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*Seis anos atrás*

Era uma tarde fria de dezembro e uma grossa camada de neve estava à volta da casa dos Han. Jisung, que estava embrulhado num cobertor, tomou um gole de chocolate quente antes de se deitar em cima das almofadas e olhar para as páginas do livro que estava ao seu lado.

Ele suspirou.

Estava tudo tranquilo.

Os seus pais, que estavam zangados por ele ter ficado em casa, foram visitar os seus avós naquele dia. Jisung não foi com eles por mais que ele quisesse. A sua mãe, que era sempre séria, recusava-se a acreditar que o seu filho não poderia ser outra coisa a não ser 'correto e formal, sempre bem vestido e a tocar piano'. O seu pai não era muito melhor. Ele estava quase sempre com medo da mulher e fazia sempre o que ela mandava. Jisung era filho único então a sua mãe estava sempre a tentar colocá-lo no estereótipo de 'menino rico', mas Jisung não queria isso e recusava sempre. Era por isso que o seu relacionamento com eles não era lá muito bom. Mas Jisung ainda os amava, no entanto.

A lua estava a brilhar no céu quando ele ouviu o som desagradável do telefone de casa a tocar. O menino largou a sua bebida e foi atender a chamada.

Por alguma razão, Jisung não tinha ideia do porquê, ele sentiu-se mal enquanto descia as escadas, como se alguma coisa má fosse acontecer.

"Olá. Está a falar Han Jisung-" Ele começa baixinho enquanto coloca o telefone no ouvido.

"Olá, querido. O meu nome é Seoyeon, sou enfermeira no Hospital de Seoul. Os seus pais foram trazidos para cá. Eles sofreram um acidente. A sua avó foi chamada e ela vai te buscar e trazer para aqui, ok?"

"O-ok" Jisung respondeu enquanto punha o telefone de volta na parede. Ele sentiu o estômago revirar, o coração a disparar e a cabeça a girar antes de correr para a casa de banho e vomitar o seu almoço.

Como se fosse a sua deixa, a campainha tocou.

"Jisung, querido! É a tua avó" Ela chama pela porta.

"Estou a ir!" O moreno diz enquanto corre e abre a porta.

"Olá" A sua avó diz com um sorriso enquanto o trás para um abraço apertado.

"Eles estão bem?" Ele pergunta.

"Não tenho a certeza" Ela responde, puxando suavemente Jisung para fora de casa e levando-o para o carro.

"Ok"

_

Umas horas depois, uma enfermeira agachou-se na frente de Jisung e segurou-lhe a mão.

"Querido, eu preciso de falar contigo" Ela diz com um óbvio sorriso falso no rosto.

"Os meus pais estão bem?" Ele pergunta rapidamente com os olhos cheios de lágrimas. "Por favor, diga-me que eles estão bem"

"Querido, os teus pais ficaram gravemente feridos-" Ela começa, pensando cuidadosamente nas suas próximas palavras. "Mas eles agora estão seguros. Num lindo lugar chamado céu."

"E-eles morreram?"

"Sinto muito, querido" A enfermeira solta um suspiro trémulo. "Mas tu vais ficar bem. Tudo bem. Podes ficar com a tua avó."

"M-mas eu quero a minha mãe" Ele soluça baixinho.

"E-ela foi-se, querido"

"P-por favor, não os faça deixar-me! Não os deixe ir! Traga-os de volta!"

E essas foram as últimas palavras que ele falou naquele dia...

E ele nunca mais voltou a falar.

Mute | minsungWhere stories live. Discover now