cap. 20

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Kaito.
- Quarta-feira, 1° encontro -

E mais uma vez, ao fim do dia letivo, guardava meus materiais para poder ir para casa; a única diferença é que hoje eu teria meu primeiro encontro com Nicholas.

A ansiedade me causou inquietação o dia inteiro, prejudicando minha concentração nas aulas e interações sociais. O nervosismo faz minha pele formigar e arrepiar. Na verdade, essa situação toda faz meu corpo arrepiar.

Penso ainda na noite de ontem; em mim, no Nicholas e na nossa conversa. Sua proposta. É realmente tudo uma maluquice. "Será que estou delirando?", eu cheguei até mesmo me perguntar.

Ele simplesmente me deu a resposta do que esperar depois desses encontros de bandeja, foi sincero e carinhoso. Arrebatou sem esforço algum o coração que tentei trancar e fazer parar de suplicar por ele.

Mas ontem... Ontem Nicholas ofereceu tudo o que eu sempre quis: alguém que possa contribuir todo o amor que transborda dentro de mim. Que console minhas lamúrias e cure minhas feridas (e que me dê oportunidade para fazer o mesmo por ele).

E ter isso "posto à mesa" de maneira tão direta me faz sentir medo. Não me entenda mal; não é como se eu não quisesse, porém não posso simplesmente esquecer que passei por maus bocados a minha vida inteira para não suspeitar de nada. Não consigo esquecer o meu passado.

Para deixar esclarecido até mesmo pra mim, não sinto mais medo de Nicholas (ou dos seus sentimentos), mas sim dessa situação num todo. Tenho medo do que possa acontecer...

Contudo, não quero deixar o pessimismo me consumir dessa vez. Agora, nós dois estamos sendo sinceros; nós dois estamos nos expondo. Despejando as críticas (boas ou não) mais internas. Não tenho medo de falar o que me incomoda, nem de ouvir o que faço de "errado". Não irei fugir como um covarde novamente.

Vou me agarrar a isso, e seguir com o que quer quê esteja enfrentando com ele agora. Pela primeira vez, eu vou apostar no amor...

E então, eu tomo um susto. Batidas na porta despertam do transe profundo e maluco em que me coloquei (do meu monólogo interno com expectador que nem se quer existe).

— Kai...? - e então, a pessoa por trás das batidas abre a porta, me fazendo virar totalmente em sua direção - Ah, você está aí - Nick me dá o sorriso mais doce do mundo, entrando na sala e vindo em minha direção rapidamente.

— O que você... - e então, ele me abraça moderadamente apertado - ...Tá fazendo aqui? - disse com um pouco de dificuldade para respirar.

Nicholas afrouxa o "sufocamento", e olha no meus olhos.

— Vim te ver - diz contente - e também porque você não tava respondendo as mensagens. Nem as ligações...

— Ah, perdão por isso... Meu celular vive no modo silencioso - comecei a me ajeitar para poder retribuir seu abraço.

— É, eu sei. Sempre é assim - ele faz um biquinho fofo - mas eu vou acabar com isso hoje, Kaito Kurosawa.

— Ah, é? - disse num tom brincalhão - E posso saber como vai fazer isso, Nicholas Fletcher?

— Sim, sim. Hoje vou te convencer a ligar minhas notificações com o meu charminho - sorriu completamente convencido. Eu dei risada pela cara de pau, mas realmente estou cogitando em dar isso a ele - enfim, vim te perguntar se você vai querer passar na sua casa antes da gente ir no nosso primeiro encontro.

Pensei um pouco; ficar carregando minha mochila pesada por aí vai ser um verdadeiro inferno... Sem contar que eu quero tomar um banho, vestir algo melhor... É um... Encontro (nem eu acredito que isso está acontecendo) então.. Eu preciso estar pelo menos apresentável, certo?

Feniletilamina, a fórmula do amor.Where stories live. Discover now