55_ Dia da viagem

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O jantar se resumiu a nós três sentados na sala comendo pizza e assistindo filmes. A mãe do Trevor era extremamente divertida e isso rendeu muitas risadas. Foi uma das noites mais divertidas pra mim. E eu preocupada achando que tudo ia dar errado.

A semana foi se passando e eu tentei viver um dia de cada vez, sem criar paranóias, sem me sentir insegura por causa de outras pessoas e tentando não me estressar com coisas bobas. Minha rotina não foi muito diferente do que costumava ser, eu acordava cedo, me exercitava, fazia minha yôga, lia um pouco, arrumava minha casa, almoçava, assistia uma aula do curso de inglês e ia para a CA. No fim do dia eu estava na cafeteria. A única diferença era que eu tirava um momento do dia para entregar currículos. Eu não estava sendo muito exigente, só queria um emprego para conseguir viver até entrar para a faculdade.

Pois é, decidi entrar para a faculdade. Após pensar muito, decidi fazer dança e, pelo que Mônica me explicou, eu já poderia dar algumas aulas lara turmas iniciantes na CA se eu entrasse para a faculdade. Seria esse o meu sonho? Trabalhar com dança era tudo o que eu queria e eu me esforçaria para isso.

Estava indo dormir um pouco mais tarde para estudar. Eu faria uma prova no próximo mês e a minha média determinaria se eu entraria no curso ou não.

Bem, enquanto não entro, preciso de um trabalho. Entreguei currículos em lojas de roupa, sapatos, cafeterias, confeitarias, tudo o que eu encontrasse. Menos em mercado. Os funcionários de mercado da minha cidade são quase escravos. Eu não teria tempo para nada e aí não adiantaria. Entreguei até para uma loja que eu nem sabia o que seria ainda. Era uma loja nova que ainda estava sendo construída no centro. Era pequena e estava pedindo currículos.

Eu coloquei. Pode ser um sex shop? Sim. Uma loja de armas? Talvez. Um lugar que vende coisas bizarras? Pode ser. Mas, entreguei currículo lá mesmo assim.

Outra coisa que mudou um pouco a minha rotina foi as visitas inesperadas do Trevor. Tinha vezes que ele aparecia do nada na minha casa ou na cafeteria. E eu amava isso. Amava cada noite que ele aparecia com pipocas para vermos televisão ou quando ele se fingia de cliente ocupado na cafeteria.

Na última quinta-feira ele foi embora tarde a beça da minha casa. Eu tinha acabado de tomar banho e estava na sala assistindo A praça é nossa quando ele chegou com cinco quilos de melancia na minha casa. Por que? Porque eu comentei inocentemente que estava com vontade de comer melancia.

Ele assistiu A praça é nossa comigo e riu da maioria das piadas. Eu tentei guardar todos os pedaços de melancia na minha pequena geladeira, mas não coube tudo, então precisei comer bastante naquela noite mesmo. Uma pena, eu nem gosto.

Hoje era o dia que ansiei a semana inteira: o dia da minha viagem para os Estados Unidos. Era segunda-feira de manhã e eu precisei acordar quatro e meia para conseguir deixar tudo ajeitado. Passei o domingo com meus pais e tentei dormir cedo para não ficar cansada. Adiantou? Provavelmente, não. Eram quase oito e eu estava caindo de sono pela casa.

Bebi um café bem forte, dancei uma música feliz para me animar ( na verdade eu dancei um random do Twice ) e saí de casa em direção a CA. Além de mim, uma bailarina também iria. E o Trevor, é claro. Ele era o mais certo de ir, já que sempre está presente nesses festivais.

Novamente eu estava sentindo aquele frio na barriga. Eu não sabia exatamente o que esperar. Nunca saí do país e nunca participei de um festival tão grande.

ㅡ Olha, você trate de gravar muitos storys para mostrar tudo lá, viu? ㅡ Íris disse me abraçando. Ainda não era hora da aula dela, mas ela e o Kevin foram mais cedo só para se " despedir " de mim.

ㅡ Me trás um presente. ㅡ Kevin disse com seu tom de quem estava falando sério.

Trevor ainda não havia chegado. Quando um carro preto parou na nossa frente, pensei que poderia ser ele vindo de uber. Murchei quando quem saiu do carro foi Flávia.

ㅡ Desculpa, eu não estou interessada em você. ㅡ Ela disse ao motorista com um sorriso e saiu do carro. ㅡ Ai, é tão difícil ser eu e recusar tantas pessoas. ㅡ Ela suspirou e olhou para nós. ㅡ Ah, é. É com você que eu vou.

ㅡ Você é a bailarina que passou na audição? ㅡ Perguntei.

ㅡ Óbvio, né? Não existe bailarina melhor que eu nesse estúdio. ㅡ Ela abriu seu sorriso convencido. Os olhos dela pararam em Kevin e ele sorriu. ㅡ Concorda?

ㅡ Claro. ㅡ Ele disse rapidamente. Íris olhou para ele com uma careta e o mesmo a olhou com um olhar inocente.

ㅡ Sophia, eu já vou indo. Queria esperar você ir, mas preciso ir vomitar. Até a volta. Me manda mensagens. ㅡ Ela me abraçou mais uma vez e saiu sem falar com Kevin.

Kevin olhou para mim confuso e eu fiz um sinal para ele segui-la. Ele acenou para mim e correu atrás dela. Os dois sumiram na esquina e isso me deixou sozinha na porta da CA com a Flávia.

ㅡ Ai, esses meninos. É só eu sorrir pra eles que já se enlouquecem. Sabe o que é isso? ㅡ Ela olhou para mim com o seu sorriso cínico.

ㅡ Não. Gosto que gostem de mim pelo que eu sou, não pela minha aparência ou pelo meu corpo. ㅡ O sorriso dela se desmanchou aos poucos. ㅡ Sabe o que é isso?

ㅡ É-é claro que eu sei! Acha que eu não tenho personalidade? Todos que me conhecem de verdade, me amam. ㅡ Ela puxou um pequeno espelho da bolsa e se olhou para ajeitar sua franja.

ㅡ E essa é mesmo você de verdade? ㅡ Olhei nos olhos dela e pude vê-la engolindo em seco.

Flávia não disse mais nada e eu também não. Alguns minutos se passaram e Trevor apareceu. Vê-lo virar a esquina e andar na minha direção fez o meu coração palpitar como se fosse a primeira vez que eu via. Ele estava tão bonito, tão estiloso, tão Trevor.

Ele parou na minha frente e me deu um beijo. Logo depois recebi o seu sorriso.

ㅡ Animada? ㅡ Perguntou ajeitando a mochila nas costas. Por um momento me perguntei se não era pouca coisa para uma viagem de uma semana. Eu estava com uma mala de rodas bem grande e Flavia com três. Até que me lembrei que ele mora lá. Então, naturalmente, já tem suas coisas lá.

ㅡ Bastante. Como vai ser?

ㅡ Você fica num hotel custeado pela CA. Durante os quatro dias úteis da semana, começando amanhã, você fica o dia inteiro na Matriz da CA de Los Angeles. Ensaia, ensaia e ensaia. No sábado você apresenta no festival e no domingo já está pegando o vôo para voltar. Hoje você tem a noite livre para fazer o que desejar, mas amanhã já precisa estar bem cedo na CA.

ㅡ O hotel é perto da CA?

ㅡ É, mas a minha casa é mais. ㅡ Ele sorriu.

ㅡ O que está querendo dizer? ㅡ Arqueei uma sobrancelha.

ㅡ Que você pode escolher ficar no hotel ou na minha casa. O diretor não viu problema nenhum nisso. Na verdade, ele pareceu ficar bem feliz por não precisar bancar uma estadia do hotel. ㅡ Ri balançando a cabeça. ㅡ E então? O que vai escolher?

ㅡ Para poupar o dinheiro do pobre diretor que tem uma família para sustentar... Fico na sua casa. ㅡ Trevor riu e me abraçou de lado.

Vimos Mônica, o diretor e Taiana saindo da CA e percebi que já estava quase na hora de irmos. O que me chamou atenção foi o fato de Flávia ainda estar com um olhar cabisbaixo. Algo que eu nunca tinha visto nela.

ㅡ O carro está vindo. ㅡ O diretor indicou um carro se aproximando ao fim da rua. ㅡ Fico muito orgulhoso de ver que duas alunas dedicadas foram escolhidas para nos representar lá. ㅡ Mônica parou perto de mim e Taiana, que era a professora de ballet, abraçou Flávia de lado. ㅡ Se esforcem muito lá e se divirtam, ok? ㅡ Olhou para Trevor. ㅡ Tome conta delas, Sr Sugg.

ㅡ Pode deixar. ㅡ Trevor sorriu e me deu um beijo na cabeça.

O carro parou ao lado da calçada e nós entramos. Flavia quis ir no banco da frente e nós não discutimos sobre isso. Meu único pensamento enquanto via tudo passando pela janela, era que aquela seria uma das melhores experiências da minha vida.

•••
Continua...

Te Pedi para a Estrela CadenteWhere stories live. Discover now