Eu não comia direito.

E quando o fazia, vomitava na mesma hora.

Baixei a cabeça, meus cabelos caindo em meu rosto.

Senti um cheiro familiar, era ele.

Não ergui a cabeça quando ele entrou no quarto.

Não consegui.

Seus passos eram lentos e mesmo sem olhar, sabia que ele tinha um sorrisinho no rosto.

Ele tinha vindo ver o estrago que tinha causado em Elain?

Bom, mesmo o feitiço tendo passado para mim, eu sabia que ele ficaria satisfeito da mesma forma.

- Amy querida, devo dizer que esses três dias sem ver você foram... infernais - A voz dele, como sempre com uma leve entonação de zombaria.

Ele sempre falava assim, ou quase sempre.

É como se ele odiasse ou sentisse escárnio por qualquer coisa.

Menos quando sua voz ficava sombria.

ergui o olhar levemente, não muito, mas vi um vislumbre do macho.

Ele vestia o couro com a qual eu quase sempre o via.

Os cabelos estavam soltos, a cortina platinada caindo pelas costas e ombros dele.

Ele tinha a pose arrogante.

O macho arqueou uma sobrancelha.

- Não vai me atacar? Me esfaquear ou me xingar? - Ele estala a língua - Que decepcionante, eu já estava me acostumando com a forma que você recepciona os convidados, especialmente a mim.

- Me deixa em paz - Digo, a voz fraca.

O silêncio se prolonga por alguns segundos.

A voz dele é cautelosa.

- O que aconteceu? - Pergunta.

Sorrio, erguendo o olhar para ele.

Ele deveria rir ou usar a expressão de escárnio de novo.

Mas o que vejo me surpreende.

A expressão de Aleksander muda, primeiro, seu cenho se franze em confusão.

Mas ele inspira lentamente e congela.

- O que você fez? - diz lentamente, a voz se tornando sombria.

- Achou mesmo que eu deixaria você pôr minha família em risco sem fazer nada? - Pergunto, abrindo um sorriso.

Os olhos dele escurecem e a expressão fica sombria.

Parece que isso não o agradou, ele não parecia feliz com isso.

- O que você fez, Amélia? - É sua pergunta.

Uma risada irrompe do fundo da minha garganta, vendo a expressão de raiva dele.

O macho fecha a mão em punho e trinca a mandíbula.

Quando minha risada cessa, eu uso as minhas forças para me erguer.

Cambaleio para a frente e uso o apoio da parede para não cair de cara no chão.

Aleksander avança um passo em minha direção, como se... pudesse me segurar, os olhos levemente arregalados.

Se eu não o conhecesse, diria que ele parecia até um pouco preocupado, mas a raiva permanece.

- Por quê você fez isso!? - ele rosna.

Raiva me invade e avanço, me aproximando, usando o apoio de uma cadeira próxima, que minha mãe geralmente usava.

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