Divindades!

Completamente bobo.

— É compreensível — Kisaki ainda tinha seu sorriso.

— Entenda garoto, você não é o primeiro que vai tentar derrubar o Hanagaki e não vai ser o último. Eu só quero meus territórios de volta, o resto não me importa, então essa sua guerra é sua, não minha.

Manjiro abaixou a arma e a voltou aonde estava anteriormente presa em sua calça. O acompanhante do líder da yakuza interpretou como uma aceitação e guardou a sua, acompanhando então seu chefe para fora da sala que tinham se encontrado com a dupla.

— Você está certo, essa guerra não é sua — Kisaki disse, fazendo o mais velho parar a um passo de sair do cômodo — Mas eu acho que é do seu kobun.

— O que você sabe sobre ele? — Kenichi rosnou se virando para o Tetta. Seu sucessor estava desaparecido a quatro dias, sem contato e sem pistas.

— Ele está bem, apesar de que estar com os três mais violentos da Toman não deve ser exatamente um passeio agradável — Kisaki se recostou no sofá, Mikey deixou um sorriso de lado aparecer.

— Espero que ele saiba entreter seus anfitriões corretamente, Baji tem o costume de socar as pessoas quando está entediado.

[...]

— Você foi muito bem Mikey-kun — Kisaki elogiou enquanto voltavam de moto para o templo.

Mikey estava muito mais sério ultimamente, especificamente a uma semana desde a saída de seus amigos da gangue. Mansaku Sano desde sábado já não estava em casa, e, ainda no dia de hoje, ligou para o neto avisando que não tinha previsão de voltar para casa, havia ganhado uma viagem de Shinichiro para iniciar antes da data que iria retornar. Mikey já sabia disso graças a carta de Shinichiro.

Emma sumiu no dia de domingo junto aos outros, Hanma disse a ter visto andando por Minato com Draken no dia anterior, então a suposição era que a garota pensava igual ao Ryuguji. Shinichiro também não deu mais as caras e Mikey era orgulhoso o suficiente para não ter procurado nenhum deles, acreditando que devia provar estar certo e se sentindo traído demais para não tentar os explicar com palavras. Ignorando tudo que lhe foi escrito no processo, por mais que Kisaki não saiba da existência das cartas de seu irmão. Ninguém além dele sabia.

Essa parte Kisaki agradecia, conversar com os outros que tinham opinião contraria e presavam pelo bem de Mikey poderiam ter alguma chance de o convencer de que estava errado – uma verdade subjetiva. Manjiro ouvindo alguma outra voz poderia ser negativo a seus planos, logo agora que estavam indo tão bem.

Keisuke Baji e Kazutora Hanemiya também estavam colaborando com seus planos de uma forma não esperada, levados principalmente pela raiva voltada a pessoas erradas. Aparentemente os dois estavam em um relacionamento com Chifuyu Matsuno que estava os ignorando deliberadamente desde domingo.

O amor deixava os outros loucos, a prova disso era o próprio Manjiro que estava sendo mais influenciável com Takemichi no meio do que seria com qualquer outro em jogo – a vida de seus amigos como planejava antes.

Bem, Kisaki não era exatamente um exemplo para poder julgar, sua vida na delinquência se iniciou após descobrir que Hinata Tachibana – a garota legal e bonita de sua escola primaria, só tinha delinquentes como amigos. Apesar de ela sempre ser simpática e dizer que ele era legal e impedir que os outros fizessem bullying com ele, ela ainda não era sua amiga, e ele queria que ela fosse sua amiga. Logo querendo mais do que isso.

Uma coisa levou a outra e além de ter se apaixonado pela menina de cabelos e olhos corais, também se apaixonou pelo poder, e, principalmente, por Manjiro Sano, que era como ele próprio gostaria de ser.

Mas Kisaki Tetta jamais seria como Mikey o invencível, ou como o Soberano Insano Izana, ou como qualquer um da realeza. Lhe restava estar por trás deles, sendo como a lua e absorvendo os raios solares que eles tinham naturalmente.

Notou logo que era impossível se aproximar da realeza. Intocáveis, inatingíveis e inimitáveis. Sua próxima opção foi Tenjiku Yokohama, mas apesar de serem tão insanos quanto contavam sobre eles também não conseguiu se aproximar. Era como se eles não o achassem digno de ter sua atenção. Arrogantes, desprezíveis, imorais.

Não que, novamente, ele fosse um exemplo.

Então o Tetta por fim foi confinado a Moebius, com seus planos de crescer já que não conseguiria entrar no topo. Por que não, ele não era do tipo que conquistaria o pódio assim tão facilmente, como todos os outros que citou conseguiram. E foi ali na Moebius que ficou sabendo do Shinigami, seu próprio cachorrinho poderoso, um delinquente que podia se equiparar a todos os outros líderes em força, mas que só queria se divertir.

Ele era um tapado. Bem, uma vantagem a mais para Kisaki, não precisava de outro cérebro, mas de músculos e Hanma lhe servia bem quanto a isso. Na verdade o achava um inútil nesse quesito e isso lhe custou um pouco, o idiota tinha algumas informações valiosas, se soubesse antes teria feito melhor proveito.

— O que importa é que conseguimos nos aliar a Yakuza. Então, bobo da corte, qual o próximo passo?

Kisaki trincou os dentes sem deixar que Mikey visse – obvio que não faria já que ele estava na garupa. Hanma o declarou assim quando estavam conversando sobre os títulos que cada um tinha e agora eles estavam o chamando quase o tempo todo dessa forma. Tentou que mudassem já que o Shuji o considerava isso por o entreter com seus planos, mas era como uma piada, jamais que ele seria mesmo um bobo da corte, apenas um bobo da corte.

Ele seria, se comprando a atual forma que a delinquência separava, o rei lunar.

Sim, como Takemichi Hanagaki ele controlaria tudo pelas sombras sendo o verdadeiro número um, mas deixando outro brilhar e achar que tinha poder. Ele seria o mestre ventríloquo puxando os fios de suas marionetes, a nova realeza, os incontestáveis.

Notas da autora:

63/80.

Cês não achavam que tava tudo bom demais? quase vinte capítulos para o final e tudo certo?

Pois bem, ato final.

Veremos um pouco mais de Kisaki Tetta agora, o suficiente para entender suas motivações corretamente. 

O que estão esperando para os próximos capítulos?