{Untitled}

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Crystal's Point Of View

Corri para casa pensando quais seriam as consequências de ter chegado uma hora depois de ter saído de casa. O que me esperava não era bom. Provavelmente iria ouvir das boas da minha mãe ou talvez ela iria bater-me pelo que lhe fiz há, aproximadamente, duas horas atrás. Não poderia fugir de casa, pois seria bem pior para mim. Então, não me restava outra opção a não ser ir para o sítio a que chamava «lar» e esperar que nada me acontecesse.
Enquanto seguia o caminho de volta para casa, fui surpreendida por um som de uma buzina que me era familiar. O meu pai tinha chegado.

-Então Crystal? Onde foste?- perguntou amistosamente.

O meu pai é um homem simpático e amável, apesar do seu aspeto rude, por vezes. "Quem vê caras não vê corações" e o do meu pai, particularmente, é mole, por vezes demasiado mole. É alguém muito sentimental, não controla as emoções, tanto boas como más. Ninguém na minha família herdou esse lado do meu pai. Todos nós, exeto o meu pai, somos frios uns com os outros. Nunca nos abrimos com ninguém, e acho que nunca irei fazê-lo. Ninguém me conhece verdadeiramente. Ninguém sabe como se encontra a minha alma. Ela está despedaçada, como se mil lâminas a penetrassem. Se tal coisa da reencarnação existisse, a minha teria sido reciclada do Inferno.

Entrei na carrinha do meu pai sem abrir a boca até o caminho de casa. Um silêncio constrangedor tinha-se instalado entre nós. O meu pai estacionou a carrinha e disse:

-Crys, preciso de falar contigo. A sério.
-Atira - cuspi sem alguma emoção.
- Eu estou preocupado contigo. Olha como tu falaste comigo... Não tens nada dentro de ti? Há mais de 6 meses que gastas o teu tempo livre fechada naquele quarto a ouvir música. Não sei porque estás assim. Não te abres com ninguém, não te expressas, não sais de casa a não ser para ires ás aulas... Eu não sei. O que se passa Crys?
-Não se passa nada. Passa-se alguma coisa? Eu apenas gosto de ouvir música e os meus "amigos" - fiz aspas com os dedos-  não querem saber de mim. Se eles não se importam, porque hei-de falar com eles? Isto se se passasse alguma coisa.
-Olha, Crystal, eu só quero que saibas que quando tiveres algo que contar, eu estou aqui, está bem?

Quando ele proferiu a última palavra do seu discurso absurdo, eu já me encontrava fora do automóvel e a subir as escadas de minha casa.
Não quis comer apesar de não o fazer desde o almoço. Vesti um pijama composto por uma camisola branca larga e uns calções e tentei dormir, apesar de não conseguir parar de pensar no estranho, mas belo rapaz que conhecera hoje.

Emo Love Story|| baseado em factos reais (hiatus)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora