EU SÓ QUERIA TE AMAR

7

Às 5:00 horas da tarde, fui para a sala de Miranda, estava um pouco nervosa. Não era de sentir medo de minha chefe, mas estava achando estranho demais ela querer falar comigo.

Antes de entrar em sua sala, dei leves batidas na porta e Miranda autorizou minha entrada.

—A senhora disse que queria falar comigo — Falei ao entrar.

Miranda estava olhando para alguns papéis em sua mesa, não se importando nem um pouco com minha presença ali.

—Sim — Ela disse sem desviar o olhar dos papéis que estavam sobre a mesa.

Fiquei de pé em frente sua mesa, não sabia bem o que fazer. Na realidade, estava nervosa e com medo do que ela tinha para me dizer.

—Sente-se Andrea, o que tenho para te dizer não será tão rápido assim — Ela olhou para mim muito séria. É, acho que eu não irei receber uma boa notícia.

Não era de sentir medo dela, mas pensar na possibilidade de ser demitida me amedrontava. Fui até a cadeira mais próxima sentindo minhas pernas fraquejarem diante de Miranda.

—O que a senhora tem para me dizer? — Perguntei, pois estava muito ansiosa.

—Deveria se acalmar... Está muito nervosa — Ela voltou a olhar para os papéis. É... Acho que ela vai ignorar a minha pergunta — O senhor Ravitz gostou de sua matéria — Comentou.

Senhor Ravitz era o dono da revista, havia o visto poucas vezes por ali. Era quase como a Miranda, gostava de nos intimidar, mas saber que ele havia gostado da minha matéria só podia ser um bom sinal, mas como Miranda tinha mania de acabar com a alegria das pessoas, ela não deu tempo nem para eu ficar mais aliviada.

—Mas mesmo sendo elogiada, percebo que você anda muito desconcentrada, Andrea.

—Desconcentrada? — O que aquilo queria dizer?

Ela voltou a me olhar e ajeitou os seus óculos em sua face.

—Eu sei de tudo que acontece aqui, então sei bem o que estou dizendo — Dessa vez ela me olhou de uma forma tão diferente que quase fez faltar ar em meus pulmões. O que ela queria dizer com aquilo de saber de tudo?

—Não! — Disse um pouco alto e ela pareceu estar confusa com minha reação.

—Não o quê?

—Nada... É que eu não ando desconcentrada... É o que acho... Não estou — Quase atropelei as palavras.

—Andrea, se acalme, não te chamei aqui para lhe dar uma bronca.

—Ah... Sim — Passei a respirar mais aliviada e ela abaixou sua cabeça, não sei se era impressão minha, mas notei que ela estava com vontade de rir. Meu coração se alegrou tanto ao pensar nessa possibilidade, mas tive que acabar logo com essa alegria, pois já estava comprometida.

Miranda ficou um tempo em silêncio e não me olhou durante esse tempo, isso só provava minhas suspeitas, ela não queria passar outra imagem para seus funcionários que não fosse da mulher fria que só conseguia rir na presença de conhecidos.

—O senhor Ravitz queria lhe convidar para participar do encontro dos melhores jornalistas do país — Bom... Só não tive um treco naquele momento, pois ir a aquele evento era o meu sonho.

—Como assim ele me convidou?

—Você vai me acompanhar, Andrea. Você vai comigo — Após sua fala, Miranda conectou os nossos olhares. Tentei ver além daqueles olhos azuis mas era muito difícil saber o que cada olhar dela queria dizer — Acho bom você ir para casa agora, para avisar ao seu pai e a sua nova namorada de que você amanhã de manhã irá viajar comigo — Miranda desviou o seu olhar do meu e eu fiquei confusa, como ela sabia da minha nova namorada. Será que ela investigava sobre a minha vida?