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Às 10:15 despertei, não sabia ao certo em que momento havia dormido, todavia não fazia muito tempo. Estava um pouco confusa, mas minha confusão logo passou ao sentir um peso sobre os meus ombros. Miranda estava dormindo encostada a mim e nossas mãos permaneciam unidas.

Não sabia bem o que fazer e nem estava entendendo nada daquilo, porém me permitir sentir o calor do corpo dela junto ao meu.

Eu sei, não deveria estar daquela forma com minha chefe. Estava namorando, e tinha que respeita-la, porém algo dentro de mim não conseguia fazer com que eu me afastasse de minha chefe. Ainda mais que ela estava assim, tão diferente. Senti vontade de envolvê-la com meus braços... Senti vontade de fazer tudo com ela.

Mesmo eu fazendo de tudo para esquecê-la, no fundo, sabia que eu ainda era inteiramente dela. Era estranho gostar de alguém que não me dava a mínima, contudo, foi meu coração que escolheu gostar dela e não eu.

Aproveitando que Miranda estava dormindo, eu levei minha mão até sua face. Sua pele era macia. Muito delicada, não parecia nem um pouco a mulher dura que se fazia passar na empresa.

—Andrea? — Charlotte despertou e ao notar que nossas mãos estavam unidas, ela se afastou rapidamente, não mantendo mais nenhum contato comigo.

—Oi... Você pegou no sono — Falei um tanto decepcionada. Agora entendia o porquê de todo aquele contato. Ela só queria estar junto a mim enquanto estava com medo.

—Ahhhh... Sim... Estava cansada... —Ela ficou olhando para mim um pouco aflita, parecia estar com medo de algo.

—Não vou contar nada para ninguém — Disse ao olhar para a paisagem fora da janela. Se o medo dela era todo mundo saber que ela era frágil como qualquer pessoa, então era melhor tranquilizá-la.

—Contar para ninguém o quê? —Ela parecia confusa.

—Que você tem medo, Miranda— Olhei na sua direção e disse. Estava um pouco chateada com ela, por isso que falei aquilo. Poderia ter ficado calada, ainda mais porque não estava falando com qualquer pessoa. Eu estava frente a frente com minha chefe.

Ela me encarou. Notei que seu olhar não estava mais como de mais cedo. Isso me deixou um tanto preocupada.

—Não é só eu que tenho medos aqui — Ela falou sem desviar o seu olhar do meu —Melhor apreciarmos a viagem, já estamos chegando.

E ela estava certa, em menos de 10 minutos chegamos ao nosso destino. Não trocamos muitas palavras até o hotel que ficaríamos hospedadas. O clima entre a gente estava estranho, Miranda parecia saber muito de mim, só que eu não fazia ideia do que ela sabia. Às vezes sentia medo. Ela poderia muito bem saber que eu gostava dela, mas isso era um pouco impossível, pois só meus amigos próximos sabiam a respeito. Não vou mentir, grande parte da empresa sabe, não porque contei, mas sim, porque eu nem sabia esconder meus sentimentos.

Após passarmos pela recepção do hotel, eu fui direto para o meu quarto. Não era luxuoso como o que ela devia estar, mas era bem confortável.

—Enfim... Agora posso descansar um pouco— Me deitei na cama e peguei o meu celular. Havia uma mensagem da Rafa.

"Amor, quando você chegar no hotel me liga. Estou com saudades de você. Beijos!"

É, eu sei... Sou um pouco descarada. Namorava uma... Ficava pensando e desejando outra. Droga! Eu não sei o que fazer. Não gostava da Rafaela da mesma forma que gostava da minha chefe, mas ela diferente de Miranda me dava atenção... Carinho... Tudo o que eu precisava.

Mesmo Miranda sendo a mulher que eu gostava, ela era um amor impossível, mas ultimamente ela andava me deixando confusa e talvez até mais apaixonada.

Ficamos juntinhas no avião, nunca pensei que algum dia isso pudesse acontecer, porém havia acontecido, eu gostei, contudo, mesmo assim, estava com um pouco de raiva dela. Ela parecia estar jogando comigo. Falava coisas querendo me atingir, mas eu não entendia. Não sabia o que ela queria dizer ao me falar que eu tinha medo.

—É isso, vou tratá-la com indiferença. Estou cansada dessas indiretas que eu não consigo entender — Não tinha um motivo específico, mas eu estava irritada.

Diante da minha falta de vontade de desfazer minhas malas, eu adormeci. Acordei alguns minutos depois, após ouvir batidas na porta do quarto.

Ainda sonolenta me levantei e fui ver quem era.

—Senhorita Andrea? — Um homem alto indagou.

—Sim — Estranhei a presença daquele homem.

—Me mandaram lhe entregar isto — Me entregou uma folha dobrada.

—Obrigada — Recebi e entrei. Abri a folha e me deparei com as letras de Miranda. Só podia ser ela mesmo.

"Andrea, após o almoço iremos ao shopping. Precisamos comprar roupas mais apresentáveis para você. Então até lá tenha um bom dia.

Miranda Priestly "

Acho que ela encontrou uma forma delicada para dizer que eu não me vestia bem. Tenho que confessar, eu era um pouco despojada, mas me achava ajeitadinha.

Como não podia ficar sem ligar para minha namorada, esse foi o meu próximo passo. Peguei o meu celular para avisar a minha namorada que tudo estava bem.

—Estava preocupada com você. Não me deu notícias —falou.

—Está tudo bem. Pode ficar tranquila — Disse um pouco sem graça.

—Que bom, amor. O que você vai fazer agora?

—Eu não sei— Me joguei na cama e me lembrei da saída ao shopping — Ah... Vou sair para comprar umas roupas.

—Roupas? Com quem? — Seu tom de voz mudou.

—Com a minha chefe— Disse já com medo da reação dela.

—Nossa! Ela está grudando demais em você não é mesmo.

—Teremos que ir ao encontro daqui dois dias e ela acha que não tenho roupas apresentáveis.

—Não ligue para essa mulher. Gosto muito da forma como você se veste, mas prefiro você sem nada — Ela disse com malícia — Já estou com muita saudade de você.

—Eu também estou com saudade de você. — Após minha fala, eu me senti estranha. Talvez um pouco mal por não ser a namorada que ela merecia ter.

Nós duas ficamos um bom tempo conversando e quando eu encerrei a ligação já era hora de almoçar.

Após tomar um banho, eu desci para o restaurante do hotel, não me encontrei com Miranda ali e achei melhor assim. Eu queria entender o que estava acontecendo antes de voltar a conversar com ela.

No restaurante do hotel, eu me deparei com pessoa conhecidas do ramo jornalístico. Acho que muitos resolveram vir mais cedo para descansar um pouco, mas eu só não conseguia entender a minha chefe, ela não gostava de férias, pois achava que nesse período ela perdia muito dinheiro.

Um pouco sem graça por estar no meio de tanta gente importante, eu fiz a minha refeição e depois segui para a área de lazer do hotel. Nela havia uma piscina enorme, mas não havia ninguém nela. O clima naquele dia estava um pouco frio e as pessoas preferiam ficar em suas camas bem agasalhadas.

Como estava sem ter o que fazer, me sentei em um dos bancos do jardim e fiquei observando o movimento das pessoas. Alguns casais passavam por ali e me faziam pensar no porquê de eu não conseguir ficar daquela forma com a Rafa. Todos pareciam tão bobos e apaixonados. E eu me sentia tão normal e sabia o porquê de me sentir assim, ainda mais porque ela estava vindo em minha direção.

EU SÓ QUERIA TE AMARWhere stories live. Discover now