Pete acordou do transplante de coração, mas sua mente não conseguia sossegar, ele precisava saber sobre a pessoa a quem aquele órgão pertencia, após algumas buscas encontrou Vegas, o namorado da garota que morreu em um acidente de carro e a verdadei...
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O clima teria ficado ainda mais estranho se Vegas não tivesse caído no sono assim que chegaram ao quarto. A quantidade de álcool em seu sangue o fez se jogar na cama e adormecer imediatamente. Pete viu aquela cena e suspirou. Agora as coisas tinham ficado ainda mais complicadas.
Ele se aproximou do corpo deitado de Vegas e começou a tirar seu sapato, guardando-o em um canto. Depois, com todo cuidado, retirou as meias. Os pés estavam um pouco vermelhos devido à longa caminhada. Pete se atentava a cada detalhe enquanto preparava Vegas para dormir. Começando pelo pé, observou as veias saltando da pele. Ao retirar a camisa, pôde ver melhor os músculos, que pareciam mais definidos de perto. Pegou um pano úmido para limpá-lo antes de vesti-lo com uma roupa nova. Ele não teve pressa, demorou em cada movimento, como se aquela fosse a última vez que pudesse estar tão próximo dele. Ele temia o dia seguinte, a reação de Vegas quando assimilasse tudo o que tinha acontecido, desde a revelação do acidente até o beijo.
Ele suspirou, pois de repente percebeu que aquele tinha sido seu primeiro beijo. Talvez até parecesse perfeito, tinha sido no meio de uma praça em Siena sob a luz do luar, com um cara legal e bonito, um cenário digno de um filme. No entanto, toda a situação ao redor parecia tirar um pouco do brilho daquela experiência.
Após trocar Vegas e colocá-lo deitado na cama, Pete selou os lábios dele antes de deitar, só para ter certeza de que tudo aquilo era real. Ele se forçou a dormir, pois o dia seguinte seria cheio.
[...]
Na manhã seguinte, Vegas acordou com uma forte dor de cabeça. Pete o ajudou indo à farmácia comprar remédio, aproveitando como uma desculpa para sair do quarto por alguns instantes. Quando deu o medicamento para Vegas, eles desceram para tomar café da manhã.
O assunto do beijo não foi mencionado, e Vegas parecia agir normalmente, como se fosse uma manhã comum. Aquilo começou a irritar Pete, pois ele sabia que Vegas não havia tido a famosa amnésia de bêbado. No entanto, Pete decidiu entrar no jogo dele e também não mencionou nada. Estava curioso para ver até quando Vegas evitaria o assunto.
- Droga - Vegas disse de repente - Não encontro meu celular desde ontem. Acho que perdi em algum lugar. Precisamos ir ao centro comprar outro.
- Tudo bem - Pete respondeu seco, levantando-se para pegar o casaco.
Depois de comprarem o celular de Vegas, um modelo bem inferior por conta do dinheiro limitado da viagem, eles continuaram caminhando pelo centro, explorando mais alguns lugares antes de irem para Pisa. Pete permanecia chateado e Vegas continuava fingindo naturalidade.
- Podemos entrar aqui? - Pete perguntou de repente, parando em frente a uma catedral.
- Não sabia que você era religioso - Vegas disse.
- Não sou - respondeu Pete, ríspido - Só quero ver uma coisa que está aqui dentro.
A catedral era muito bonita. O interior era decorado com mármores coloridos em tons quentes, uma mistura de branco, verde e rosa. Parecia uma espécie de arquitetura gótica italiana.
