{2} The funeral

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PARK JIMIN

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Porque sofremos tanto com algo que sabemos que irá acontecer?

É a porra da ordem cronológica.

Filhos enterram os pais, estranho seria se fosse ao contrário.

Enquanto encarava os rostos conhecidos e desconhecidos que fizeram parte de algum momento da vida de papai, me fiz algumas perguntas internas.

Se o marido de uma mulher morre, ela se torna viúva.

Se os pais de uma criança morrem, ela se torna órfão.

Mas se o filho de uma mãe ou de um pai morre, eles se tornam o que?

É uma coisa tão horrível de se acontecer que ninguém teve coragem de inventar um substantivo que nomeie tal tragédia.

- Ele foi um bom homem - Senti alguém me abraçar, mas não sei e nem faço questão de saber de quem é.

Desde que sentei neste banco fiquei fora do ar, como uma televisão velha em uma noite de tempestade. Sinto-me anestesiado de tudo, é como se nada mais fizesse sentido, papai era o meu único parente vivo, e agora eu estou sozinho no mundo, e não sei o que vou fazer.

Lágrimas começam a escorrer por todo o meu rosto. Eu realmente não sei se vou conseguir me reerguer.

- Se acalme, filho!- sinto alguém apoiar a cabeça em meu ombro e massagear as minhas costas. É Choi Minji, realmente não sei o que faria sem ela, foi Choi que cuidou de todo o funeral de papai. - Se acalme... o padre acabou de chegar para celebrar a missa, vem comigo e vamos lavar esse rostinho.

Nem fiz questão de sorri ou mexer um músculo se quer, apenas deixei Choi Minji me conduzir, eu realmente estava fora do ar, não estava em condições de fazer nada sozinho. Enquanto caminhávamos até o banheiro senti palavras de consolo e massagens nas costas, não consegui e nem fiz questão de respondê-las.

Que Deus me perdoe por isso.

- Cuidado - Choi gritou, e tudo o que aconteceu em seguida, foi rápido demais me trazendo de volta a realidade.

Em um momento eu estava grudado nos braços de Choi Minji e em outro estava com a bunda no chão.

- Olha por onde anda seu idiota - alguém disse, demorei alguns segundos para olhar o dono dessas palavras.

Eu me perguntei internamente quem é que consegue proferir palavras tão arrogantes dentro de uma igreja. Olhei para cima e me surpreendi mais ainda, ao perceber que essas palavras haviam acabado de sair da boca de um anjo. Um rapaz bonito usando um terno da Versace me encarava de cima com um olhar de superioridade.

- Mas respeito por favor rapaz - repreendeu Choi Minji - Você está dentro da casa do Senhor.

O rapaz desconhecido riu ladindo, arrancou um cigarro de dentro de seu bolso o acendeu e baforou a fumaça de lado.

- Caguei pra esse tal senhor e pra maldita casa dele velha - disse e, então, sumiu em meio às pessoas.

Em outro momento da minha vida eu teria arrebentado a cara desse filho da puta, mas estou tão sem forças que não sei nem se vou conseguir me levantar desse chão.

Eu só queria que um buraco se abrisse e me engolisse neste exato momento.

- Meu filho vem cá - Choi Minji me ajudou a levantar, e começou a me dar pequenas bofetadas para arrancar a poeira do meu paletó - Esses ricos acham que são donos do mundo.

Arrebata-me se for capaz || JikookWhere stories live. Discover now