peaches and cream

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— Eu não sou marceneiro, Jimin. — respondeu, batendo a porta com força e fazendo o ômega resmungar baixo, ressentido pela resposta direta.

Pela grande janela de vidro, logo à frente da pia de marfim, ele pode ver o Chevrolet Bel Air amarelo de Jihoon disparar em direção ao centro da cidade, deixando disponível a imagem do gramado verdinho e bem cuidado do vizinho do casal, Jeon Jungkook, que, como sempre, podava as trepadeiras que cresciam no cercado de madeira que rodeavam toda a sua propriedade. Jimin não tinha o costume de bisbilhotar, mas algo no jovem de cabelos escuros e undercut o deixava extasiado, como um gatinho, obcecado por uma bola de lã nova e redondinha.

Redondinha como a bunda do Jeon, pensou.

Quem é que ele queria enganar? Tinha uma pequena — lê-se enorme — atração pelo alfa do outro lado da rua, e às vezes até mesmo ficava um tempinho a mais do lado de fora, fingindo tirar as ervas daninhas do quintal, apenas para ver como os músculos do alfa se destacavam sob o brilho da camada suave de suor que impregnava a pele dourada quando ele se esforçava demais.

Houve até mesmo um dia em especial, quando a mangueira do quintal do ômega havia ficado presa, impedindo a água de sair e Jimin de regar seus tão queridos lírios rosa-chá, e Jungkook, percebendo a situação, atravessou o próprio quintal, sorrindo abertamente antes de oferecer ajuda, deliberadamente. É claro que Jimin não pensou duas vezes antes de dizer "sim", e se martirizou em silêncio por não pedir ajuda a ele antes, apenas para poder sentir o delicioso aroma mentolado vindo do alfa quando ele flexionou os bíceps marcados para puxar a mangueira com toda a força, deixando-a pronta para o uso.

Desde então, o ômega imaginava sempre que podia como teria sido se casar com alguém como Jungkook: jovem, bonito, prestativo e pronto para Jimin sempre que quisesse — fosse nos afazeres de casa ou entre quatro paredes, até porque Jihoon sequer mostrava interesse pelo corpo do jovem Park, na maioria do tempo. Em outros momentos, ele apenas suspirava disfarçadamente sempre que o moreno lhe olhava, a metros de distância, e lhe oferecia o melhor e mais bonito sorriso, junto de um tchauzinho amigável.

Por Deus, como odiava seus pais por não terem deixado que escolhesse o próprio noivo!

Se pudesse, teria escolhido alguém como Jeon Jungkook, com certeza absoluta, e não tinha dúvida alguma quanto a isso! Que o alfa era bonito, gentil, educado, simpático e extremamente atraente, ele — e toda a vizinhança que, assim como Park, tinha uma grande quedinha por Jeon — já sabia, mas ainda tinha dúvidas que queriam ser saciadas, como saber de quais flores ele mais gostava, se aquela moto, uma Vincent Black Shadow reluzente, realmente funcionava, e quantos quilos ele conseguia levantar com os próprios braços.

Será que o suficiente para segurar o corpo de Jimin contra a parede com facilidade? Nunca descobriria.

Outro fato era que os dias passavam rápido demais quando o ômega tinha que dividir seu tempo pensando no vizinho e em suas habilidades não descobertas, e também nas matérias maçantes e cansativas que o levariam até a tão desejada faculdade de Medicina. Convenhamos, seria um tanto quanto vergonhoso se ele respondesse mais uma vez o nome do alfa que morava do outro lado da rua quando seu professor lhe perguntava onde ele estava com a cabeça durante as aulas por chamada de vídeo.

Jimin era um ômega casado, afinal de contas, e comprometido há tanto tempo, que a maioria das pessoas se surpreendiam ao descobrir que ele ainda não havia sido marcado pelo seu alfa. Não que isso o magoasse, longe disso, mas ainda era incômodo o suficiente para ferir o ego de seu lobo, que, depois de dois anos de matrimônio, se sentia absurdamente rejeitado por não possuir uma marca. Park, entretanto, empurrava esse incômodo para longe, lembrando que tinha preocupações reais para serem resolvidas com o marido.

I'M NOT A BAKER | jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora