capítulo quatro.

912 131 26
                                    

Era o dia de seu casamento e ela estava se sentindo perfeitamente bem. Nem mesmo os olhares que recebia por conta da máscara iria destruir aquele momento.
Kara se encontrava a poucos metros de distância, conversando com a mãe e as irmãs. Estava bela e majestosa, o cabelo loiro estava solto, os fios ondulados e uma linda tiara enfeitando sua cabeça, como se tivesse saído de um conto de fadas. Ocorreu que já passava da hora de tirar sua esposa para uma dança.
Se aproximando, ela se curvou diante dela.

— Me daria a honra da próxima dança, Vossa Alteza Real?

Pois é o que Kara era agora. Não mais somente uma Alteza. E sim uma Alteza Real, sua futura Consorte.
Ela sorriu como se um brilho a iluminasse por dentro.

— Seria uma honra, Vossa Alteza Real.

Lena a conduziu até o centro da pista. Outros casais logo se juntariam a elas, mas compreendiam que aquela dança seria apenas para a herdeira e sua esposa.
Embora tivessem trocado algumas palavras durante toda a noite, aquela era a primeira conversa das duas a sós desde a cerimônia.
Esperou que a música começasse, conduziu-a pelos primeiros passos e perguntou:

— Como se sente em ser a herdeira consorte?

Kara demonstrou alguma surpresa.

— Não sei — respondeu. — Como se sente em ser a herdeira?
— Eu praticamente não sei ser outra coisa desde os quatro anos.

A conversa foi interrompida, Lena tomou a mão dela, enquanto seguiam por um corredor central imaginário entre dançarinos imaginários. Os convidados ainda não haviam se juntado a elas. Eram apenas as duas, evoluindo sozinhas.
A música chegou ao auge e cedeu, indicando que a primeira dança solo havia terminado. Lena fez um gesto largo e régio com o braço, chamando os demais convidados à pista. E eles assim o fizeram, fervilhando em torno do casal real num rodopiar de seda e cetim perfumados.
E, embora ela e Kara continuassem a ser o centro das atenções, Lena não se sentia tão sufocada.
Era um alívio.

— Não me falaram quase nada sobre você — disse Kara, retornando a conversa.
— Também não me falaram muito sobre você.
— Tenho certeza de que há menos a falar sobre mim — disse ela.
— Impossível. Não existem palavras suficientes para descrevê-la.
— Agora sei que você é dada a exageros.

Mas ela corou um pouco. 
O rubor cobriu sua pele. Deixando-a encantadora aos olhos de Lena.
Ela era um diamante. Sem defeitos.
Lena não era digna dela.

— Venha — disse Lena, dirigindo-se à lateral do salão. — Vamos deixar a pista para nossos convidados.

Voltaram para a lateral do salão. Kara contemplou a multidão, e ela a olhou.

— Você é linda.

Não tinha a intenção de dizer aquilo, não naquele momento, mas as palavras escorregaram de seus lábios como um poema.
Ela se virou.

— É bondade sua dizê-la.

Lena tentou ao máximo aparentar indiferença.

— Nada além da verdade, mas com toda a certeza você sabe disso.
— A beleza não se encontra nos olhos de quem vê?
— Se é assim, então você é a criatura mais bela já vista no mundo, porque sou eu quem a contempla.

Kara sorriu, um sorriso genuíno. Mas parecia que ela estava contendo alguma coisa. Uma risada?

— O que foi? — perguntou ela.
— O que foi o quê?
— Você queria rir.

Ela baixou o queixo.

— Não queria.
— Permita que eu me corrija: você estava segurando uma risada.
— Não é a mesma coisa?
— De maneira alguma. Mas está fugindo da minha pergunta.
— Pois bem, se quer mesmo saber…
— Quero — interrompeu Lena, com um sorriso.

The Mysterious Princess | versão karlenaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora