capítulo cinco.

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— Pronta? — perguntou Lena.

Kara assentiu, tentando controlar o sorriso bobo que não saía de seus lábios.
Lena tinha coberto os olhos dela com a mão, coisa que Kara nunca gostará, mesmo quando criança. Naquela noite, porém, não protestou. A mão dela era grande e quente, com uma força que sugeria algo perverso e maravilhoso.

— Só mais alguns passos — disse Lena, ao descerem da carruagem dourada oficial, toda enfeitada, com que haviam atravessado Dublin. — Quero que você tenha a melhor perspectiva.
— De quê?
— Calminha, não há necessidade de ser tão impaciente.

Ela se deixou guiar por um caminho de cascalho. Uma estrada de acesso. Devia ser.

— Quase lá. Um, dois…

E, no “três”, ela tirou a mão, revelando uma casa bela e imponente no estilo neoclássico, em forma de U, com colunas e pilastras enfileiradas na fachada. Um tapete vermelho descia os degraus da entrada e quase chegava à carruagem.

— O que acha? — perguntou Lena, ansiosa.
— É linda. — Kara virou-se para a mulher com quem acabara de se casar. O reflexo das luzes dos postes reluzia nos olhos verdes dela. — Quem mora aí?
— Mandei que fosse reformada só para você.

Kara sabia que não poderia ser inteiramente verdade, afinal, o casamento das duas tinha sido acordado pouco menos de dois meses antes. Mesmo assim, ela adorou. Gostava muito mais do que dos tijolos aparentes do Palácio de Galway. 
E o principal: ela estaria no comando da própria casa. Uma futura Consorte não apenas de um país, mas de seu lar. Isso não seria fácil de realizar se fosse se instalar em Galway, onde residia a rainha Lillian.
Já ali, em…
Ela fez uma pausa em seus devaneios para perguntar:

— Qual é o nome?
— Casa Lunvers. Uma junção de nossas dinastias, Luthor e Danvers. Mas podemos mudar se quiser.
— Não, gosto desse nome. Soa como algo que vai durar. Algo nosso.
— Rezo por isso.

Kara não conseguia parar de sorrir. Não sabia que era capaz de sentir tanta alegria, nem que outro ser humano seria capaz de fazê-la tão feliz. Não conseguia parar de pensar como tivera sorte. Lena era gentil, divertida e parecia muito inteligente. Depois de partirem do Palácio de Galway, ela falará de alguns de seus livros favoritos, principalmente aqueles que falavam sobre o Universo. Ela mesma era interessada por astronomia, mas, quando Lena falava, o assunto ganhava vida. Ao ouvi-la, ela tinha vontade de saber mais. Tinha vontade de aprender ainda mais. E ela tinha comprado aquela mansão para ela?

— Essa vai mesmo ser a nossa casa? Ah, Lena…
— A sua casa — corrigiu ela.

Ela hesitou, segura de não ter ouvido direito.

— Minha casa? Como assim?

Ela fez um gesto indicando a enorme construção.

— É aqui que você vai morar. Mandei que durante a cerimônia trouxessem para cá todos os seus pertences.

Kara ficou encarando a casa como se pudesse enxergar, do outro lado dos blocos de pedra, suas coisas e vestidos supostamente armazenados em armários.

— Não sei se compreendo. Se esta é minha casa, não é também nossa casa?
— Suponho que o Palácio de Galway seja oficialmente nossa casa — disse ela, dando a impressão de que ainda não havia pensado no assunto até aquele exato momento. — Mas é aqui que você ficará.
— Ah. — Isso foi tudo o que ela conseguiu dizer.

Ela lhe deu um tapinha de leve no braço.

— Você vai ficar muito confortável. É bem moderno. Tem até uma piscina e uma hidromassagem.
— E onde você vai ficar? — perguntou ela, por fim, pois ela não havia dito nada sobre os planos para si.
— No Palácio de Galway.
— No Palácio de Galway – repetiu ela.

The Mysterious Princess | versão karlenaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora