4- O dia seguinte

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O sol invade o quarto, quando ouço as  cortinas sendo puxadas. Viro meu rosto na tentativa de continuar dormindo, mas falho  quando meu cobertor é arrancado de cima de mim. Abro meus olhos e me deparo com Félix que tinha uma expressão zombeteira no rosto.

- Por que você me acordou? Hoje é domingo! - Exclamo brava.

- Exato, DO-MIN-GO.- ele diz pausadamente, como se isso fosse me fazer entender o que ele quer.

Quando percebe minha confusão, ele bufa frustrado.

- O que significa que a mamãe foi para a igreja e você vai ter que cuidar das coisas aqui em casa, começando pelo almoço, porque eu já estou morrendo de fome !- Ele diz e sai do quarto sem dizer mais nada.

Bufo, e me jogo na cama querendo descansar mais um pouco. Meu irmão realmente não amadureceu, com seus 22 anos, ele ainda faz um drama por causa da fome? Ele não sabe nem esquentar um frango?

Levanto-me da cama  para arrumá-la, mas logo desisto quando percebo que isso é uma tarefa difícil com a bagunça que estava.

Dirijo-me ao banheiro e, ao perceber que não está tocando música, penso em pegar meu celular, mas lembro da reação do Félix e decidi me arrumar rapidamente para atendê-lo.

Desço as escadas com pressa, segurando meu telefone e cantando a música que toca.

Chego à cozinha e examino a geladeira. Sorte a minha encontrar empadas de frango e bolo de chocolate lá.

Coloco as empadas para esquentar e começo a arrumar a cozinha.

Minha mãe é incrível e sempre mantém essa área organizada, então não tenho muito trabalho. Após terminar, preparo a mesa e chamo Félix. Antes de comermos, faço uma oração silenciosa.

Quando terminamos as empadas, ofereço a Félix um pedaço do bolo de chocolate, mas ele recusa, dizendo que vai comer mais tarde quando voltar. Ele me dá um beijo na testa antes de sair, por volta das 14 horas.

Estou sozinha em casa, então conecto meu telefone ao sistema de som da sala e começo minha "festa". Limpar a casa se torna muito mais divertido com música. Começo com soft pop, com minhas divas favoritas me fazendo companhia enquanto limpo a bagunça.

Escolho "Adore You" de Miley Cyrus e começo a varrer a sala, organizando um cômodo de cada vez. Como a cozinha já estava arrumada, a parte de baixo não leva muito tempo.

Por volta das 16 horas, termino de arrumar as coisas e me preparo para subir para o meu quarto, que tenho certeza de que vai demorar mais para arrumar.

Quando "Teenage Dream" de Katy Perry começa a tocar, paro no meio da escada e começo o meu "show" particular, mesmo sem uma plateia. Fecho meus olhos na intenção de me conectar com minha artista interior.

A música está tão alta que mal ouço a porta sendo aberta. Continuo dançando desengonçadamente, pois, para ser honesta, eu não sei dançar muito bem. Na verdade, sei dançar, mas da minha maneira. Quando a música termina, abro os olhos e vejo Félix, Elizabeth e, surpreendentemente, Francisco, que parecia envergonhado pela cena que testemunhou.

- Pode rir à vontade, não precisa explodir suas cabeças só para me poupar.- digo, antes de eles começarem a rir alto.

Sim, os três, inclusive Francisco, estão rindo de mim!

Baixo os ombros derrotada e começo a subir as escadas, já sabendo que eles não vão parar de rir tão cedo, e que vou ouvir isso por uma semana.

Desconecto meu telefone do sistema de sons e escolho um música mais calmas e lentas para arrumar o meu quarto. Opto pela minha playlist da Adele e começo a arrumar os presentes e colocar todas as coisas que ganhei nos lugares onde elas agora vão ficar no meu quarto.

Alguns minutos depois, Elizabeth entra pela porta e me abraça por trás, me dando um susto. Devo estar realmente distraída por não perceber seu reflexo no espelho.

- Então, amiga, tudo bem? - Ela pergunta com um sorriso divertido, claramente estava prestes a fazer um comentário. - O Francisco está lá na cozinha, quer falar com você.

- Achei que ele tinha vindo pegar algo com meu irmão, a pedido do Mateus.- digo sem muito ânimo.

- Não, ele veio aqui para falar com você mesmo, mas aí você decidiu fazer sua versão da Katy e...- Ela para abruptamente ao ver o olhar furioso que lhe lanço.

- Ei, não faça essa cara. Anime-se um pouco mais. Ele achou fofo a sua dança.

Reviro os olhos com a fala dela.

- Vá lá namorar um pouco, eu termino de arrumar essa bagunça aqui.- Elizabeth diz e concordo e caminho para fora do quarto indo para o andar de baixo.

Encontro Francisco na cozinha, olhando para algumas fotos da minha família na geladeira, ele se vira para mim assim que percebe minha presença.

- Oi Bruna.

- Ei, Francis, tudo bem?

- Sim, eu tava pensando que você poderia sair comigo, o que acha? -  Ele pergunta, sem delongas fazendo meu coração disparar.

- Ah...- Sorrio nervosamente, sem saber o que responder.

- Bem... Eu estava pensando em te falar isso por mensagem.

- Eu já estou aqui, então pra que mandar mensagem?- Ele ergue uma sobrancelha.

- Tá bom, aonde você vai me levar?

- É surpresa, você só saberá se aceitar. Mas prometo que você não vai se arrepender.

- Não acredito que você está usando minha curiosidade contra mim - finjo indignação.

- Então, isso é um sim?

- É claro, eu aceito sair com você.

- Então na sexta-feira às 16 horas, eu venho buscar você.

Sorrio concordando e ele se aproxima e me abraça me pegando de surpresa e depois saí.

Volto para o meu quarto com um sorriso no rosto, e Elizabeth já organizou uma boa parte do quarto enquanto estive fora. Terminamos o que faltava enquanto conversamos, e depois do jantar ele foi embora.

(...)

Finalmente, sexta-feira chegou, os últimos dias passaram voando, confesso que ouvi algumas fofocas e especulações sobre um possível namoro entre mim e o Francisco, principalmente porque ele grudou em mim a semana toda.

Agora são 15 horas quando termino meu lanche. Decido começar a me arrumar para evitar atrasos. Tomo um banho rápido, hidrato meu corpo e coloco um cropped branco e uma camisa xadrez por cima, um short jeans e meus tênis. Passo um modelador nos meus cabelos, deixando-os soltos.

Pego minha bolsa e, ao descer as escadas, encontro Francisco na sala conversando com Félix.

-Oi.- cumprimento-o com um abraço. - Por que você não avisou que já estava aqui?

- Eu cheguei há uns 5 minutos.

- Tchau, Félix. Até mais tarde- digo puxando Francisco para fora de casa.

Tenho certeza de que Félix vai fazer algum comentário, mas não quero ouvi-lo.

- A mamãe sabe disso?

- Sim, falei com ela e com o papai ontem à noite, e eles concordaram. Tchau.

Fecho a porta antes que ele possa responder, e olho para Francisco. Ele está vestindo uma camiseta branca, bermuda jeans cinza e tênis branco. Uma correntinha e um relógio no pulso.

- Você está linda, Bruna.- Francisco diz me fazendo sorrir involuntariamente.

- Obrigado, você também está.

Francisco tira a chave do carro do bolso, e nós nos dirigimos ao carro dele.

Viva depois da Morte (Em revisão)Where stories live. Discover now