29

980 121 36
                                    


Quando eu percebi sangue no abdômen de Tae, gelei, o abracei forte, mas logo deitei ele com cuidado no chão, e abrir sua camisa. Me desesperei ao notar dois buracos de bala no lado direito do seu abdômen.

— Não! Não! — Gritei desesperado. Tremendo eu pressionei o ferimento, eu precisava agi rápido. Taehyung podia estar morrendo naquele momento com hemorragia interna.
Peguei ele nos braços e saí correndo do apartamento.

Tudo o aconteceu a seguir, pareceu suceder em câmera lenta. A polícia e a emergência chegaram. A ambulância estava a ponto de sair com a senhora Jin quando me viram com Tae nos braços. Os para médicos correram e o socorreram na segunda maca da ambulância, colocando o respirador, dando os primeiros socorros.

Não pude ir com eles, pois a ambulância não tinha espaço. Tinha duas pessoas feridas e que precisavam de atendimento urgente. Então, entrei correndo em meu carro, que estava estacionado frente ao prédio e os segui como um louco, rezando como nunca rezei na vida, tremendo sem parar, lágrimas descendo por meu rosto sem controle.

Tudo passou como um filme na minha cabeça,os tiros, Tae derrubando Nadine por trás do sofá, tomando os tiros para salvar a minha vida. Meu Deus do céu! Ele provou da pior forma possível o quanto me ama! Deu sua vida por mim!
Mas não estava morto. Eu sabia que ainda respirava. Tinha que viver.
Meu Deus, eu faço qualquer coisa! Mas Tae não podia morrer!

Foram os piores momentos da minha vida. Entrei no hospital correndo, mas Taehyung foi direto para o centro cirúrgico. Andei de um lado para outro na recepção daquele hospital, ferido por dentro, sujo pelo sangue do homem que eu amo, que muitas vezes eu tive em meus braços e que por inúmeras vezes eu o destratei e o machuquei. Agora ele poderia morrer e eu nem disse o quanto o amo. Que minha vida seria nada sem ele! Que eu estaria morto também!

Encostei-me na parede, atrasado, doía demais saber que eu tive inúmeras oportunidades de dizer que eu o amava e não fiz. Agora ele está correndo risco de vida e eu sem poder vê-lo.
Enfermeiras se aproximaram por conta do meu estado, tentaram me examinar, me confortar, mas tudo o que eu queria era saber era se Taehyung estava bem.

E assim eu fiquei, por horas, era angustiante não saber nada do que está acontecendo, eu literalmente estava morrendo aos poucos.
Depois de mais de quatro horas de cirurgia, o médico veio falar comigo. Eu estava nervoso demais, o medo de receber uma notícia que eu não queria.

— Está vivo? — Perguntei trêmulo.

—  Sim. —  O alívio foi tanto que eu tive que me encostar na parede novamente. O médico começou a explicar e eu ouvia atentamente, mesmo tremendo.
— Os dois tiros acertaram a vesícula e o fígado. A visícula teve que ser removida. O fígado foi bastante comprometido e tivemos que tirar 35% dele.
Ele teve duas paradas cardíacas, mas conseguimos estabilizá-lo. A hemorragia interna foi grande, tivemos que drenar tudo, porém não descartamos o risco de mais hemorragia, já que não podemos dar ponto no fígado. Está com dreno e mantido em aparelhos. O caso é muito grave. — Eu ouvia tudo como se estivesse dopado. Eu tremia tanto que minhas pernas vacilava as vezes, meus olhos fixos nele.  — As próximas 48 horas são primordiais. Fizemos tudo que foi possível.
Agora só podemos esperar, ver como o organismo dele reage. Mas se a hemorragia persistir, teremos que abri-lo de novo e fazer o mesmo procedimento.

— Posso ... Vê-lo?

— Não é o melhor momento. Está no pós operatório e depois vai para o CTI.

— Por favor. Só preciso vê-lo um minuto. — Ele me encarou e suspirou concordando.

— Venha comigo. Apenas um minuto. — Eu o segui em silêncio.

Troquei a camisa ensanguentada e lavei bem meus braços e mãos. Tive que vestir uma bata do hospital. Tinha todo um procedimento para poder entrar na sala de pós operatório, tudo esterelizado para evitar qualquer risco ao paciente.

—  Um minuto. Ele ainda está sedado e sob efeito da anestesia. — O médico disse e eu concordei, logo entrei.

Quando vi Tae naquele leito, pálido e imóvel, cheio de aparelhos e respirador artificial, senti uma dor tão intensa que que consegui evitar o choro. Fui até ele, com dificuldade para respirar, desesperado. Parei ao seu lado e olhei seu rosto, chorando baixinho. Então, acariciei seu cabelo e me inclinei sobre ele, beijando sua testa. Fechei os olhos e solucei descontrolado.

Eu nunca fui um homem de muita fé. Mas eu sabia que existia um Deus. Quando eu era pequeno, minha Omma sempre frequentou a igreja e me levava com ela. E naquele momento tive uma conversa particular com Deus e abri minha alma. Decidi ser um homem melhor, implorei, negociei. Pedi perdão por meus erros, pelas vezes em que o magoei, que não acreditei nele. Pedi para me levar em seu lugar. Cheguei até dizer baixinho perto de seu ouvido

— Eu te amo, Tae. Volte para mim. Me deixe provar o meu amor em cada dia das nossas vidas. Não me abandone ...

E fiquei lá até virem me tirar. Falei com ele e com Deus. Fiz todas as promessas possíveis. E quando saí, foi para me sentar no corredor e lá ficar, sozinho e chorando.

Tae ficou desacordado por dois dias, o que preocupava os médicos.
Exames foram feitos e pelo menos as notícias foram boas. A hemorragia não aumentou e estava sendo drenada. Não teve infecção.

Pessoas da empresa vieram vê-lo. Jungkook, Seokjin Namjoon, Jimin. Até meus pais que vinheram de Gwangju, eu contei tudo a eles, minha história com Taehyung e o que Nadine fez durante todos esses anos. Todos que comparecerem ao hospital, me deram bastante conforto, me obrigaram a comer, tomar banho, sair do hospital. Eu só saía para isso mesmo e voltava logo. Eu não queria sair de perto de Taehyung.
As visitas eram controladas com rigor. Apenas duas pessoas, no máximo por meia hora. Mas eu sempre dava um jeito de vê-lo um pouco mais, nem que fosse por alguns minutos. Médicos e enfermeiras já me conheciam. Algumas pessoas suspiravam, quando me viam, por conta da minha história com Taehyung. O quanto eu estava esperando ele acordar. Mas assim como eu tinha medo do pior, eu também tinha esperanças que ele não iria me abandonar.

E foi no quarto dia depois de ser baleado, quando somente eu estava com ele, segurando sua mão, que vi seus olhos tremerem e se abrirem lentamente. Amor, e uma paz imensa invadiu meu peito que passou dias sofrendo e com medo. Uma alegria sem igual tomou conta de mim e foi quando eu entendi que ele sobreviveria.

— Vai voltar para mim? — Perguntei baixinho

Pareceu confuso, mas continuou me olhando. Por fim, sorriu devagarinho e tentou falar. Me aproximei, emocionado. Ele tentou de novo.

—  Estava ... me ... esperando?

— O tempo todo.

— Para ... que?

— Casar comigo, meu amor.

Ficou me olhando, acho que não acreditou muito, pensou que eu estivesse brincando. Acariciei seu cabelo e disse baixo

—  Todo mundo já sabe. Minha família, nossos amigos, o hospital inteiro. Só faltava você.

— Casar?

— Sim. Todos eles já sabem, que só estávamos esperando você acordar para casar comigo. E para ouvir que eu te amo. Você aceita? — Piscou, confuso.

—  Sério? —  Murmurou.

— Sério.

— Então ... Eu aceito.  — Ele abriu aquele sorriso que eu tanto amo.







*************************

✓𝕄𝕖𝕦 ℂ𝕙𝕖𝕗𝕖 𝕀𝕟𝕤𝕦𝕡𝕠𝕣𝕥á𝕧𝕖𝕝✓Where stories live. Discover now