1- O meu aniversário

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Mal posso acreditar que chegou o dia do meu aniversário, o melhor do ano, com certeza. Hoje vai ser o melhor dia dos meus, antes 16, agora 17 anos.

Quase não dormi a noite toda, me esforcei muito para não ter umas olheiras horríveis. Mesmo assim, pouco consegui dormir; só fiquei revirando de um lado para o outro na cama. Minha mãe entra no meu quarto com uma bandeja contendo o que julguei ser meu café da manhã e alguns balões de "feliz aniversário". Ela coloca a bandeja na bancada perto da minha cama e me enche de beijos pelo rosto, além de me abraçar como um urso.

- Mãe, você está me sufocando.- digo, tentando me soltar do abraço sem parecer rude. Mas naquela hora, meu rosto já devia estar ficando vermelho em volta da minha pele marrom clara.

- Deixa eu aproveitar um pouco. Você está se tornando uma mocinha, e cada vez vou ter menos tempo com você.- ela diz, me dando um beijo longo na testa.

Aposto que ficou a marca do batom vermelho que ela está usando. Quem usa batom vermelho a essa hora? Eu só uso nos meus dias de glória, mas são só 7h da manhã!

- Mãe, estou fazendo 17 anos, não é como se eu fosse mudar de casa ou algo do gênero. Ainda vou estar aqui para te atormentar  por muitos anos.- sorrio brincalhona.

- Está admitindo que é chata, Bruna?- minha mãe me olha divertida.

- Não, bem, só às vezes para te provocar um pouquinho.- digo e acabo rindo em seguida com a cara que minha mãe faz.

Ela balança a cabeça e levanta da cama contendo um sorriso por conta do que eu disse. Ela caminha para a porta e Antes de sair , ela diz "toma o café e se arruma que nós temos hora marcada para cuidar do seu cabelo e depois precisamos passar no estilista para pegar seu vestido.

- Sim, mãe - concordo antes dela fechar a porta.

Tomo meu café com um sorriso, mas a ansiedade por esse dia é tanta que nem consigo comer direito. Cadê meu apetite quando eu preciso dele? Tenho certeza de que, se passar o dia todo assim, vou comer tanto na hora da festa que nem vai dar para os convidados.

Me levanto e vou até ao espelho de corpo inteiro que tenho na porta do armário. Meu cabelo está preso em duas tranças grossas que caem até um pouco abaixo dos ombros. Geralmente, eu faço elas para dormir. Meu rosto está melhor do que eu pensei, considerando a ansiedade que virou minha melhor amiga nos últimos 2 dias. Minhas sardas parecem mais chamativas hoje. Gostaria de não ter puxado esse traço do meu avô, mas o Francisco diz que elas ficam lindas em mim e dão um ar diferente ao meu rosto.

Abro o armário e escolho um short jeans preto colado que vai até ao meio da coxa, um tênis branco e uma regata preta. Coloco tudo em cima da cama e tiro a roupa para entrar no banheiro. Prendo minhas tranças no alto da cabeça e começo o meu ritual de limpeza corporal, não sem colocar Harry Styles para ouvir.

Alguns longos minutos depois, saio do banheiro ainda cantando, com a toalha em volta do corpo. Assim que abro a porta do meu quarto, dou de cara com minha mãe me olhando com uma expressão festiva. Paro automaticamente de mover os quadris, com a sensação de ter feito algo que não devia.

- Bruna Monteiro, você tem exatos 10 minutos para se vestir e me encontrar lá embaixo. Nem um segundo a mais.- ela me lança um olhar duro e sai do quarto.

Onde está a mulher que me trouxe café da manhã tão carinhosamente?

Ninguém consegue se vestir em 10 minutos, a não ser que esteja com muita pressão ou em uma situação de vida ou morte. Paro de pensar nisso e começo a me vestir à velocidade da luz. Pelo menos é o que acho antes de ouvir três batidas impacientes na porta do meu quarto.

Antes de sair, olho-me no espelho. Isso é essencial. Eu até daria um sorriso para o meu reflexo se não fosse pelo meu cabelo, que nem tive tempo de arrumar. Mas me contento e coloco minha touca preta antes de sair do quarto.

Para minha sorte, nossa primeira parada é o salão de beleza. Antes que minha mãe possa abrir a boca para começar uma bronca, me jogo nela e dou um abraço seguido de um beijo na sua bochecha.
Ela apenas me olha e começa a caminhar.

- Onde está o papai e o Félix, mãe?

- Eu não sei. Quando acordei, eles já não estavam em casa. Mas encontrei um bilhete do seu pai na geladeira, mas não explicava muito. Só que eles voltariam antes das 11 horas da manhã."

Fomos para no carro, e minha mãe deu partida. Logo percebo que estamos seguindo um caminho diferente do salão para onde geralmente vamos.

- Para onde estamos indo? O salão é pelo outro lado.- digo, apontou a entrada que acabamos de passar.

- Eu sei. É que achei melhor irmos pegar o vestido primeiro, para não correr o risco de estragar o seu penteado quando for experimentá-lo.- ela diz, sorrindo, e liga o som do carro.

Não posso acreditar que corro o risco de ser vista por alguém com essa toca no cabelo. Mas, pensando bem, quem nunca me viu linda? Se houver alguém, então espere até hoje à noite. Não vai se arrepender.

Depois de verificar que está tudo bem com o vestido, fomos para o salão. Sally faz um trabalho maravilhoso no meu cabelo. Ela é a melhor, sem dúvida! Quando pego meu telefone, fico chocada.

Primeiro, porque já se passaram 4 horas desde que saímos de casa, segundo, pelo tanto de notificações e mensagens que não paravam de chegar.

Decidi deixar para responder no dia seguinte e aproveito a música que toca: "Home", de Michael Bublé. Pode ser meio melancólica, mas eu amo essa música.
                      
  (...)

Estou pronta!

Quase derramo uma lágrima com a minha imagem refletida no espelho, eu sei que sou muito linda, nunca duvidei, mas hoje eu definitivamente me superei.

Viva depois da Morte (Em revisão)Where stories live. Discover now