24. Desvelo

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S/N
Vinícola Hichello, Toscana
7 de março de 1987, 17:52

 — Não atrapalhe meus planos sua infeliz! — Henry diz em um rosnado. Sinto meus pés se afastarem do chão. Quando estou prestes a desmaiar, ele me solta. Caio no chão. Meus joelhos ardem e meu pé dói muito — Eu vou acabar com você — diz assim que se agacha perto de mim.

 — Sai de perto de mim — sussurro entre lagrimas. Me ajoelho, mas, não fico muito tempo nessa posição e acabo tombando para frente, ralando meus ombros e bochecha. Eu pensei que ele não teria coragem de tocar em mim aqui, que talvez ele tivesse mudado. Algo estranho em minha mente, lá no fundo, pensou que ele tinha chance de mudança. Eu estava enganada nessa parte e certa em ter medo.

 — Oh meu Deus! Você está bem? — Henry pergunta falsamente colocando a mão em meu ombro e tentando me levantar. Meu choro que era baixo fica mais alto que nunca. Não consigo controlar.

 — Tira a mão de mim — digo entre sussurros — Sai — falo em meio as lagrimas.

 — S/N! — Michael fala ao longe e após alguns segundos eu o escuto mais perto — Meu amor, o que aconteceu? — pergunta preocupado.

 — Ela caiu, pode ter sido queda de pressão acontece muito! — Henry fala com um tom fingido — Tentei a amparar, mas, não cheguei a tempo.

 — Deus — escuto a voz de Daniel. Ele se aproxima e com Michael ele me ajuda a levantar. Minhas pernas não se aguentam e eu quase caio novamente, mas, Michael me segura e me pega no colo.

 — O que aconteceu? — River pergunta parecendo estar muito preocupada — S/N, o que aconteceu? — por que ela está tão nervosa?

 — Ela está bem, só caiu! — Henry fala com seu tom calmo para ela — Venha, ela está bem!

 — Sabe se ela comeu alguma coisa hoje? — Dan pergunta a Michael que está me carregando para dentro da casa.

 — Acho que não, assim que chegamos ela sumiu pela propriedade e não entrou na casa, mas, pode ter comido quando voltou — Michael fala calmamente.

 — Ela não tem pressão baixa — Dan sussurra desconfiado — Vou buscar algo para ela comer, levo no quarto! — fala se distanciando.

 — Quer falar sobre? — Michael pergunta baixinho para mim. Agora ele está subindo as escadas e não parece estar nada cansado por estar me carregando.

 — Estou bem — balbucio — Não gosto dele — murmuro — Ele não é uma boa pessoa.

 — Henry? É, também não fui muito com a cara dele — suspiro aliviada — Ele é muito elitista!

 — E racista — balbucio e apoio meu ouvido no peito dele. Fecho meus olhos e apenas aproveito a sensação de proteção. Estou me sentindo tão segura e acolhida em seus braços, como se aqui eu encontrasse finalmente um refúgio seguro. Aqui encontro um breve alívio. É um refúgio temporário, mas suficiente para recarregar minhas energias.

20:13

 Sinto a respiração quente de Michael em meu rosto enquanto ele continua a acariciar minha bochecha. Seus dedos são suaves e delicados, como se tivessem sido feitos para me tocar. Eu estou sentindo um conforto tão grande aqui pertinho dele, como se nada pudesse me machucar ou me amedrontar. É um lugar seguro, onde eu posso ser eu mesma e não precisar me preocupar com nada.

 Nós estamos deitados lado a lado na cama, nossos corpos tão próximos que eu posso sentir o calor dele. Ele está com um braço ao redor da minha cintura, me mantendo perto dele, enquanto a outra mão continua a acariciar meu rosto. Seu toque é tão suave e delicado, como se ele estivesse tocando uma pétala de rosa.

 Eu olho para ele e nossos olhos se encontram. Seus olhos são tão lindos, com um brilho intenso que me faz sentir segura e amada. Sinto meu coração acelerar enquanto ele sorri para mim, um sorriso tão doce e gentil que me faz querer chorar. Seu amor por mim é palpável.

 — Você está se sentindo melhor agora, meu amor? — ele pergunta, sua voz tão suave e doce como mel. Eu assinto com a cabeça, incapaz de falar enquanto ele continua a me olhar com aqueles olhos profundos e cheios de amor. Me sinto tão sortuda por ter ele ao meu lado, por ter alguém que se importa tanto comigo. Eu não tinha ninguém para cuidar das feridas que Henry provocava, agora tenho.

 Ele beija minha testa suavemente e me abraça com força, como se estivesse tentando me proteger do mundo lá fora. Eu fecho os olhos e respiro fundo, deixando-me afundar em seus braços protetores. Aqui, com ele, eu me sinto segura e amada, e isso é tudo o que importa para mim agora.

8 de março de 1987, 07:13

 — VOCÊ SEMPRE TRAPACEIA! — Michael diz entre gargalhadas indignado logo atrás de mim. Ele me alcança e me abraça por trás — Sua trapaceirinha — fala entre risos enquanto beija meu pescoço. Eu mal consigo conter minha risada diante de sua reação exagerada. Estávamos brincando de corrida pelo vinhedo, quem saísse primeiro ganhava. Eu peguei um atalho, não estava em nossas regras que não poderia fazer isso então eu fiz.

 O sol brilha sobre o vinhedo, iluminando as videiras que se estendem a perder de vista. O aroma das uvas maduras paira no ar, misturando-se com nossas risadas e o som suave do vento que sopra entre as folhas. É um momento mágico, em que o tempo parece suspenso e nada mais importa além da nossa conexão e alegria. É como se o dia de ontem nem tivesse existido. Michael tem o dom de me fazer esquecer coisas ruins.

 — S/N, o que é isso? — Michael pergunta me mostrando seu dedo sujo de maquiagem — O QUE FOI ISSO? COMO ISSO ACONTECEU? — ele pergunta desesperado. Ele viu o roxo em meu pescoço, resultado das mãos violentas de Henry.

Eximio | Michael JacksonWhere stories live. Discover now