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Capítulo 27

Ellie.

O uber me deixou em frente ao meu prédio onde passei direto pelo porteiro que tentou me parar de entrar dentro do elevador, provavelmente para pegar alguma correspondência das milhões de coisas que meu pai compra na internet porque pessoas ricas as vezes ficam bastante entediadas, tipo da vez que ele comprou um bambolê que brilha. Meu pai não sabe usar um bambolê.

Digitei a senha da nossa cobertura esperando que meu pai tenha lembrado de ligar um pouco o aquecedor, porque está ficando cada vez mais frio em Los Angeles e combinamos de ver um filme sobre uma mulher que se apaixona pelo seu chefe, claro que foi escolha minha porque adoro filmes românticos.

As portas se abriram e eu entrei notando no ar diferente que a casa entregava, o aquecedor estava sim ligado já que meu pés logo sentiram o quentinho do chão, mas o que me surpreendeu mesmo foram as vozes que vinham da cozinha.

- Você está vendo um advogado, sério? – Era a voz da minha mãe, e não era pelo celular, ela realmente estava aqui.

Me aproximei da cozinha e me escondi atrás da parede, vendo claramente minha mãe em um vestido rosado bem feio que abraçava a sua cintura num jeito completamente desvalorizado e a cara de cansado do meu pai, com calça de algodão preta e uma blusa de botões com os dois primeiros abertos, mangas longas que cobriam a extensão de suas tatuagens nos braços.

- Pode me culpar? Você nem mora mais aqui – Ele respondeu.

Minha mãe parecia destruída, ela estava com raiva, com os olhos bem vermelhos e também o nariz, o que só podia dizer que ela estava chorando daqui até ali.

- Essa é a minha casa, Finn.

- Essa era a sua casa.

Meu pai estava expulsando a minha mãe?

- Você foi embora três anos atrás me dizendo que precisava de um tempo sozinha para se reconstruir, eu te dei mais do que isso, te dei três anos que eu não vou recuperar mais.

- Todos nós precisamos de tempo.

- Sim, mas você esqueceu de mim. Se esqueceu dos seus amigos que fizeram de tudo por você a sua vida inteira. Sua família e pior, sua filha. E eu nunca vou te perdoar por isso.

- Eu não abandonei minha família.

- Ah não?

Meu pai parecia furioso. Eu nunca tinha visto tanta raiva sendo direcionada para minha mãe assim na minha vida e olha que uma vez um homem disse que mataria ela se continuasse fazendo filmes tão libertinos, como ele mesmo disse.

- Não, você sabe que eu não podia ficar aqui, Finn. Você sabe o que eu perdi.

- O que nós perdemos – Ele corrigiu ela.

Bom, eu não sabia e estava bem interessada para descobrir logo o que era.

- Você pegou suas coisas e deu o fora. Achou que ligar todos os dias faria de você uma mãe presente, mas não faz. Você não foi a nenhum jogo de Ellie, você não esteve lá nos momentos mais importantes dos concursos de moda que ela fez, você nem mesmo sabe como vai a inscrição dela para faculdade. Então sim, eu estou vendo um advogado.

Respirei fundo.

Lágrimas caíram pela minha bochecha enquanto o silêncio inundava aquela cozinha com meus pais se encarando, meu pai claramente mostrando que está certo e minha mãe se dando conta disso.

- Estou ouvindo tantas coisas desde que voltei, mas ainda não ouvi que você não me ama mais. Me diga que não me ama e eu assino os papéis agora.

Congelei no lugar.