Ele estava ajoelhado no chão, mas em seus tornozelos haviam correntes grossas de ferro, o macho não usava nada além de uma calça velha e desgastada.

Ele parecia cansado.

Meus olhos lacrimejaram quando vi o sangue escorrer por seu corpo, linhas e linhas vermelhas manchando sua pele e se acumulando no chão ao seu redor.

Seu corpo tombou para a frente e outro gemido escapou dele.

- Aleksander...- chamei, lágrimas manchando meu rosto, uma mão erguida em sua direção.

Suas costas...

Estavam rasgadas, como se um chicote tivesse sido usado para causar os ferimentos que marcavam toda a extensão de sua pele, antes imaculada.

Ele ergueu o olhar, os olhos vítreos como se tivesse ouvido o meu chamado, seus lábios se moveram e uma palavra foi pronunciada lentamente.

- Vileya Myessa...

Arregalei os olhos, mas Aleksander não poderia estar me vendo, essa é uma lembrança, então...

Ele está sonhando comigo?

Senti meus pés ficarem leves e corri até ele, mas uma luz forte irrompeu de algum lugar, me cegando e eu fechei os olhos...

Sonho off:

Acordei com um solavanco na cama e me sentei rapidamente, fechando os olhos e respirando fundo.

Olhei ao redor.

Eu ainda estou no quarto de Aleksander, mas sei que está de dia por causa das cortinas que estão levemente abertas.

Agora parei para reparar, enquanto meu quarto é em tons de marron claro, rosê e branco, o dele é em tons escuros, preto, cinza e vermelho.

Mas no resto é igual ao meu, os móveis e os cômodos.

Ouço uma batida na porta e mando entrar.

Mas me afasto na cama quando vejo uma criatura feita de sombras entrar.

É a mesma que nos guiou em sob a montanha.

Ele faz uma reverência para mim.
- Minha senhora...

- Sou Amélia - Falo rapidamente.

- Sim, senhora, eu sei - responde, pondo uma mão no peito - meu nome é Horus e estou aqui para ajuda-la.

Franzo o cenho.
- Com o quê, exatamente? - pergunto e ela estala os dedos, uma bandeja com comida aparecendo na minha frente.

- Com tudo, inclusive com os treinos físicos - explica.

Olho fixamente para a bandeja em minha frente, com suco de laranja, frutas cortadas com iogurte e pão com ovos.

Ergui o olhar.
- Horus...- chamo lentamente, ele me olha atentamente - Onde está Aleksander?

- Ele... está ocupado, senhora - responde.

- Me chame de Amélia, ocupado com o que? - pergunto.

- Com...os outros monstros, ele está...- a criatura se interrompe, não sabendo o que dizer.

- Ele está me evitando, pode dizer - digo, seca.

- Eu não posso afirmar - a criatura diz.

- Ele vai demorar? - pergunto.

- Não sei, senhora - ele responde, se aproximando - Estarei esperando lá embaixo.

Assinto, vendo-o desaparecer em sombras e pego a bandeja, começando a comer devagar.

O Vilão Where stories live. Discover now