmos então?" Metatron estala os dedos e uma cadeira de estofado azul surgiu no centro da sala, o encosto dela estava inclinado para trás e os braços possuíam algemas de couro, ela era grande o suficiente para Aziraphale se deitar nela, e caso fizesse, haviam algemas para suas pernas também. "Deite." ordenou Metatron, Aziraphale obedeceu, suas mãos tremiam de medo, ele sabia que seja lá o que fossem fazer, não seria nada legal.

Jophiel se aproximou e algemou Aziraphale bem apertado, limitando todos os seus movimentos. Jophiel colocou um tipo de objeto metálico na cabeça de Aziraphale, esse objeto ficava apertado em sua cabeça e haviam buracos nos lado dele que Aziraphale não sabia para que serviam.

"Nós nunca fizemos isso antes sabe? Normalmente nós apenas jogamos os rebeldes no inferno, mas sabemos que você tem companhia por lá então vamos te manter aqui até que seja a hora certa de te mandar lá" disse Metatron enquanto checava as algemas. "Por acaso teria algo que você queira dizer antes de começarmos?"

"Na verdade sim... O que exatamente essa coisa faz?" Perguntou Aziraphale se referindo ao objeto metálico preso a sua cabeça.

"Ah sim, ele serve para reconfigurar você, mas ainda não pode ser utilizado, temos que preparar terreno antes, estamos apenas já deixando ele aí pois será mais difícil colocar depois." Respondeu o anjo antes de se virar de costas para Aziraphale e usar um milagre para fazer uma mesa cheia de objetos de tortura.

"E-entendo..." Aziraphale estava cada vez mais assustado e não sabia o que fazer.

Jophiel se aproximou de Aziraphale e cobriu seu rosto com um pedaço de pano. "Isso é pra que você não se desespere antes da hora" disse Metatron enquanto mexia nos objetos da mesa. "Vamos começar?" Perguntou Metatron soando animado.

Eu Não Te Reconheço Mais - GO² fanfic -Where stories live. Discover now