Prólogo 3: Covil de legionários

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Percebendo que não poderia lutar contra algo tão poderoso, Zira desiste de se debater e analisa a situação. Foi quando percebeu que alguns metros à sua frente um legionário a encarava. Era um olhar calmo de quem tinha total controle sobre a situação: "Seu filho de uma daska!" Óregon não era apenas mais uma prisão, era o covil dos legionários, a sede da ordem.

Após mais alguns segundos a assassina cai pesadamente no chão inconsciente.

O legionário, usando sua telecinese, ergue as algemas e as prende novamente tanto no pescoço como nos pulsos da mulher. Tudo de forma rápida, apenas com o olhar.

Suna começa a se levantar devagar passando as mãos na farda amarrotada. Percebendo que Hounen a olhava com desaprovação, sobreveio-lhe um sentimento muito comum: "Fiz besteira de novo..."

O legionário aponta para Zira desacordada no chão e devidamente algemada, indicando que era para ter sido assim desde o início. Com um leve aceno de cabeça ordena a Suna que finalize o seu trabalho. Eram gestos pequenos e sutis os quais foram rapidamente compreendidos.

Após alguns minutos, Zira acorda em uma cela revestida de aço. Sentada sobre a cama com os olhos meio cerrados, ela dá uma rápida visualizada no quarto: "Fui pega... Que merda!" Não sabia o que era pior, a cabeça quase explodindo de dor ou a humilhação de ter sido aprisionada novamente.

Tudo que é ruim pode ficar ainda pior.

Do lado de fora da cela, Suna iniciou uma sessão de tortura psicológica. Com uma voz afetada como quando se fala com uma criança, Suna começa a zombar da prisioneira: "Bom dia, bela adormecida! Dormiu bem?"

Zira esfrega as mãos no rosto, tentando acordar por completo enquanto responde indignada aquela voz irritante: "Aff... Você de novo! O que você quer?"

"Eu quero que você saiba que não fui punida como você esperava."

A prisioneira fica um tanto surpresa com a notícia, afinal, Óregon é muito rígido com as suas leis, mas se esforça em aparentar total desinteresse: "Ah... É mesmo? Que bom para você. Eu não sabia que tinham afrouxado as regras por aqui."

Rapidamente, Suna nega fingindo simpatia na voz: "Não, não é isso. Apenas abriram uma exceção. Disseram que pelo seu nível de periculosidade, isso já era esperado. Enfim... Era só isso mesmo que eu queria te falar."

"Já que disse o que tinha de dizer, espero que se vá!"

"Ah, eu vou sim. Mas antes, te desejo boa sorte com o seu tratamento psicológico, cortesia de Óregon. Após o reset você será uma pessoa melhor. Até mais!", após estas palavras, Suna se vira e vai embora. Ela sente um pouco de culpa por ser cruel ao falar sobre o reset, mas Zira é um monstro e merece ser lembrada da sua recompensa.

"RESET!" Zira dá um pulo da cama: "Eu havia esquecido completamente! Preciso vazar daqui, rápido! Mas como?" Cada minuto que passava era de pura aflição para a prisioneira. Para todos os prisioneiros de Óregon o reset era o nome mais temido entre eles. Alguns prisioneiros levados a Óregon são obrigados a passar por um 'tratamento psicológico' chamado reset. Durante esse tratamento os presos são expostos a algum tipo de química ou energia, ninguém de fora sabe explicar direito como funciona. Apenas sabem que o resultado é uma total transformação mental.

Acredita-se que uma pessoa má se torna má por causa de suas experiências traumáticas de vida. Mas se esta pessoa for resetada, sendo removidas todas as lembranças de traumas, ela poderá ser restaurada a uma condição sociável.

Em toda a Ordem dos Sete existe certa discordância sobre se esta prática é moral ou imoral, boa ou má. Alguns fazem protestos pacíficos com cartazes e carros de som pedindo a abolição do reset. Outros o defendem como sendo a única forma de trazer paz sem matar. E ainda outros dizem que entre ser resetado ou morrer, morrer é algo mais natural.

O ponto é que não existe um acordo completo sobre o assunto. Porém, mais de setenta e oito por cento de toda a Ordem dos Sete aceita e apoia o reset. Como prova, essa prática tem mostrado resultados aparentemente positivos e observáveis. Uma redução de cinquenta por cento dos assassinatos em toda a Ordem dos Sete, comprovam a sua eficiência.

Fique à vontade para tecer a sua própria opinião. De qualquer forma, se ela não for a opinião da maioria, não terá muito poder. Verdade absoluta é. Porém, a vida é cheia de mudanças e o que era maioria hoje pode tornar-se minoria amanhã e vice-versa. Então, não julgue impossível com base em números de agora, porque às vezes é só questão de tempo. Pequenos tremores constantes podem desabar uma torre.

Enquanto Zira queimava a razão pensando em um jeito de sair dali, bateram duas vezes bem forte na porta da cela. Imaginando ser a gata desprezível número dois pronta para despejar mais sarcasmo contra ela, Zira berra: "ME DEIXA EM PAZ!"

Surpreendentemente, uma voz suave de homem responde: "Calma jovem... Eu vim aqui para te ajudar. Você ficaria feliz se eu abrisse essa porta?"

CURIOSIDADE 01: O que é uma daska? Daska é o mesmo que meretriz na linguagem materna da Zira.

CURIOSIDADE 02: O que é telecinese? A psicocinese, telecinesia ou psi-kappa descreve o suposto fenômeno ou capacidade de uma pessoa movimentar, manipular, abalar ou exercer força sobre um sistema físico sem interação física, apenas usando a mente. Essa é a capacidade número um de todos os legionários. A única diferença entre eles é o nível de concentração e força que cada um possui para dominá-la.

CURIOSIDADE 03: Você sabe o porquê algumas prisões vestirem os detentos de laranja? A cor laranja identifica com facilidade quem é prisioneiro. Também caso um preso fuja, a cor é fácil de ser observada em uma perseguição. Dizem também que o laranja motiva a boa disposição e isso ajuda no ânimo dos detentos para cumprir as suas tarefas.

Uma Noite Fatal (Light Novel Rebelião) Livro um - Ficção Cientifica e PoliticaOnde histórias criam vida. Descubra agora