25. Fim (estendido)

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S/N
Vinícola Hichello, Toscana
8 de março de 1987, 7:52

 Michael olha para seu dedo, sujo de maquiagem. Ele mantém o olhar fixo por alguns segundos que, para mim, parecem uma eternidade. Seu rosto, anteriormente contorcido pela preocupação, agora assume uma calma aparente. No entanto, a seriedade em seus olhos me deixa inquieta. Ele respira profundamente, como se buscasse equilíbrio, e então me encara com uma intensidade que me faz arrepiar.

 — Você cobriu com maquiagem? — Michael sussurra, sua voz tão fria que me faz estremecer. Eu engulo em seco, tentando encontrar as palavras certas para responder. Mas antes que eu possa falar, ele continua.

 — Já aconteceu antes, não é? — ele franze o cenho, a preocupação voltando a dominar suas feições. Michael olha para mim, seus olhos estão buscando respostas dentro dos meus olhos — Quem fez isso com você? — Michael pergunta, sua voz baixa e calma.

 — Michael, eu... eu caí no banheiro! — tento rir, mas o som sai estrangulado e forçado — Acontece, eu... eu fiquei com vergonha e não quis contar! — tento desviar o assunto, mas ele não parece convencido. Ele se aproxima de mim, sem tirar seus olhos dos meus. Ele levanta a mão, tocando levemente meu queixo e me fazendo olhar para ele.

 — S/N, você pode me contar o que realmente aconteceu. Sou o seu Michael lembra? Estou aqui para você — Michael diz em um tom suave e reconfortante. Respiro fundo, tentando afastar as lágrimas que ameaçam cair. A verdade é que eu tenho medo. Medo de sua reação, medo de perdê-lo de vez. Mas acima de tudo, medo de reviver aqueles momentos terríveis.

 — Antes de conhecer você, eu namorei um homem horrível — começo, minha voz tremendo com a lembrança — Ele me agredia de todas as formas possíveis. Em um dia, tivemos uma briga tão feia que... que eu pensei que tinha o matado — confesso, as palavras saindo de mim como uma torrente. Michael permanece em silêncio, apenas me observando. Ele acena com a cabeça, incentivando-me a continuar — Mas ele não morreu. E ele está aqui. Hoje — termino, minha voz quase um sussurro. Michael parece chocado por um momento, mas logo um sorriso se desenha em seu rosto.

 — Você foi muito corajosa em contar isso, S/N — ele sussurra, sua voz cheia de admiração e respeito — Agora, só me confirme algo — ele pausa, olhando para baixo antes de voltar a olhar para mim — Foi naquele momento que Henry te "ajudou", não foi? — ele pergunta, e eu aceno positivamente, sentindo um peso sair de meus ombros.

 Michael abre os braços para mim. O abraço me permite ser acolhida por ele. Fecho meus olhos e me permito afundar em seu calor reconfortante. É como se todos os meus medos e inseguranças se dissolvessem naquele abraço. Michael é o homem que sempre vai me ouvir e me acolher, independente de qualquer coisa. Neste momento, com minha cabeça descansando em seu peito, eu sinto que talvez tenha feito a escolha certa.

9 de março de 1987, 09:29

 Sentados em uma parte tranquila do jardim, conversamos sobre todo tipo de coisa. É a primeira vez que nos reunimos para conversar assim. Estamos sob a sombra de uma majestosa macieira. A mesa que compartilhamos é branca de ferro, com detalhes intricados em arabescos que adornam cada centímetro dela. Ela é linda.

 O sol brilha intensamente, mas uma brisa suave varre o jardim, fazendo as folhas da macieira acima de nós, balançarem suavemente. Suas sombras dançam na mesa, proporcionando um contraste entre a luz e a sombra. Essa brisa também traz consigo a promessa de chuva mais tarde.

 Ao meu lado direito, Michael usa uma camisa verde-escura, e seus cabelos soltos em cachinhos caem lindamente em frente ao seu rosto tão lindo. À minha esquerda, quase de frente para mim, Daniel veste uma camisa branca apertada, e seus cabelos estão secos e voam suavemente graças ao vento.

Eximio | Michael JacksonWhere stories live. Discover now