IX

285 31 11
                                    

Boa leitura ☕♥️


Reunião de família...

Qual é o limite?

Por quanto tempo um ser humano consegue ficar preso dentro dos próprios pensamentos numa solidão melancólica sem desmoronar?

Por sorte, Carlisle Cullen não era um humano; Entretanto, de sua espécie, era o que chegava mais perto e isso o tornava um homem solitário.
Veja bem, solitário, não sozinho.

Seus filhos eram a coisa mais preciosa que possuía, mas embora os tratasse como família. Rosalie tinha Emmett, Alice á Jasper e esses tinham as próprias vidas como casal. Por mais que passassem a maior parte do tempo juntos e unidos como um clã, Carlisle entendia que precisavam ter sua privacidade.

O único que poderia compartilhar de sua solidão era Edward, o garoto que salvou morrendo de gripe espanhola há mais de um século atrás.

Edward fora sua primeira companhia fixa,a quem guiou e orientou como um pai a seu filho, Carlisle lhe mostrou que havia outro caminho, um caminho em que não precisava se tornar um monstro.

Por essa razão, Carlisle era capaz de compreender as razões pelas quais o garoto fez o que fez, por mais que não aprovasse.

Alice também, é óbvio. A garota que simplesmente os encontrou por uma visão, que os amava antes mesmo de conhecê-los.
Embora Carlisle fosse o líder, era Alice o elo que unia o clã.

(...)

O crepúsculo já se pôs, de pé com um olhar fixo em algo além da escuridão da floresta, o vento frio causando nenhum efeito em sua pela translúcida, Carlisle Cullen aguardava a chegada de seus filhos do fim de semana de caça.

Ao longe, ele ouve suas vozes; Emmett conta uma piada sem graça da qual apenas Rosalie ri.

E embora aflito, Carlisle esboça um pequeno sorriso enquanto caminha até a sala de estar;

Em poucos segundos toda a família Cullen já se encontra reunida;

- Como foi a caça?- Pergunta Carlisle, de costas para os mais novos, a mão esquerda inconscientemente segurando o pulso direito.

- Ótima!- Alice sorri, os roxos sob os olhos não passando de marcas claras- E com ela? Lilly?- A mais nova insiste, um brilho gentil no olhar.

Edward, que tentava discretamente ver o que se passava nos pensamentos do loiro, lhe lança um olhar duro.

Carlisle respira fundo, mesmo não precisando, ainda era bom de se fazer;

- Alice- O homem encara sua filha e não é preciso ler mentes para sentir a dor que aqueles olhos dourados carregam- Sei que têm boa intenção, mas o que fizeram não é certo!

- Eu vi Carlisle, eu vi!- Insiste a castanha, o encarando ansiosa, como se tentasse explicar algo muito simples a uma criança.

- Espera um pouco- Interrompe Rosalie, a mão levemente erguida- Lily, a humana?- A loira encara Alice com os olhos apertados- O que você fez?

- Nada muito diferente que você...- a menor lança um olhar rápido para Emmett.

- Não ouse!- Os olhos de Rosalie brilham mais escuros- Ela não está morrendo para que Carlisle a transforme!

- E se não tiver escolha?

- Já temos problemas demais para lidar Alice!- Repreende a loira, contudo, seu olhar, assim como o dos outros presentes, se voltam para o loiro ainda imóvel no lugar.

_________________________________________________ 🌹

Ele corre pela floresta, os pés saltando sobre os galhos, as mãos agarrando os troncos de árvore pelo caminho... Ao alcançar a cidade, Carlisle Cullen coloca as mãos nos bolsos de sua calça escura, haviam alguns respingos de terra em seu coturno, mas nada muito perceptível.

O homem caminha sem rumo pela calçada deserta aquela hora da noite;

Precisava de tempo, silêncio... Ele precisava pensar! Mas não queria.

Carlisle gostaria de bloquear seus pensamentos, se isolar no total silêncio de sua mente, mas tinha experiência de vida suficiente para saber que não poderia.

Porque diferentemente de seu coração, o cérebro trabalhava a mil.

Ele pensava no que Alice havia dito, no pesar e na certeza em seus olhos... De um jeito ou de outro, as profecias de Alice sempre acabavam por se cumprir.

Carlisle não queria condenar aquela jovem com uma vida brilhante pela frente, ao fardo solitário da eternidade.

Lilian era boa... Ele sentiu isso quando a viu, mas do que isso, Carlisle sentiu que há conhecia.

Como se tivesse buscado por algo por séculos, quando seus olhos encontraram os de esmeralda...

Era ela!

Uma sensação diferente tomou conta de seu peito... Vida!

Ele estava morto, todavia, era capaz de sentir... Aquele arrepio, aquele calor, as palavras que não encontravam o caminho até sua boca e se perdiam na confusão que seu cérebro havia virado de repente...

Será que ela sentia o mesmo? Quer dizer, se fosse capaz de...

O loiro suspira frustrado;

Era um gesto involuntário, Carlisle não precisava respirar, mas sentir...

O cheio de terra molhada, grama bem aparada e cozido de carne com batatas... Seus pés trilham o caminho por conta própria.

Uma fina garoa cai sobre ele, molhando seus cabelos e sua suéter;

De repente, um cheiro novo invade suas narinas, não é exatamente novo, ele já o sentiu antes, mas está mais forte agora...

O loiro fecha os olhos e inspira fundo;

O aroma de cereja e chocolate invadem seu olfato, ao abrir os olhos ele percebe que esse tempo todo estivera caminhando em direção a casa do Chef de Polícia, Charlie Collins;

Carlisle está parado do outro lado da rua, sob a luz dourada do poste, não é preciso entrar para saber que ela está na janela do segundo andar, as batidas calmas de seu coração se misturam ao revolto da chuva...

Ele da dois passos antes de hesitar;

Seria loucura, ele não deveria fazer isso, contudo, encarando a marca em seu pulso, Carlisle Cullen precisava saber.

Teria Lilian Collins uma igual?

Conforme se aproxima do gramado, o cheiro se torna ainda mais intenso e pessoal... A casa inteira tem o cheiro dela e Carlisle precisa de muito, muito controle para lhe dar as costas e correr novamente para a floresta...

Em seu íntimo ele sabe que se a tocar... Jamais será capaz de solta-la;

E Carlisle tem medo do que isso possa significar.

...🌹

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Sep 22, 2023 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Dusk till dawn- Carlisle Cullen Where stories live. Discover now