C A P Í T U L O 08

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— E o ataque naquela árvore?

— Talvez seja o mesmo tipo de criatura.

Criatura, pois o que Alexandre viu e descreveu não poderia ser chamado de animal.

— Você fez um desenho, não foi?

Os olhos do homem se iluminaram. Ele adorava quando Dandara perguntava sobre seus desenhos.

— Segui as descrições de Alexandre — disse ao folhear o diário. — Mas não sei se ficou bom… sabe?

E ele mostrou.

Uma criatura peluda, com braços longos e mãos humanas, olhos amarelos, focinho longo e boca cheia de dentes, além de orelhas pontudas.

Dandara fez uma careta. A criatura era horrenda em todos os sentidos!

— Alexandre viu isso? — Ela indagou.

— Ele disse que ficou idêntico.

— E… essa coisa — ela larga o cesto apenas para apontar ao diário — me observou dormir?

Ela preferia o bicho papão…

Os olhos castanhos claro do homem ganhou ainda mais um brilho divertido.

— Como um lindo bebê sujando as fraldas…

— Isso é sério, Francisco! — Dandara sibila. — Olha o tamanho dos dentes dassa coisa! Aquele educado e nobre crocodilo lá no mar tinha um sorriso mais bonito…

Francisco não se aguentou. Ele riu.

— Estou começando a achar que você se apaixonou pela, em suas palavras, "educação" daquele crocodilo.

Dandara desviou os olhos daquele desenho e suspirou. Logo, se recompôs, ajustando sua postura para continuar com sua confecção, concentrando-se.

— Ele é mais educado que muitos homens quando querem me comer.

O sorriso de Francisco desapareceu gradativamente e seus olhos perderam o brilho. Uma pequena sombra se fez presente sobre ele.

— Dandara, gostaria de lhe fazer uma pergunta delicada. Posso? — A escrava dá de ombros. — Santiago e alguns outros capatazes não param de coçar o… bem…

— O saco? — ela dispara. Ele se mostra incomodado com a palavra usada, esfregando a nuca e limpando o acúmulo de suor na testa

— Sim… Isso… Eu não teria notado se não fosse pelo desejo em comum que compartilham com Alexandre. E ele também está com essa mesma… coceira. você tem algo a ver com isso?

Francisco estava preparado para qualquer reação, qualquer coisa que Dandara pudesse fazer ou dizer. No entanto, ficou completamente desarmado quando ela soltou uma risada e, em seguida, perdeu completamente o controle e começou a gargalhar.

— Por que está rindo?

— Não estou rindo — ela morde a língua para manter a seriedade.

ACASALAMENTO: Lua CheiaWhere stories live. Discover now