15- Agora aguenta

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Francisco chegou em casa de madrugada e foi até ao escritório do pai. Ele pegou uma garrafa de whisky, um copo e gelo. Ele se jogou na poltrona e começou a beber, imagens de todos os momentos que passou com Bruna passaram a percorrer sua mente.

Ele não conseguiu entender como foi que ela encontrou outra pessoa tão rápido, ele a havia procurando e milagrosamente ele a encontrou em outra cidade, mas ela não estava sozinha e sim acompanhada de um homem .

Ele se perguntava se era alguém que ela conhecia naquela cidade ou se já conhecia a mais tempo. Não lhe cabia o pensamento de que ela poderia estar o traindo esse tempo todo, mas eles estavam juntos em frente a um hospital.

O pensamento de que talvez o filho também nem fosse dele o atormentou. Ele bebeu e adormeceu, ainda sendo atormentado por pensamentos como esses.

No dia seguinte, o pai dele entrou no escritório e estranhou encontrar o filho lá. Depois de olhar com mais atenção, viu uma garrafa de uísque quase ao vazia, e automaticamente uma preocupação tomou conta dele. Foi até ao filho e mediu seus sinais. Ficou aliviado por saber que só estava dormindo, mas nem por isso mais tranquilo. Ainda não consegui entender o porquê dele estar em casa, muito menos de ter bebido tanto.

Ele tocou o ombro do filho tentando acorda-lo

- Filho, o que você faz aqui? O que houve? - olhou pra ele ainda preocupado.

- Ela me trocou, pai. Ela já tem outro, não adianta eu ir atrapalhar a vida dela.- Respondeu grogue e sonolento.

- Como assim? Do que você está falando?

- Eu a encontrei em um hospital longe daqui , eu queria falar com ela, mas ela estava com um cara. Os dois conversaram um pouco e depois foram embora.

- Pode ser um amigo ou parente que você não conhece.

- Não, pai, se fosse isso, os pais dela saberiam onde ela está. Eu sempre soube que ela é linda e vale ouro, mas pensei que eu tivesse algum significado pra ela.

- Tudo isso pode ser um mal entendido. Eu ainda acho que você devia ter falado com ela...

- Eu não quero me magoar mais , e não quero ouvir da boca dela que ela me odeia depois de tudo. O senhor tinha que ver como ela parecia feliz. Os olhos estavam até brilhando...- diz magoado .

- Eu conheci essa garota? Quero dizer, eu já vi ela antes?

- Eu não sei.- ele pega o telefone e mostra uma foto de Bruna para o pai.

O pai dele olhou para a foto e ficou curioso.

-De onde você tirou essa foto, filho?

- Como assim de onde eu tirei? Essa é a Bruna, minha namorada... quero dizer, ex-namorada. ? Mas por que a pergunta?

- Nada não, ela se parece muito com alguém que eu conheci.

Bruna on

(...)

Nem acredito no tempo que já passou. Faltam só dois meses para eu ter a minha princesa aqui comigo. Há dois meses eu finalmente consegui uma colega de trabalho. Eu não sei se daria conta de passar o dia todo aqui com essa barriga. Ela não está assim tão grande, mas para mim parece gigante.

Carla voltou às aulas e passa o maior tempo na faculdade. Agora dona Maria está tomando conta da lanchonete, e o cardápio está completamente diferente, muito mais saudável. Elas disseram que sempre usam essa dinâmica e funciona muito bem para elas.

Minha nova colega de trabalho se chama Otávia. Nós quase não temos contato por trabalharmos em turnos diferentes, mas ela é bem simpática. Nós damos bem. O filho do Thomas e da Angélica já nasceu. É muito bonito, tem olhos iguais aos do pai. Nesses quatro meses que se passaram, eu e a Angélica ficamos muito próximos. Saímos juntas várias vezes, principalmente depois que a Otávia começou a trabalhar.

Estou ansiosa esperando pela chegada da Alexa. Quero ela aqui nos meus braços já. O Thomas disse que vou poder ficar em casa quando faltarem duas semanas para dar à luz e depois mais 10 semanas cuidando dela. Ainda não sei como vou fazer quando voltar a trabalhar. Não confio muito em outras pessoas para cuidarem da minha princesa, ainda que seja só até ao meio-dia.

(..)

Finalmente tirei minha licença de maternidade. Agora estou só esperando os dias para ter minha princesa aqui comigo. Decidi sair para caminhar um pouco no parque. Passar tanto tempo naquela casa não é nada bom. As pessoas daqui me lembram como da minha cidade. Sinto falta da minha família, dos meus amigos, da Lili. Nem sei como eles estão, mas se os planos não mudaram, a essa altura ela deve estar em Luxemburgo como Alby. Espero que as coisas estejam dando certo para eles.

Depois de umas horas no parque, voltei para casa. Decidi pedir o celular de dona Maria para ligar para a minha mãe. Desde que saí de casa, não tive coragem de ligar para ela.

Chamada on

- Alô... O meu coração se aqueceu quando ouvi a voz da minha mãe. A saudade que tomou conta de mim naquele momento foi avassaladora.

- Alô, mãe...

- Filha?! Minha filha, como você tá? Aonde você tá? Por que você foi embora?- Eu ouvi um soluço abafado e sorri um pouco, enquanto meu rosto estava molhado por lágrimas.

- Estou bem, mãe. Tá tudo bem comigo e com meu bebê também...

- Como assim bebê? Você já deu à luz ?

- Ainda não. Eu não posso falar aonde eu estou, nem devia ter ligado, mas eu estava com tanta saudade da senhora...

Meu coração se apertou.

- Filha, por que você não volta? Sabe que aqui é sua casa, não sabe? Eu sinto tanto a sua falta, essa casa não é a mesma sem você.

- Mãe, por favor, não chora. Eu juro que tô bem. Eu vou visitar vocês quando eu tiver férias. Agora eu tenho que ir, mande um abraço ao Félix e ao papai.

Desliguei o telefone antes que ela falasse mais alguma coisa. Ligar para ela só fez meu coração se despedaçar ainda mais. Sinto tanta falta. Bloqueei o número dela e devolvi o telefone da dona Maria.

(...)

Uma vizinha minha encomendou a série "Acabe Comigo" de Cristina Ross, e eu me ofereci para ir pegar e trazer pra ela. Assim, poupava o trabalho da Otávia e também servia de exercício pra mim. Preciso mesmo caminhar. Fui até a livraria pegar os livros e fiquei por quase uma hora conversando com a Otávia. A moça que encomendou mora no prédio logo a seguir a minha casa. O problema é que ela mora no quinto andar, e o prédio não tem elevador.

A subida, como já previsto, foi uma parte mais difícil. Agora estou parando olhando para o tanto que ainda falta pra descer. Já desci dois andares. Minhas pernas estão quase gritando pra eu parar, mas não tem jeito. Eu vou ter que descer mesmo.

Estava terminando de descer o terceiro andar quando de repente ouço alguém chamar por mim. Me viro pra ver quem é, e não sei por qual santo, eu perco o equilíbrio.

Um grito de susto e dor sai pela minha boca quando sinto meu corpo cair e se chocar contra os degraus. A única coisa que eu conseguia sentir era uma dor absurdamente intensa invadindo cada célula do meu corpo. Eu já tinha parado de cair, mas à minha volta nada parecia estar fixo. Eu só consegui ver vultos e ouvir sussurros.

Soltei um grito alto, e meu peito se apertou quando senti uma dor aguda na barriga. Levei minha mão até lá e fechei os olhos, pedindo proteção a Deus quando senti minha calcinha ficar molhada. Aquilo só poderia significar algo ruim.

Viva depois da Morte (Em revisão)Where stories live. Discover now